quarta-feira, 5 de setembro de 2007

A credulidade diante da palavra escrita

Sempre tive respeito pela palavra escrita. Parece que não se pode conceber a idéia de alguém mentindo descaradamente por meio de textos, como se faz nas rodas de amigos, nos bares e botecos da vida. Não há cascateiros no mundo da literatura.

Mas então, quer dizer que eu acreditava em tudo que lia? Sim, eu acreditava, até ler que não devemos acreditar em tudo o que os livros dizem.

Claro que os livros não têm a intenção de mentir, nem os autores querem nos enganar.

O que eu aprendi é que nem sempre o que é dito é verdadeiro. A razão de se dizer inverdades pode ser boa, mas mesmo uma mentira bem intencionada continua sendo uma mentira. A regra é: devemos ler quase tudo criticamente.


Claro, nem tudo precisa de crítica, mas há textos perigosos.

Um ramo perigoso é o que se reveste da aparência de verdadeiro conhecimento, mas nem sempre é. Por exemplo: os livros de auto-ajuda, os livros de psicologia, os livros de política, economia, administração, as frases de efeito e os ditados populares, os argumentos de autoridades e cientistas.

Pegue uma frase qualquer e faça a prova.

Mas então, o ceticismo passa a ser a regra. Lê-se, mas não se tem provas, nem garantias. Onde então está a verdade?


quarta-feira, 1 de agosto de 2007

A burocracia inerte, o velho e o cadáver

Fecho meu expediente hoje com uma enxurrada de textos sobre desburocratização. Bem que eu gostaria de tornar a vida mais simples, mas não dá. Há uma inércia que é da própria vida: nada muda de uma hora para outra. Leva-se anos e mais anos para as mudanças serem notadas, e somos mais parecidos com árvores que com ratos. Somos lentos e pouco adaptativos, mas ainda assim, com toda essa lerdeza, somos tão abundantes quanto os ratos! Mas quem disse que as lentas árvores também não são abundantes? Lerdeza não implica em escassez.

De manhã, tenho ouvido Bach e seus concertos para violino. Dão uma paz incrível, e fico pensando o que tinha ele na cabeça quando compunha suas obras no anonimato. Vi um velho sendo apoiado por uma moça jovem para uma caminhada matinal. Pensei no dia em que isso me ocorrerá: viverei o suficiente para poder ser apoiado? Não sei, mas mesmo um corpo frágil ainda merece um pouco de sol numa manhã fria.


Fiquei matutando durante o dia se no nosso mundo darwiniano, devemos premiar os vitoriosos ou puni-los, ajudando os perdedores. O Estado deve buscar a igualdade dos cidadãos, mas será uma missão factível?

Então, dei a mim mesmo a resposta: se eu fosse um fraco, acharia ruim ser ajudado pelo mais forte por meio do Estado? A resposta é óbvia: eu já fui ajudado...

Então, por fim, um corpo enterrado por engano no interior de São Paulo acaba como um monte de ossos dentro de um buraco escuro. Tratado como a ossada de um indigente, o corpo foi misturado a um mundo de outros ossos, e a família jamais poderá dar à ossada um lugar digno e definitivo.

A lição é clara: mesmo morto, pode-se meter-se em encrencas!


terça-feira, 31 de julho de 2007

Dia bem trabalhado

Você sabe o que é um dia bem trabalhado?

É aquele dia em que você não viu as horas passarem, envolvido com um mar de papelada, e que após muitos telefonemas e muita consulta em bancos de dados, você consegue despachar aquele calhamaço de processo que estava sobre sua mesa desde 2003, com a capa amarelada e pesando cinco quilos.

Um dia desses é memorável. Ninguém agradece, ninguém percebe, ninguém comemora, mas é um marco em sua capacidade de trabalho, uma prova de que você pode começar as coisas e que pode concluir as coisas, a despeito da burocracia interminável. Não é você que vai deixar o mundo sucumbir à modorra digna de "O Processo", de Kafka, porque você não se submete a essa filosofia, você não é complacente, nem consente com o crime nacional da incompetência. Você não admite que se construam pontes ligando o nada ao nada, e você não admite que um aeroporto de 100 milhões fique um ano parado dependendo de uma simples assinatura sua, ou de um burocrata inexpressivo e incógnito qualquer.


Não, você não permite...

Com você, cada dia é um dia bem trabalhado, mesmo sendo um mero funcionário público.

Não, você não se permite menos...


segunda-feira, 30 de julho de 2007

Comprando o tempo

Se há algo que eu valorize, é o tempo.

Mas nem sempre foi assim. Houve uma época em que eu não entendia a brevidade da vida. Pensando como penso hoje, vejo como era ingênuo, e vejo ainda como muitos bilhões de pessoas não percebem essa fatalidade: o tempo é curto, muito curto. Curto demais...

Eu tento aproveitar o tempo, mas ele é escasso. Não é que eu tenha coisas demais para fazer. Tenho, é verdade, mas mesmo as poucas coisas eleitas para serem feitas prioritariamente demandam mais tempo que o que imaginamos que tomariam antes de as escolhermos para fazer.

