segunda-feira, 31 de maio de 2004

Geral : Help me I'm a rock!

Mensagem do dia:

"Help me I'm a rock"

Frank Zappa

É isso: resolvi mudar o nome do blog de Metamorphose para Master Flow, porque, afinal, tem mais a ver com o tipo de assunto que eu ando escrevendo. E Metamorphose não tem nada a ver. Não significa nada.

Andei vendo alguns filmes no fim de semana. O primeiro deles foi no Telecine, na Net. Mothman, ou A Profecia, no Brasil, com Richard Gere.

É um filme que trata de coisas interessantes. Já havia visto o filme antes, mas, de qualquer forma, ele me fez perceber detalhes que eu não havia percebido nas outras duas vezes anteriores que eu o havia visto. Ele merece toda uma postagem à parte. Prometo que um dia falarei mais sobre esse filme e suas implicações.


Outro filme que vi foi The Day After Tomorrow, ou O Dia Depois de Amanhã. Muito bacana, com efeitos fantásticos, embora com alguns clichês inevitáveis. Alguns comentários cabem com relação ao mundo militar, ao mundo político e ao mundo científico. O aspecto militar do filme me fez ver uma segunda função estratégica para a parafernália militar do mundo. O aspecto político deixa na boca um gosto de ingenuidade primeiro mundista. A fronteira do México jamais seria fechada conforme ocorre no filme se uma eventualidade forçasse americanos a rumar em massa para o Sul. Certamente as coisas seriam politicamente bastante diferentes. E o aspecto científico, afora a obviedade da questão do tempo levado no processo, me fez aventar uma segunda hipótese para o modelo do clima, e que poderia gerar uma excelente filme também, no futuro: e se o clima não esfriasse, mas esquentasse, até 60, 70 graus Célcius em um prazo de poucas semanas? Como é que um filme assim se desenrolaria? Seria certamente bastante fascinante de se assistir. Mas tudo isto merece ser melhor comentado e desenvolvido.

Claro, sonhei também com um fabuloso grupo de helicópteros alugados por empresas de exploração geológica. Um show de design aeronáutico. Só mesmo um software 3D para mostrar o que vi enquanto dormia.

É isso.

Minha mensagem do dia:

"Sem ser atualizado, o blog é como um jornal velho que costumamos ver sobre os balcões dos açougues, exceto que não podemos embrulhar carne nele"

Rosenvaldo Simões de Souza


sábado, 29 de maio de 2004

Geral : Espaço-tempo: presente!

Mensagem do dia:

“Milhões anseiam pela imortalidade sem saber o que fazer da vida numa tarde chuvosa de domingo”

Susan Ertz


Mais uma vez: quem é Susan Ertz? Não sei. Simplesmente li a frase num velho exemplar de uma revista Seleções de Reader’s Digest. Mas a frase faz sentido.

Onde estou agora? Ou, qual meu referencial no espaço-tempo no momento em que escrevo esse texto para esse blog?

O tempo é sempre o tempo presente. Meu momento presente agora é uma madrugada relativamente fria de 29 de maio de 2004. Na medida que o presente desliza sobre o futuro e deixa o passado como rastro, esta data ficará cada vez mais antiga. Meus descendentes daqui a mil anos não serão sequer capazes de imaginar como tudo o que hoje é banal poderia ter existido e ocorrido. Mas existiu e ocorreu.

Melhor, existe agora enquanto escrevo e está ocorrendo em tempo real, enquanto digito cada letra desse texto. Sim, o tempo é mesmo relativo.

E o espaço? Onde me situo agora, neste momento? Qual meu referencial físico no espaço?

Estou sentado em uma confortável cadeira negra diante de meu micro, – um Pentium 266, uma coisa bastante ultrapassada para 2004, mas ainda muito eficiente e confiável – com um fone de ouvido, ouvindo um CD de Frank Zappa.

