quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Zago: on-line!

Depois de 14 anos no limbo, enfim, consegui colocar meu pequeno e amado livro "Zago", completo, on-line.

Foi um trabalho duro, e faltou empenho de minha parte, mas agora está feito.

Eu o escrevi em 1996 diretamente no Word, mas temos tantos problemas na vida que por fim, fiquei somente com a versão em papel, que ninguém lê e nem quer saber.

Agora, aos poucos, espero que o povo tome conhecimento dele, assim como estão tomando conhecimento de "Neurônios em Fúria!" e de "Seis Poemas Singelos".

Eu bem que gostaria de escrever mais, mas é impossível.

Escrever é impossível...

Sim, meus amigos, escrever é um ato humano quase impossível.

Ah, se quiserem saber de Zago, usem o Google: procurem meu nome... Zago está no Scribd e no Bookess.

Vida longa a Zago!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Gostando de Paulo Coelho

Acabei de ver uma entrevista com Paulo Coelho, na Rede TV!, com Kenedy Alencar.

Pois bem: talvez eu até não goste de alguma coisa nos livros dele, mas gosto dele, definitivamente.

Na verdade, estou sendo injusto.

Li apenas um único livro dele, "O Alquimista", e pensando bem, não é uma história ruim. Na verdade, na época em que o li, por volta de 1996, eu não gostei principalmente do estilo literário dele, que não era assim tão rico quanto um Victor Hugo ou um Proust. Não sabia que na verdade ele não está nem aí para estilos literários. Na época, eu pensei que eu próprio poderia tranquilamente escrever o mesmo livro de uma maneira bem mais elegante. Mas pensar algo é uma coisa, e fazer algo é outra coisa, bem diferente.

A verdade é que, bem ou mal escrito, com elegância ou não, Paulo Coelho conquistou o mundo e isso é digno de todo crédito. Vendo-o, penso no grande trabalho que teve em se tornar o escritor que é em um país que lê tão pouco. Mas ele fez mais que isso: ele é lido no mundo todo. Sempre digo que se tivesse uma cesta para colocar apenas cinco ou seis brasileiros vivos e dignos de serem admirados pelos seus feitos, eu incluiria Paulo Coelho no grupo. Quem mais? Não importa agora. Paulo Coelho tem lugar certo entre os brasileiros que gosto e admiro. Claro, na cesta nem sempre é preciso entrar pessoas que eu tenha necessariamente de gostar, mas isso não importa. Gosto de Paulo Coelho.

Mas Paulo Coelho mesmo explica essa minha mudança de gosto.

Na verdade, a coisa tem mais a ver com Raul Seixas que com Paulo Coelho.

Todo mundo que gosta de rock e viveu sua adolescência na década de 80 sabe que Raul Seixas foi um cara controverso. Mas não sei se toda essa legião de ex-adolescentes sabia na época que Raul Seixas, um cara já consagrado nos anos 70, tinha como parceiro de letras o nosso querido Paulo Coelho.

Então, eu tinha uma certa antipatia por Raul Seixas e seus fãs, mas o que me irritava mesmo eram as letras de Paulo Coelho, que eu não sabia na época que eram de Paulo Coelho.

Quando Paulo Coelho surgiu como escritor de romances de ficção de cunho espiritual, eu estava em outras praias, aprendendo a escrever minhas próprias coisas. Desdenhei sua maneira simples de escrever.

Agora, admiro-o, o homem, embora admito que nunca mais li nada dele além de "O Alquimista".

Mas ele, o homem, também mudou. Falando sobre drogas nesta mesma entrevista, foi de uma honestidade transparente. E me surpreendeu ao afirmar que nas atuais condições, era contra a liberação de drogas como a cocaína. Ele julgou-se tendo opiniões caretas. Ora, meu caro Paulo Coelho, não há nada de errado em ser careta. Não é que sejas careta: é que és uma metamorfose ambulante.

Se é assim, então sou também essa metamorfose ambulante. Talvez eu leia seus livros, talvez não. Temos interesses comuns. Embora que sejamos de lugares e de gerações diferentes. Também adoro escrever. Amo os livros. Admiro a sinceridade e acredito em quase tudo o que não posso ver, do Aleph ao Cristo. Há verdades que não carecem de provas. E se me pareceu em algum momento que falavas de algo diferente em uma língua diferente, foi leve engano, perdoável aos jovens, naturalmente arrogantes. Falamos na mesma língua e sobre os mesmos signos, apenas isso. As coisas tendem a convergir para um centro onde tudo faz sentido.

