quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Aquecendo o motor da vida

Eu disse aqui que estava em um determinado momento de minha vida no qual eu sentia estar aquecendo o motor, arrumando minhas coisas, colocando a vida em ordem, enfim, me preparando para algo que eu parecia ansioso por ver acontecer.

O termo que usei, aquecendo o motor, faz referência ao mundo dos carros, ou dos aviões, e significa exatamente isto: preparação antes de uma ação maior e mais duradoura. Aquece-se o motor de um carro para que ele possa funcionar por um longo período de tempo e leve o carro aonde seu condutor assim o deseje.

Neste sentido, quando eu disse que aquecia o motor, eu quis dizer que eu estava colocando minha vida em ordem para entrar em uma rotina produtiva, na qual eu poderia fazer o que eu sempre desejei fazer.

Colocando a vida em ordem por quê? Ela estava em desordem?

Sim, nossa vida vez por outra, a minha vida, pelo menos, vez por outra passa por mudanças que fazem com que eu tenha que sair de minha rotina de planos e sonhos. Depois de um solavanco, é preciso tempo, paciência e algum trabalho para voltar a um estado de coisas rotineiro e propenso à produtividade duradoura.

Todo mundo tem sonhos, anseios, projetos para a vida à frente, para os anos que virão, e eu provavelmente tinha os meus sonhos quando fiz a afirmação do motor aquecendo, em 2004.

O que eu queria de fato fazer?

Não sei. Nunca soube direito que rumo dar à vida.

Quando menino, nunca tive grandes sonhos, até me apaixonar por aviões e desejar ser piloto, ou mesmo astronauta. Todo garoto já pensou nisso, mas nem todos levaram seus sonhos infantis adiante. Eu pelo menos tentei, e fui razoavelmente bem-sucedido. Mas não de todo.

Depois que vi que não poderia ser astronauta, nem piloto, descobri que não queria mais ser pobre.

Mas nunca havia feito uma afirmação contundente no sentido afirmativo. Não querer ser pobre é uma afirmação negativa, no sentido de que não implica em que eu queira ser necessariamente rico. Nunca disse que queria ser rico.

Mas, em determinado momento, aprendi que isso de desejos negativos não funciona muito bem na condução de nossa vida. Era preciso desejos afirmativos, do tipo: quero ser isso, desejo aquilo, quero ganhar X.

Não sei onde errei, mas parece que não consegui ainda descobrir, ou decidir o que fazer. Claro, faço muitas coisas na vida, mas nada que me arrebate, como o sonho de ser astronauta ou piloto.

Será que a força de nossa vontade é maior quando somos adolescentes? Se for, isso é fruto de nossa juventude ou de nossa imaturidade? Acho que é um pouco de ambos.

Quando amadurecidos, já adultos, não temos mais aquela garra que tínhamos nos nossos 18 anos. Eu me canso fácil, tenho sono fácil, quero dormir na hora certa e não tenho mais disposição de ânimo para arriscar grandes aventuras. Mas, mais que isso, ainda tenho forças. Trabalho muito, penso muito, estudo muito, me preocupo muito e consigo manter as bolas no ar muito bem, no malabarismo que precisamos fazer no dia-a-dia, com os nossos deveres e problemas. Acontece que também nos tornamos mais sábios. Nem tudo convém. Nem tudo é possível de ser feito. Nem tudo dá o resultado que imaginaríamos que daria se fôssemos jovens. Somos mais cautelosos, mais sensatos, menos ambiciosos, e isso é bom. 

Quando eu disse que aquecia o motor, eu certamente fazia menção a algo que sei que devo fazer, mas ao mesmo tempo sei que não é uma coisa fácil de ser feita.

Sou administrador de empresas, mas nunca exerci a profissão tal como ela deve ser exercida, como um profissional que atua gerindo um empreendimento no nosso mundo capitalista privado. Minha experiência nesse campo da vida é limitada, e sei que as coisas nele não são fáceis. Então, aqueci o motor, mas não fui em frente.

Por que fazemos isso, de dar asas a nossas ilusões para depois nos recostar em nossas poltronas quentes e reclamar a respeito de nossos sonhos não realizados, nossas vidas não vividas, nossas grandes oportunidades perdidas?

Eu preciso de uma resposta razoável para essa questão e mais, eu preciso decidir se aqueço o motor novamente, desta vez para uma jornada real, e não meramente imaginária.

Eu preciso de respostas.

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