Uso uma camiseta velha verde escuro, bermuda preta, um relógio e um óculos na cara. Descrevendo as coisas assim, parece a descrição dos bens materiais deixados por Gandhi quando de sua morte, e que tanto admiraram o mundo pela sua frugalidade e desprendimento. Mas não é tão simples assim.

Estou no meu quarto-escritório, um cômodo de minha casa que uso para guardar meu computador e meus livros.

Minha casa fica em um bairro relativamente pobre de Goiânia. Um conjunto de casas conjugadas, novas, mas pequenas, em uma esquina resultante de duas ruas estreitas e feias, onde dezenas de crianças e adolescentes brincam a maior parte do dia. Uma quadra abaixo e um grupo de casas forma como que uma pequena favela junto ao Rio Meia Ponte, o rio principal que corta a cidade. Não é um bairro conhecido. Na verdade, ele é como um apêndice de bairros maiores e mais estruturados, mas como fica numa baixada junto a um rio, surgiu meio que marginalizado.

Moro na Vila Monticelli já a um ano e meio. Ela fica perto do Parque Agropecuário, o local onde ocorre anualmente a famosa feira agropecuária de Goiânia, um evento tido por muitos como o ponto alto do mundo agrícola do Estado de Goiás, e mesmo um dos maiores da Região Centro-Oeste e do Brasil. Mas, esquecida, logo perto do parque, fica a Vila Monticelli, onde diariamente vivo e me abrigo.

Tenho poucos amigos no atual estágio de minha vida. Pouquíssimos, a bem da verdade. Não mais que cinco. Talvez um ou dois. Nenhum deles é da Vila Monticelli. Na redondeza, conheço umas dez pessoas, incluindo o casal dono da pequena mercearia onde faço pequenas compras do dia. Creio que em termos comunitários, sou um ilustre desconhecido. Uma espécie de fantasma, visto por alguns com uma certa frequência, mas desconhecido como um fantasma. Estou conectado apenas fisicamente a essas pessoas, quer dizer, compartilhamos um mesmo bairro, mas é só. Minha vida gira em torno de outras esferas, que não a comunitária.


E onde está minha mente?

Meu corpo está sobre uma cadeira, num quarto cheio de livros, numa casa simples localizada numa esquina comum de um bairro negligenciado de uma grande cidade do Brasil, um país grande no lado oriental da América Latina, um continente, uma grande massa de terra firme na região Sul do planeta Terra, um planeta que, bem, daqui a mil anos espero que ainda saibam o que é e onde está situada a Terra.

Esta descrição resumida lembra um pouco a vida de certas pessoas que viveram num passado distante, cujas biografias nos relatam que levaram vidas ainda mais comuns do que a que achamos que costumamos levar nos nossos dias cotidianos. Muitos grandes homens do passado viveram vidas simples, sem luxo, sem amigos, sem fama e sem glória. Nenhum poder, e um reconhecimento que só veio a se consolidar por vezes séculos depois de terem morrido, e dos quais não puderam sequer cogitar, talvez mesmo nem desejar, quanto mais usufruir. A humanidade tem esse estranho comportamento: ela é relativamente cega para o presente, e de certa forma, aspira a um futuro grandioso, mas não sabe o que fazer, na verdade sequer sabem enxergar, seus grandes homens das suas chuvosas tardes dos domingos. Não sabemos o que o futuro nos revelará. Quais de nós hoje vivos serão lembrados daqui a cinco mil anos? E por quais motivos?

Não podemos saber de antemão, mas uma coisa parece certa: ninguém será lembrado por aquilo que não fez, ou que, podendo ou devendo ter feito, deixou de fazê-lo, não importando para os livros de História nenhum motivo, por mais convincente e persuasivo que seja. Seria bastante curioso lermos em algum livro de História o nome de algum personagem famoso que ficou famoso por, podendo ter sido um grande cientista e ter inventado a penicilina, não a inventou por não poder ter sido cientista, já que sua mãe morreu quando era ainda novo e teve que se adaptar à realidade de sua época sendo um humilde lavrador de terras, que morreu sem nada mais ter feito que lavrar terras. Mesmo Jesus, sendo um humilde carpinteiro, não entrou para história por ter sido um grande carpinteiro.