Assim, desejo vida longa e sucesso a esse bravo, que armado apenas de sua enorme força de vontade e muito trabalho, conseguiu provar a ele mesmo que pode fazer a chuva cair sobre o deserto.

E já não havia antes alguém que dissera que a fé poderia mover montanhas?

Eu prefiro ser... eu prefiro... eu escolho... eu decido... gostar de Paulo Coelho!

Agora, fé!

domingo, 29 de agosto de 2010

O processo de aprendizagem

Esta foi a décima e última postagem do blog Defenda-se!

Em tempo: o contador nunca passou de algumas dezenas de visitas, todas minhas, e nunca ninguém postou nenhum comentário.

24/04/2008

O processo de aprendizagem

Viver com segurança implica em aprender certos hábitos e desaprender outros.

O processo de aprendizagem em segurança é possível ou viável?

Sim, o processo é possível. Podemos aprender regras e procedimentos de segurança assim como aprendemos uma série de outras coisas. Pode ser um pouco lento para alguns, ou mesmo difícil para outros, mas não há nada no processo em si que o torne diferente de outro processo de aprendizagem qualquer.

O processo de aprendizagem em matéria de segurança é viável?

Ele é viável somente na medida em que tenha sido codificado. Quer dizer, como qualquer processo de aprendizagem, uma regra ou procedimento de segurança deve ser estudado e organizado no sentido de atender os princípios básicos de aprendizagem.

É neste aspecto que a cultura moderna falha dolorosamente.

Pense nos computadores e no quão difícil é operá-los para alguém que jamais se aproximou de um deles. No entanto, parece banal para usuários experientes. A diferença entre um leigo e um usuário experiente é simplesmente que o usuário experiente passou por um processo de aprendizagem que o tornou apto a entender o uso de um computador.

O mesmo se dá com qualquer tipo de conhecimento.

Em termos de segurança, talvez as pessoas mais bem preparadas para usar procedimentos de segurança sejam as pessoas que trabalham com a hipótese de violência. São os policiais militares e civis, os militares das forças armadas, os guarda-costas particulares, os policiais federais, os seguranças bancários, os vigilantes noturnos, empregados de empresas de transportes de valores, bombeiros, dentre outros.

Esses profissionais são treinados para serem aptos a adotar procedimentos de segurança efetivos, além de usarem armas e equipamentos de segurança, mas de início, são pessoas que nada sabem sobre o assunto até receber o treinamento adequado.

Que treinamento é esse?

Na verdade, não é um único treinamento, mas um conjunto deles.

Então, o que esses profissionais aprendem que os tornam de fato profissionais, e não amadores com fardas, cacetetes e pistolas?

O que eles aprendem que nós, cidadãos comuns, podemos também aprender?

O que eles podem nos ensinar?

Quem pode nos ensinar?

É viável um processo de aprendizagem em massa que torne as pessoas tão familiarizadas com segurança que realmente o processo venha fazer alguma diferença em termos de qualidade de vida de seus usuários?

São perguntas importantes e que merecem uma resposta adequada.

Escrito por Rosenvaldo Simões de Souza às 13h57

O círculo de proteção recíproca

Esta foi a nona postagem do blog Defenda-se!:

23/04/2008

O círculo de proteção recíproca

Seria muito bom se pudéssemos nos limitar a cuidar de nossa própria segurança individual. Essa por si só já não é uma tarefa fácil.

Mas na vida real, temos que cuidar de mais gente além de nós. Além de termos de nos manter alertas contra todo tipo de perigo, ainda temos de olhar pelos outros.

Podemos negar essa verdade?

Podemos.

Mas é uma atitude correta? Cada um por si e Deus que olhe pelos demais?

Não. Simplesmente não podemos.

Vivemos em comunidade e a tarefa de vigilância é uma tarefa de mão dupla. Olhamos por nós e pelos que nos rodeiam e as pessoas que nos rodeiam olham por elas e por nós, mesmo que não percebamos esse tipo de vigilância.

O egoísmo em matéria de segurança é um problema sério e deve ser combatido com muita severidade e empenho. É uma herança cultural que precisa ser desaprendida.

Não é apenas uma questão de cuidar dos mais fracos. Não é apenas uma questão de proteger mulheres, idosos e crianças. O conceito de círculo de proteção vai além disso.

Olhamos por nós, mas ao estarmos em estado de alerta, observamos possibilidades de risco envolvendo outras pessoas. Essas outras pessoas em geral são pessoas do nosso meio. São familiares, vizinhos, colegas de trabalho. Mas sem perceber, fazemos mais que simplesmente proteger gente conhecida.

Uma pessoa alerta pode proteger uma pessoa desconhecida e pode por sua vez ser protegido por alguém que não o conheça.

