Li este texto onde o renomado cientista inglês James Lovelock, o criador do conceito ecológico de Gaia, da Terra como um superorganismo, nos alerta para a possível catástrofe que nos aguarda, onde 6 bilhões de pessoas morrerão nos próximos 100 anos devido ao aquecimento global.
Ele fala com a autoridade de quem?
De um senhor de 88 anos?
De um cientista muito bem informado e lastreado em uma teoria sólida e bem testada?
De mais um futurólogo dotado de liberdade para alardear catástrofes para se autopromover?
De mais um charlatão que, incapaz de dizer algo útil, prega o terror, com um amargor e um ódio digno de um vilão de filmes de meia tigela?
Há um famoso axioma no mundo das finanças que se aplica bem ao caso, e pode responder com que autoridade Lovelock tece suas considerações catastróficas. É um dentre os vários axiomas que formam aquilo que é normalmente chamado Axiomas de Zurique, e que tem servido de orientação, sem bem que nem tanto, a muitos investidores em bolsas de valores e outros mercados onde o que está em jogo é o futuro e seus possíveis resultados. Esse axioma, o quarto dos vários que compõem os Axiomas de Zurique, cai como uma luva para o caso, e diz simplesmente isso:
"O comportamento do ser humano não é previsível. Desconfie de quem afirmar que conhece uma nesga que seja do futuro."
E eu desconfio de James Lovelock, porque cem anos é um nada em termos de Terra, mas é uma eternidade em termos humanos. A Terra não é um organismo racional que toma decisões e faz planos, nem o sistema climático é um relógio perfeito e bem regulado, cuja ação a uma suposta agressão a seu equilíbrio seja necessariamente eliminar o agressor. E somos, é verdade, coisinhas insignificantes quando tomados em particular e quando comparados fisicamente à nossa temível Gaia, mas não há nada, absolutamente nada que nos impeça de fazer o diabo para fazer o clima ser da maneira que queiramos que seja, nem que para isso precisemos virar o planeta no avesso.
Basta um único vulcão vomitando cinzas por um tempo relativamente longo para sua poeira tapar o sol e trazer o frio de maneira muito mais ameaçadora do que supõe nosso ilustre Lovelock. Vulcões existem aos milhares. Vulcões são refrigeradores naturais. Nada, absolutamente nada pode impedir que eles continuem existindo e expelindo cinzas ano após ano, turbinados pelo eterno mover de placas tectônicas inabaláveis, embora que capazes de promover os maiores abalos. Isso acontece de tempos em tempos, isso é bem relatado pela ciência, isso tem servido de contraponto a surtos de aquecimento que não têm nada a ver com os seres humanos e eles continuarão a acontecer, não anualmente, mas regularmente, e várias e várias vezes em um período de cem anos.
Se for preciso, faremos explodir os vulcões. Se for preciso, faremos mais. Não morreremos como formigas assadas pelo calor, inertes diante de algo que sequer temos certeza de que irá acontecer.
Acho, no fundo, que Lovelock nos odeia, a nós, microscópicas criaturas que ameaçam, com a simples respiração, a tranquilidade de sua amada Gaia teórica.
Eis mais um caso de amor entre criatura e criador que se torna devoção, e por fim, religião.
Karl Max que o diga.