Quem sabe um dia possamos, de alguma forma engenhosa e inimaginável, resgatar as memórias das pessoas que já se foram e saber o que pensaram durante cada segundo de suas vidas. Neste caso, é possível que humildes desconhecidos que não entraram até então para os livros de História passem a entrar, em virtude daquilo que venhamos a saber sobre o que pensaram, mas esse conhecimento ainda está longe de ser possível.

Mas não significa que seja impossível.

Neste caso, seria bom que tomássemos mais cuidado com aquilo que pensamos. Ainda que não sejamos postos em pedestais e adorados no futuro longínquo, poderemos ser execrados como grandes vilões e perversos. Mas não estou falando sério sobre essa possibilidade. O universo talvez seja tal que jamais permita que isso venha ocorrer, para o bem e para o mal de nossos descendentes, e de nosso próprio nome. Para o bem ou mal de nosso próprio nome, porque é só isso que restará de nós, se é que um raio não apague nossas últimas informações de algum grande servidor de dados em algum órgão governamental de arquivos mortos. Então, morreremos pela terceira vez...

Minha mensagem do dia:

“Ninguém será lembrado por aquilo que não fez”

Rosenvaldo Simões de Souza


sexta-feira, 28 de maio de 2004

Geral - o que eu quero dizer com ‘geral’?

Mensagem do dia:


Muriel Rukeyser


Quem é Muriel Rukeyser? Ainda não sei, mas prometo que vou dar um jeito de saber quem é. É uma questão de educação. De qualquer forma, falaremos mais sobre o uso de mensagens de pessoas famosas e as implicações que esse costume trás.

Mas, o que significa esse ‘geral’ do título dessa postagem? Bem, explicar é a razão dessa postagem...

Nas postagens anteriores, considerei os diversos modos como um blog pode ser usado.

Pensei melhor no assunto e percebi que quero usar esse meu blog pelo menos de quatro maneiras distintas.

A primeira maneira pela qual pretendo usar esse blog é para falar coisas genéricas sobre o que penso, mas sem nenhum aspecto mais organizado. É o blog como um fórum de generalidades, ou uma coluna de um jornal dedicada a amenidades, comentários, explicações como esta, enfim, os textos escritos desta maneira serão textos de uma seção chamada Geral.

Sendo assim, isso explica o ‘geral’ do título dessa postagem.

A segunda maneira pela qual pretendo usar esse blog é como um livro de memórias. Isso mesmo, um registro on-line de minhas memórias, desde o tempo das cavernas até hoje.

Por quê?

Porque acho que minha vida é única em experiências, assim como toda vida é única, mas de que adianta se ter vivido coisas únicas se não se repartir com ninguém essa vivência? E depois, uma vez que posso usar esse blog como uma cápsula do tempo, o usarei, porque quero ficar eternizado no mundo dos bits. Quero que daqui a mil anos no futuro as pessoas possam saber quem foi Rosenvaldo. Porque, do contrário, serei esquecido, e a ideia de ser esquecido me desagrada muitíssimo. Acho o fato de ter de morrer uma droga, mas mais triste é morrer e ser esquecido. Não basta a morte física, corre-se o risco de se morrer na memória do tempo. Então, acho que esse blog pode e deve ser minha cápsula do tempo.

Tudo bem, não precisa ler nada que tenha a ver com minhas memórias. Quem sabe um dia no futuro um raio queime os servidores da UOL e ninguém tenha cópia de minhas memórias em algum HD de backup. Pronto, adeus Rosenvaldo... será minha segunda morte, a morte digital, mas tudo bem, não nos preocupemos com isso por agora...

As memórias das pessoas são vastas. Minhas memórias serão subdivididas – incrível como isso soa burocrático! – em Genealogia e terra natal, e mais cinco memórias temáticas. Depois isso será melhor explicado.