O conceito de círculo de proteção recíproca envolve um amadurecimento de nossa personalidade egoísta e individualista. Temos uma certa tendência natural de achar que não podemos mudar o mundo e por isso, não agimos quando podemos agir.

Vencer a barreira do individualismo em matéria de segurança é um passo fundamental na melhoria da qualidade de vida nossa e das pessoas que nos rodeiam. Se bem aplicado, o conceito pode mesmo melhorar a qualidade da segurança de pessoas que jamais tornaremos a encontrar pelos restos de nossas vidas.

Quem não conhece pelo menos uma única história de um herói anônimo que aparece do nada e nos avisa para que tomemos cuidado, para ficarmos alertas, orientando-nos para que evitemos certo lugar, ou que tomemos certa providência, ou que nos protejamos de algum risco?

Nós podemos ser o herói desconhecido para alguém que, por um momento de distração, possa estar em perigo.

Podemos escolher, no entanto, a covardia e a omissão, o egoísmo e a preguiça.

O que você escolhe?

Escrito por Rosenvaldo Simões de Souza às 20h29

Regras e mais regras

Esta foi a oitava postagem do blog Defenda-se!:

22/04/2008

Regras e mais regras

É verdade que já vivemos em uma sociedade em que há regras demais. Consulte um advogado e ficará sabendo que há milhões de artigos legais proibindo ou permitindo quase tudo. Fora isso, temos ainda regras sociais e regras no trabalho, regras em casa e nas instituições. Simplesmente não se vive sem regras.

Regras implicam em aprendizado. Não se pode falar em regras sem a devida aplicação das mesmas. Elas existem para serem cumpridas. Logo, se não as cumprimos, temos de aprender a cumpri-las. O não cumprimento normalmente implica em pena.

Uma regra de segurança é algo sutil e quase que transparente. Desobedece-las implica em algo quase que prazeroso, porque ao desobedece-las, nos livramos do fardo que é respeita-las dia após dia, hora após hora, minuto após minuto. No entanto, não devemos nos esquecer que elas são implacáveis com que as negligencia.

Uma regra de segurança, uma regra de sobrevivência, não exige uma lei escrita para se fazer cumprir. Ninguém está proibido de circular pela madrugada por um bairro perigoso usando jóias caras e muito dinheiro no bolso. Mas quase todos sabem dos riscos. Descumpra uma regra de segurança e as chances de se sair punido pelo erro é muito grande.

Por serem duras, as punições são naturalmente educativas. Uma pessoa que negligencia uma regra de segurança e sofre algum tipo de problema por essa negligência estará passando por uma experiência quase sempre dolorosa, violenta, traumática e assustadora. Essa experiência servirá de aprendizado. Uma pessoa normal que aprender uma lição por esse método dificilmente cometerá um segundo erro.

Esse não é um método muito recomendado, temos de admitir.

Se as regras de segurança são mesmo implacáveis, segui-las implica em um constante monitoramento. Esse estado de constante atenção gera inevitavelmente um nível elevado de estresse. Não há dúvida: grande parte do caos moderno se deve a esse elevado nível de estresse oriundo do constante estado de alerta no qual as pessoas vivem. Sobreviver em um grande centro urbano não é uma tarefa fácil. Daí que as pessoas que vivem em cidades são nitidamente mais estressadas e nervosas que as que vivem em locais calmos e pouco violentos.

Vivemos então um dilema: se observamos as regras de segurança, vivemos estressados. Se não as observamos, mais cedo ou mais tarde seremos vítimas de acidentes, violência, agressão ou crimes. A condição de vítima acabará gerando uma explosão de estresse e o trauma de um acontecimento ruim levará qualquer um a uma situação de quase paranóia, na busca de não sofrer novamente um outro acontecimento ruim.

Mas não há dúvida. O estresse de se observar regras é muitíssimo menor que o estresse de se juntar os cacos depois de ser vitimado por uma experiência ruim. Então, só nos resta nos conformarmos com essa realidade e fazer da tarefa de se observar regras de segurança uma experiência a menos estressante possível.

Mas como?

A resposta está na aprendizagem.

Por ora, é o suficiente que saibamos que uma regra bem aprendida é uma regra mais fácil de ser seguida.

Se por acaso não concorda com esse entendimento, converse com uma pessoa qualquer que foi vítima de qualquer tipo de violência, seja acidental ou criminosa. Pergunte do trauma e do tempo que a pessoa levou para superar a crise, se é que a superou.

Aprender pela dor sempre será a pior forma de aprendizado.

Escrito por Rosenvaldo Simões de Souza às 16h51