Eu, no momento em que resolvi ler Dale Carnegie e seu livro "Como evitar preocupações e começar a viver", tinha em mente duas coisas: primeiro, eu era um jovem adulto cansado de enfrentar crises de depressão, e segundo, eu acreditava que sendo disciplinado e dispondo de um bom livro com os passos a serem seguidos me permitiria acabar de vez com a depressão em minha vida.
Eu tinha problemas com depressão por uma série complexa de motivos que agora não convém detalhar. Mas vinha saído de uma experiência de ter me libertado do vício de cigarro usando exatamente este método: disciplina e um bom livro com orientações. Funcionara, e agora era a hora de enfrentar a depressão. Não achava que a depressão fosse algo mais difícil de ser vencido que o vício do fumo, no qual eu me envolvera por longos dez anos.
Com toda a disciplina possível, e já usando do conselho de Marco Aurélio, entendi que eu deveria seguir o livro de Carnegie ao pé da letra. Assim, comecei a lê-lo e a tomar notas precisas de seus conselhos.
A primeira coisa que ele faz no começo do livro é nos orientar a como agir para que possamos aprender o que ele se propõe a nos ensinar.
Ele ensina um método de aprendizagem.
Ora, eu fiz logo em seguida na minha agenda um primeiro esboço deste método de aprendizagem. Anotei porque Carnegie pede que anotemos a ideia central daquilo que lemos. Depois de ler a lista abaixo, veremos que a anotei exatamente em cumprimento ao item cinco.
Escrevi assim na minha agenda:
"Processo de aprendizagem:
1 – motivação: “...minha renda depende da aplicação desses conhecimentos...”
2 – Leia e releia novamente.
3 – Medite sobre o que está lendo.
4 – Como e quando aplicar o conhecimento.
5 – Anote a idéia central.
6 – É espantosa a rapidez com que nos esquecemos. Uma vez não basta. Releia sempre e pratique sempre. Não há outra maneira.
7 – Não faça coisas impulsivas. Recorra ao conhecimento e use-o. aplique-os em todas as ocasiões.
8 – Vigie-se contra violações de regras."
Parei, olhei o que o processo de aprendizagem dizia e resolvi colocá-lo em prática imediatamente. Eu li a primeira orientação, que nos exortava a nos motivarmos a aprender, pensando sempre que no final das contas, poderíamos ganhar dinheiro com isso. Era um bom truque, e sempre funciona, mas eu não precisava de motivação mais do que já tinha. E mais do que dinheiro, eu queria paz de espírito. Então, decidi que já estava bastante motivado e passei à segunda orientação. Li e reli novamente o próprio método de aprendizagem de Carnegie.
Resolvi que a lista acima, com oito passos, poderia ser melhor organizada. Eu a havia escrito sem respeitar a regra três. Eu não meditara o suficiente sobre o método de aprendizagem de Carnegie.
Então, depois de ler, reler e meditar sobre o método, refiz a lista, que ficou assim anotada em minha agenda:
"Processo de aprendizagem:
1 – Motive-se: sua renda depende da aplicação desses conhecimentos.
2 – Leia duas vezes cada texto.
3 – Ao ler, detenha-se para perguntar a si mesmo como e quando se pode aplicar cada uma das sugestões.
4 – Sublinhe cada idéia importante e anote a idéia central.
5 – Examine esse resumo todos os meses.
6 – Aplique esses conhecimentos em todas as ocasiões. Use esse resumo como um meio prático para resolver problemas cotidianos.
7 – Evite violar regras desse resumo.
8 – Analise todas as semanas os seus progressos. Pergunte a si mesmo que erros cometeu, que progressos fez, que lições aprendeu para o futuro.
9 – Escreva um diário que mostre como e quando você aplicou seus conhecimentos."
Agora, eu estava pronto para acabar com a depressão, munido das ferramentas de aprendizagem acima.
A coisa funcionou?
Posso afirmar categoricamente que nunca mais tive depressão.
Tive problemas sérios ao longo dos anos, e lá se foram dez longos anos desde então. Não é muito, e não posso afirmar que jamais terei depressão novamente, mas parece que a disciplina e as orientações de Carnegie são remédios se não definitivos, pelo menos duradouros contra esse problema tão terrível que aflige a nossa sociedade moderna.
Mas eu não fiquei só nesta lista.
Eu li tudo, e apliquei tudo o que pude.
E anotei tudo!
Eu parti com tudo contra a maldita depressão.