Esse blog terá também uma terceira seção chamada Agenda 99.

Por quê? E o que significa?

Essa seção tem o objetivo de – e isso também soa muito burocrático... – tem o objetivo de passar para um meio digital e público aquilo que eu já tenho registrado em minha agenda de papel que eu comprei para usar como uma agenda normal em 1999, mas que passei a usar como um caderno de registros de ideias e um monte de coisas mais, que eu acho que merecem vir a público para serem discutidas.

Claro, na medida que eu for passando os assuntos da agenda de papel para o blog, um dia eu acabarei passando toda ela, e então não terei mais porque ter essa seção. Ela terá valor apenas histórico, assim como a agenda de papel. Por falar nisso, ela, a agenda de papel de 1999, está para ficar cheia dentro em breve. Uns dias mais e ela estará completamente abarrotada de coisas. Então, tenho muito o que fazer com ela.



Mas, se ela encher, onde eu irei anotar minhas novas ideias?

Não, eu não vou comprar uma nova agenda 2005.

Claro, vou ter de anotar minhas ideias onde eu puder pôr as mãos mais rapidamente, porque ideias veem à mente em qualquer lugar, a qualquer hora, e não posso me dar ao luxo de perder uma ideia, por mais esdrúxula que ela possa vir a ser. Então, anotarei em algum pedaço de papel de pão e depois passarei para meu famoso e versátil Quadro Branco – em maiúsculas, porque ele de agora em diante passa a ser um personagem importante para o mundo, e merece ser tratado com o respeito que merece - , para que então depois eu passe a ideia a limpo para, isso mesmo, esse blog querido, mas não em qualquer lugar.

Minhas novas ideias a partir de um certo momento irão para esse blog sob o controle de uma seção chamada Ensaios. Isso mesmo: minhas ideias virão a público assim que saírem do forno. Quer dizer, assim que saírem de minha cabeça, irão primeiro para nosso amigo Quadro Branco, depois para um arquivo do Word, onde serão lapidadas, e depois virão para esse blog, para serem submetidas ao crivo do universo, para se tornarem temperadas e afiadas como floretes, ou morrerem, sob os escombros de argumentos insustentáveis e carcomidos pela falta de raciocínio organizado.

Claro, cada ensaio será tematizado devidamente, porque as ideias são muitas, e variadas, e tecerei minhas teias mentais por sobre uma vasta gama de temas, dos mais simples aos mais profundos, nem sempre, obviamente, com a mesma firmeza e convicção. Mas não importa a firmeza dos argumentos, eles virão sob o comando da seção Ensaios.

É isso, tudo explicado, exceto a ‘Mensagem do dia’, que vem em primeiro plano, depois do título, mas antes do texto propriamente dito.

Mensagens são belas.

Quando veem no começo de um texto, não importa se num livro ou num blog, elas dão um ar clássico ao que vem depois. São com aquelas letras em estilo gótico, chamadas capitulares, que aparecem na primeira palavra de todo capítulo dos livros de literatura. São aquelas letras que, extremamente ornamentadas, são como que uma espécie de suspiro que vem antes de alguém iniciar um longo discurso. As mensagens iniciais são assim. Elas têm esse poder de encantar qualquer coisa onde apareçam, desde que pertinentes ao assunto.

Vou tentar ser criativo com minhas mensagens.

Mas não se iludam. Vou colocar minhas próprias mensagens, no final, porque também me sinto no direito de contribuir com minha modesta capacidade e maestria. Se as mensagens iniciais são o suspiro no começo de um discurso, as minhas no final serão um suspiro de alívio, ou de assombro quem sabe, ou de tédio. Não importa. Elas serão o suspiro final de cada postagem. É isso.