O dia é curto: durmo oito horas, e trabalho mais oito horas. Gasto mais uma hora no trânsito e mais uma hora nas refeições. Tomo banho e vou ao banheiro, e pronto: sobram-me quatro, cinco horas, no máximo.

Não posso dormir menos. Se tivesse como, dormiria ainda mais. Sono é qualidade de vida. Então, o segredo da vida é não trabalhar oito horas por dia. Mas como?


Uma ideia é ganhar muito dinheiro, e depois, parar de trabalhar, vivendo de renda.

Mas, qual a chance que temos de ganhar muito dinheiro e depois parar, ganhando com isso nove ou dez horas livres a mais por dia?

Não sei, mas esta questão é o centro dos meus pensamentos nos últimos tempos. Se pretendo fazer mais do que venho fazendo, preciso de tempo. Mas, antes preciso comprá-lo. Dinheiro, então, significa liberdade.

Enquanto não ganho alguns milhões e me aposento, vou vivendo com meu trabalho, roubando migalhas de tempo entre um servicinho e outro, como um rato burocrático, um pequeno sabotador do sistema, que teima em fazer mais do que deve, mas não exatamente o que lhe pedem.

Ah! Eu tenho que fazer algo que realmente compense esse pequeno crime, mas o quê?


segunda-feira, 16 de julho de 2007

Blog e filmes

Ultimamente, ando escrevendo sobre sonhos. Mas não é só: ando assistindo filmes em DVD como nunca. Também tenho ouvido muita música legal. Meu blog Sonhos Incríveis vai bem. Coloquei umas fotos que dão alguma orientação para o leitor, e acho que são sonhos legais.

Os filmes são muitos, mas mesmo os que são ruins acabam sendo bons.

Tem um deles, "Viagem Maldita", que é bem trash, com muito sangue falso e muita insanidade e sadismo, mas tem cenas muito interessantes. Pensar que os Estados Unidos fizeram 331 testes nucleares a céu aberto de 1945 a 1962, em uma média de 20 testes por ano, não deixa de ser assustador. O filme é uma crítica a isso, e as cenas do deserto do Novo México, com suas casas velhas com bonecos, suas crateras e seus carros queimados é asssustadoramente nostálgico. Acho que os anos 50 foram os anos mais imbecis do século. Claro, os anos 20 foram bem bobos, e os anos pré 1914 foram também ingenuamente românticos e vitorianos. Mas a ascensão do american way of life e suas bugigangas e seu ufanismo foi trágico. As cenas do começo do filme são estarrecedoras, embora o resto seja de doer de ruim.


Por fim, ando ouvindo trilhas sonoras clássicas. Muito bom, se pensar que comprei uma caixa com seis CDs só com músicas clássicas que foram temas de filmes por uma ninharia. Mas quem compraria esse tipo de música? Aliás, quem compraria qualquer tipo de música hoje em dia? Mesmo eu, que não sou muito ligado, acabei ganhando um MP4. É inevitável...

Por fim, resta meu micro, que não ajuda. Migrar dados de um velho Pentium 266 para um micro novo não é nada fácil. Nesta hora, acho que o MP4 será mais que útil.

E resta a questão da mega-sena. Que questão é esta?

Bem, deixa para a próxima postagem...


sexta-feira, 13 de julho de 2007

O registro público

Parece que o que não é escrito, cai no esquecimento. Então, por que não registrar sonhos incríveis?

Eu sei que sonhos são coisas muito pessoais, muito íntimas, mas também são coisas legais de serem compartilhadas. Claro que não vou colocar na Internet nenhum sonho muito íntimo, nem nada de escandaloso ou comprometedor.

Mas o que é um sonho comprometedor? Sonhar que cometo um crime, e depois confessar que sou, em sonhos, um assassino? Não, isso não é problema dos mais sérios. Se for coisa desse tipo, parece até interessante...


Eu sei que se muita gente lesse sobre meus sonhos, teria uma ideia peculiar de minha personalidade, de minha pessoa, e como há sonhos que, por serem muito pessoais, não despertam interesse em ninguém, poderão ser taxados de sonhos idiotas, sonhos bobos, sonhos sem graça e sonhos imbecis, mas tudo bem. Na verdade, ninguém lê coisa nenhuma que venha de mim, porque não faço propaganda e não sou muito regular com meus blogs, mas se lessem, eu seria certamente criticado.

Claro que os primeiros sonhos publicados no blog foram também os primeiros a serem registrados no dia em que foram sonhados, e portanto, eu não tinha muito tato na escolha do sonho. Os primeiros não são lá grande coisa, mas há, sim, sonhos muito legais. Acho que quem gosta de fantasia, exotismo, mistério, terror, ficção, futurismo, catástrofe, pânico, irá se divertir com as relatos.

Experimentem!


Ainda na ativa

Continuo vivo, e escrevendo.

Ando colocando em palavras uma série de sonhos que ando tendo nos últimos anos. Mas, para deixar a coisa pública, criei o blog "Sonhos Incríveis". Está ainda nos primeiros passos, mas já está firme.