Você tem e-mail? Provavelmente sim.
Se tem, já deve ter recebido milhares deles.
Sabe quantos foram realmente enviados por pessoas de carne e osso e quantos foram enviados por softwares, programas automáticos de vendas ou robots comerciais e de mala direta on-line?
Não, eu não estou falando do fenômeno do spam.
Spam é mensagem não solicitada. Essas são também recebidas aos milhares, e em geral também são de origem automática, mas não é bem sobre elas que quero chamar sua atenção.
O que quero que perceba é que há um processo de desumanização das relações comerciais.
Você compra de uma empresa que não tem pessoas te atendendo do outro lado de um balcão, de uma linha telefônica ou de um site. Você faz transações financeiras com máquinas virtuais, quando não com máquinas reais.
Um caixa eletrônico de banco é uma espécie de robot fixo em um ponto qualquer pronto a expelir ou engolir dinheiro real, além de registrar e transmitir dinheiro virtual dele para sabe-se lá onde.
Uma máquina vende ursinhos de pelúcia, se você conseguir pegá-los com uma garra complicada e imprecisa. Outra máquina vende refrigerante. E outra ainda vende flores frescas mediante o recebimento de algumas notas não tão frescas. Por fim, uma máquina abre e fecha uma cancela na entrada de um shopping center qualquer, lhe dá boas-vindas na sua chegada e recomenda que use cinto de segurança quando vai embora.
As máquinas estão se preocupando conosco!
Quantas ligações a call centers são de fato atendidas por gente de verdade e não por gravações mecanizadas?
É espantosa a expansão deste método de se fazer negócios.
Mas, há um paradoxo nisso.
Preferimos então o atendimento humano personalizado e caloroso?
Mas, onde há este tipo de atendimento hoje em dia?
Não aqui, no nosso confuso Brasil de 2014.
Em geral, somos pessimamente atendidos em quase todos os lugares. Pessoas realmente atenciosas e educadas não são facilmente encontradas em pontos comerciais comuns. Parece que o comércio só consegue contratar jovens mal educados que não sabem sequer para quem trabalham, nem o que vendem, nem onde estão, nem que somos nós, compradores, consumidores, que pagamos seus salários mínimos. Raros são os atendentes que são realmente profissionais naquilo que são contratados para fazer.
Então, fica o paradoxo. O que você prefere: um e-mail com redação impecável enviado por um software, com um aviso de "não responder: esta é uma mensagem automática", ou um e-mail redigido por um humano, mas deselegante, cheio de erros de português, incompleto, inconclusivo e incongruente?
Quer saber?
Não prefiro nem um nem outro.
Mas, não decido nada, e como não temos muitas opções de escolha, parece que as máquinas vencerão!
Mas relaxe por enquanto: este meu texto ainda é artesanal, e tão autêntico quanto um pastel de carne, exceto que você não pode sentir cheiro algum e nem saber com quanta atenção e prazer eu o redijo e o ponho à sua disposição para que leia e tire as suas próprias conclusões.
E melhor: de graça!