Tentarei não fugir do tema, e se possível, parafrasearei à minha maneira a frase inicial das personalidades famosas. De qualquer forma elas, as minhas frases, virão sempre no fim. Questão de modéstia, e não de que são as últimas coisas a serem ditas. Não, elas não são considerações finais. São balões de ensaio. Talvez agradem, talvez não. Se se proliferarem, bem, senão, que não proliferem. Mas se proliferarem, que não se esqueçam de citar o autor, porque também sou carne, ossos e ego.

Nunca vi nada meu sendo citado por ninguém antes, e acho que se um dia ver uma frase minha em qualquer lugar que seja, que não tenha sido colocada por mim mesmo, mesmo que seja em paralama de caminhão, acho que me sentirei realizado. Esse prêmio eu nunca recebi antes, mas também, antes nunca escrevi nenhum tipo de frase. Então, como esperaria ser premiado ser ter apostado?

Agora, resolvi apostar...

Minha mensagem do dia:

“As histórias de nossas vidas são garantias de nossa eternidade”

Rosenvaldo Simões de Souza


O que esse blog é e o que ele não é... - parte 2

A ideia de que um blog é um diário tem a vantagem de que ele será um diário eletrônico e público, mas eu particularmente não vejo meu blog tanto como um diário. Ele pode ser um diário em termos. Não consigo conceber que eu use meu blog da mesma maneira que eu usaria um diário pessoal, daqueles de papel, aquela agendinha colorida que vem com uma folha para cada dia, e que no fim da noite, quando já estamos na cama, prontos para dormir, a pegamos de dentro de uma das gavetas do criado-mudo e filosoficamente anotamos nossas emoções durante o dia, nossos problemas não resolvidos, nossos sonhos secretos, nossos pequenos crimes que não temos coragem de contar a ninguém em carne e osso, mas que achamos que sejam dignos de serem anotados para um uso futuro qualquer. Acho que escrever diário é um saco.

Para falar a verdade eu já escrevi um diário durante um certo período de minha vida. Foi uma experiência muito estranha, mas deixarei para uma próxima oportunidade a história de meu velho diário de 1992.

Em resumo: foi maçante escrever todos os dias, embora que hoje, lendo-o, eu veja nele algo valioso e que o esforço de tê-lo escrito compensou. Mas eu jamais o poria a público na Internet. Quem sabe depois de passados alguns anos dos fatos, ou então com algumas linhas e frases censuradas, mas então ele perderia muito de sua originalidade e espontaneidade.

Mas não significa que ele não possa ser um outro tipo de diário. Pode.

Quem sabe eu não possa usar meu blog para anotar não os detalhes de meu dia-a-dia, ou meus sentimentos mais íntimos, mas possa usar para registrar meus pensamentos racionais, o fluxo de minhas ideias. Ele pode ser um diário que relate minha relação com o mundo externo. Eu posso registrar minha percepção daquilo que rola no mundo, na tv, no trabalho. Mas nesse caso, ele estaria mais para um jornal que para um diário. Mas não é que tem jornal que se julga mesmo um diário? De fato, são muito semelhantes. Mas não quero escrever um jornal. Parece-me que a Internet já está cheia demais desse tipo de assunto. A menos que eu fosse alguém extremamente importante, uma autoridade em algum assunto de interesse para o público em geral, como é o caso dos famosos da política, do jornalismo, da mídia, como Delfim Neto, Diogo Mainardi, dentre outros tantos. Não sei se teria algo a contribuir neste ramo.

A segunda ideia, a de que o blog possa ser uma página pessoal, parece em parte verdade, mas não é. Claro, um blog e uma página pessoal têm algo em comum, a saber: ambos estão em formato HTML, podem ser acessados via browser, são públicos, podem ser atualizados, aumentados, editados, etc., mas acho que uma página pessoal comporta mais liberdade de produção, mais organização em termos de uso de recursos tecnológicos, e não tem a urgência de ser constantemente atualizada como um blog. Quer dizer, um blog que não seja atualizado não representa nenhum mal em si, mas ele não desperta nenhum interesse para o público, somente para o dono. Sem ser atualizado, o blog é como um jornal velho que costumamos ver sobre os balcões dos açougues, exceto que não podemos embrulhar carne nele. Já uma página pessoal pode conter assunto mais duradouro. Ela está mais para um livro que para um jornal. Claro, dependendo do seu conteúdo, um blog pode ser mais durável em termos de interesse, e uma página pode ser mais descartável e fútil. Estariam então ambos mais para revistas semanais ou mensais que para jornais diários ou livros eternos. Mas não é bem uma revista nem um jornal que eu tenho em mente ao escrever um blog. Ao menos por enquanto, não.


A terceira ideia é a de que o blog seja um fórum, mas me parece que como um fórum o blog perde muito em agilidade para a concorrência. Há sites em que podemos criar nosso próprio fórum, que o classifica por área de interesse e é visitado por pessoas que compartilham interesses em comum. O fato de ter um dono que pode ter um certo controle sobre o que é publicado faz do blog uma ferramenta mais organizada que um fórum, onde todo mundo costuma normalmente ter bastante liberdade para publicar o que bem entender, inclusive coisas que nada têm a ver com o tema do fórum. São os famosos off-topic. Por ter um dono, o blog parece mais um livro de visitas que acompanha uma obra de arte que é exposta e serve para o público marcar presença, com a vantagem de que não se limita a receber uma assinatura e uma data. Mas permanece a ideia de que não cabe ao público ter mais destaque que o dono. O texto do dono é a arte. Quem quiser chamar mais a atenção que o dono, que crie seu próprio blog e vá se exibir por lá. Neste caso, o blog é uma espécie de vitrine para os textos do dono.

Em parte sim, todo mundo gosta de se exibir um pouco, e eu não seria exceção à regra, mas não é essa a intenção principal ao iniciar meu blog. Vejo-o mais como um fórum que uma vitrine. E gosto da ideia de ter controle daquilo que o público acrescenta a ele, porque, convenhamos, não podemos discriminar opiniões e críticas fundadas a nossas idéias e textos, mas não queremos pessoas criticando-nos na nossa própria casa, nem sermos advertidos em público de que uma palavra não se escreve com x, mas com dois esses. Gosto da ideia de um blog como um fórum.

A quarta ideia é a de que ele, o nosso querido blog, possa ser um livro que iremos compor ao longo do tempo. Um e-book escrito quase ao vivo, com aplausos eletrônicos também quase simultâneos, via comentários.

Não é bem esse o meu plano. Quem já escreveu algum livro, alguma monografia, ou qualquer outra obra escrita que demande tempo e muitas páginas e alguma organização sabe que o Word off-line é muito mais apropriado, e que escrever algo inacabado e submetê-lo à critica sem amadurecer o texto é, ao meu ver, meio masoquista e sem graça. Se quero aplausos, melhor publicar algo realmente lavrado e polido, não algo primitivo e inacabado. Não que alguém não possa querer fazer um livro assim. É apenas uma questão de gosto pessoal, e, além do mais, eu não quero escrever um livro. Já escrevi um, e sei como é. Mas a história deste livro também fica para depois.

A quinta ideia, a de que o blog possa ser um mero arquivo de textos e anotações on-line, com o objetivo de preservar dados para um futuro distante não é uma ideia tão ruim, embora um arquivo não necessite ser público e receber comentários. Se a intenção é preservar, guardar, ele pode digitar suas anotações no Word e imprimir tudo, colocar num envelope e mandar para uma caixa postal, ou guardar em um cofre, ou seja, pode guardar seus escritos e idéias em qualquer lugar que queira, como uma cápsula do tempo. Mas não deixa de ser uma ideia interessante, a de ver um blog como uma cápsula do tempo.

Então, que perfil terá meu blog?

Ele será um pouco como um diário de minhas idéias novas, um pouco como um rascunho para testar idéias para minha futura página pessoal, que prometo que irei fazer da maneira que sempre sonhei, um pouco como um fórum para discutir minhas idéias com pessoas que acho que têm algo a contribuir e discutir, um pouco como um livro, no qual escrevo textos provisórios para um livro de verdade no futuro, e por fim como uma cápsula do tempo, onde guardo para a posteridade minhas idéias em forma de bits.

Sei que ele tem forte tendência a querer ser muito menos que isso, mas sei também que ele pode se tornar algo muito mais interessante do que tudo que citei. Depende de mim. Por hora basta. Estou contente de ter escrito tanto!


O que esse blog é e o que ele não é...


Eu acho que escrever um segundo texto para esse meu blog já é um grande avanço... muitos blogs, acho, não vão além de uma dúzia de postagens por uma semana ou duas no máximo, e depois são abandonados. Eu mesmo já tive um no IG e não passou literalmente da primeira postagem. Então, por que ter outro? E afinal, o que é mesmo um blog?

Vamos por parte: por que ter um blog? Claro, a pergunta refere-se somente a mim. Todo mundo pode ter seu blog para colocar o que bem entender, mas, por que eu, Rosenvaldo, precisaria de um blog? Depende do que seja exatamente um blog, e então vamos à segunda pergunta: e afinal, o que é mesmo um blog?

Antes, para não perder a oportunidade, estou ouvindo ‘Cradle Rock’, de uma banda desconhecida chamada The Heartbreakers, que floresceu – florescer é um modo de falar que os gregos costumavam usar para se referir a pessoas que eles não sabiam exatamente quando nasceram, mas que tiveram um momento de apogeu durante suas vidas a ponto de serem lembrados – enfim, uma banda que floresceu creio eu que na Califórnia no fim dos anos 50 do século passado. Tem um estilo meio bee-bop...e a música Cradle Rock é uma baladinha excelente... quem quiser saber onde encontrar, basta procurar nos sebos um CD do Frank Zappa chamado Cucamonga...coisa rara e fina... Mas, o que é um blog?


A primeira ideia que vem é a de que ele é uma espécie de diário on-line. Um diário que o dono usa para narrar frequentemente ao mundo suas agruras e aventuras.

A segunda ideia que vem é a de que ele é uma espécie de página pessoal, exceto que muito mais fácil de fazer e não precisa saber nada de HTML.

A terceira ideia é a de que ele seja um fórum pessoal, onde o dono põe textos para os visitantes opinarem.

A quarta ideia é a de que ele seja um livro on-line, que o dono usa para ir acrescentando partes novas todos os dias, até ficar completo a seu gosto.

A quinta ideia, um pouco mais exótica, é a de que ele seja um caderno de anotações on-line, e que sirva mais como um arquivo eletrônico que o dono mantém em algum servidor em algum lugar fora de sua casa, para que suas memórias sejam preservadas para a posteridade.

Cada ideia tem seus méritos e deméritos, e eu ainda não sei o que vou fazer desse meu blog, mas esse texto já é um começo.


quinta-feira, 27 de maio de 2004

Antes que a luz se apague...

A ideia é simples: eu preciso eternizar minhas ideias, mesmo que sejam pobres, mesmo que sejam simples, mesmo que não interessem a mais ninguém. Veja cada ideia como uma semente, que lançada, pode ou não crescer.

Tenho a firme esperança de que possa pôr um pouco de ordem em uma velha agenda de 1999 que tenho usado nos últimos anos como baú de ideias, lembranças, conjecturas, sonhos e teorias. Então, tem muita coisa nessa agenda, e se ela se perder, o mundo perde com isso...


Eu pretendo, e aqui vai algo mais formal que um simples 'pretendo', eu prometo ser fiel a esse blog, e fazer ele render frutos e se transformar numa bonita, organizada e atualizada página pessoal, porque uma coisa é certa: eu escrevo muito, sempre, todos os dias, e acho que seria uma besteira não compartilhar isso com o universo... é uma questão de socialização (1)...

Vamos lá...