quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ideias pobres

Eu disse no meu primeiro post deste blog que o usaria para divulgar minhas ideias, mesmo que elas fossem pobres.

O que é uma ideia pobre?

Não é uma pergunta comum, com uma única resposta, mas se tenho de respondê-la, diria primeiramente que uma ideia pobre é uma ideia que não possui lógica, isto é, sua estrutura interna é falha.

Um outro modo de uma ideia ser pobre é ela ser logicamente coerente, mas, por um motivo ou outro, ser menos interessante. Seria um tipo de ideia que, comparada a outras, poderia ser descartada, por ser a menos produtiva, ou menos benéfica, ou inferior a outras com base em algum critério.

Uma ideia pode ainda ser pobre se, mesmo sozinha, ela mostra-se de difícil execução. Ela parece boa, mas não podemos executá-la. É utópica, sonhadora, irrealizável.

E por fim, e este é o motivo principal deste tópico, vislumbro uma última, mas não menos comum e importante, razão para que uma ideia seja julgada pobre. Ela é julgada pobre não em virtude de si mesma, de sua coerência lógica, sua praticabilidade ou em relação a outras melhores, mas porque é mal apresentada, mal divulgada, seu criador ou divulgador é falho em fazê-la aceita.

Neste caso, é um julgamento injusto, mas ainda assim, um julgamento efetivo. Um julgamento assim tem o poder real de matar uma ideia boa.

Não é exatamente que a ideia em si seja pobre, mas é que ela não tem o apoio necessário para se fazer aceita pelas pessoas.

Quando digo que minhas ideias podem ser pobres, este é um julgamento meu. E pobre, neste contexto, quer dizer que, ainda que uma minha ideia seja coerente logicamente, seja factível e seja melhor que outras semelhantes, ainda assim ela será pobremente defendida.

Digo isso porque este blog não é um blog militante. Ele não tem por objetivo promover minhas ideias. Ele não é um blog panfletário. Eu não quero convencer ninguém. Quero apenas registrar, mais para mim mesmo que para algum possível leitor, aquilo em que pensei.

Não acredito muito na eficácia do poder das ideias. Não acredito muito que palavras possam convencer pessoas. Acho que palavras em geral têm muito pouco poder de convencimento. Tenho certeza que minha capacidade de fazer amigos e influenciar pessoas é nula. Sou fraco nisto e além do mais, as pessoas são teimosas e a concorrência por corações e mentes nos dias de hoje é duríssima.

Não quero convencer nem salvar. Quero apenas registrar, e somente isto.

Afinal, não vivemos em uma era de luzes e isto é apenas um blog. 

Ele não é minha maior contribuição para o mundo, nem um meio de divulgar minha contribuição ao mundo.

Nem sei como as pessoas podem contribuir para o mundo. Há muitas ideias e pouca ação.

O mundo, afinal, está cheio de ideias pobres.

sábado, 22 de setembro de 2012

Violência e silêncio

Fui acordado na manhã deste sábado por uma ligação de minha família, que raramente liga, buscando saber se eu estava em casa. O motivo era simples: mais um trote por telefone, destes em que um bandido, provavelmente de algum presídio, liga aleatoriamente para alguém e afirma ter um parente sob sequestro.

Como não foi a primeira vez que isto aconteceu na casa de minha mãe. Ela resolveu ligar somente para ter certeza de que era mesmo um trote, porque, afinal, os sequestros reais não são raros. Pelo contrário, ocorrem cada dia mais e não seria surpresa se fosse uma ligação vinda de um sequestrador de verdade.

Um dia desses eu postei uma série de artigos sobre segurança pessoal. Eram restos de um blog que eu nem lembrava mais o endereço na internet. Só consegui recuperar o link para o blog, que não existe mais, porque o Google registra tudo. Numa consulta, descobri que meu site Metamorphose velho e deletado pelo UOL tinha um link para o Defenda-se!, que por sua vez também não existe mais, deletado por mim mesmo, num gesto de cuidado para com possíveis leitores, já que não sou especialista em segurança nem em pesquisas sobre causas de violência social.

Pois bem, as postagens de Defenda-se! foram publicadas por mim no Scribd e, a despeito de eu não ter  me aprofundado muito no tema, pensei que poderia interessar a alguém. Na verdade, percebi que não. Como faço regularmente uma medição do número de visitas que meus textos no Scribd recebem, notei que o meu pequeno texto sobre segurança não interessou a quase ninguém.

Nosso país vive uma situação próxima de uma guerra civil. A despeito de alguns indicadores apontarem melhorias sociais relativas, a questão da segurança pública e segurança em geral vai ladeira abaixo.

Por isso, embora eu não escreva mais um blog sobre segurança, quero lembrar que o assunto é muito sério. É nosso dever como cidadãos de um país que se propõe ser um país civilizado tentar combater a violência que nos assola. Não acredito muito em melhoras a curto prazo, mas acho que cruzar os braços é covardia e rendição a uma situação que de forma alguma é definitiva.

Eu acho que é possível viver em um país em que as mães não tenham de ligar desesperadas de tempos em tempos para seus filhos perguntando se eles estão bem ou se estão mesmo sequestrados.

A violência é fruto da cultura de nosso país. Uma cultura doente e destrutiva.

Será que ainda não deram um jeito nesses malditos presídios e seus celulares clandestinos?

Chego à conclusão de que bandido preso com celular é o mesmo que bandido livre. E, pior, cidadão honesto refém de bandido é cidadão preso. Estamos presos entre grades em janelas, e agora, presos pelo medo de uma ligação telefônica.

Eles são tão poderosos e numerosos assim?

Por que pessoas honestas, mas silenciosas, abaixam as cabeças e entram em suas casas como aquele povo que um dia entrou em vagões de carga para nunca mais voltarem?

Quem cala, consente? Quem abaixa a cabeça, rende-se? Mas quem não pula do vagão, que esperança pode ter?

O que você ganha, se entregando ao seu algoz?

Por que você simplesmente não reage?

O prêmio pelo seu medo é a sua própria morte.

Reaja!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Realizações pessoais

Eu disse aqui que este blog busca registrar minhas ideias. Também disse aqui que ideias podem abalar impérios. Mas o que eu ainda não disse, e não disse porque não havia pensado nisto antes, é que uma pessoa não realiza-se somente pela criação, expressão e difusão de suas ideias ao resto do mundo.

Sim, ideias são grandes realizações e grandes homens são famosos por suas grandes ideias, mas o que quero dizer é que a vida não se resume a ter grandes ideias. Além do mais, grandes ideias são raras. Não podemos ser todos grandes pensadores. Devemos pensar sempre, mas o muito pensar não implica necessariamente na geração de grandes ideias. Podemos pensar e esses pensamentos podem dar em nada. 

Nem por isso os não pensadores, ou os pensadores de poucos resultados deixam de ter seu valor.

As pessoas se realizam de diferentes maneiras.

Pessoas realizam-se dedicando-se àquilo que gostam, e isso pode incluir quase tudo. Qualquer coisa que pode ser alvo do interesse de um ser humano pode ser também objeto de dedicação e realização pessoal. O mundo pode não ver o mesmo valor para todas as atividades de todos os seres humanos, mas isto não significa que uma pessoa não possa se realizar fazendo com dedicação e prazer aquilo que gosta.

O que eu já fiz que tenha sido motivo de alguma dedicação e prazer?

Certamente não passei meus 42 anos de vida fazendo somente aquilo que a vida me obrigou a fazer. 

De que maneira eu consumi até agora esse imenso volume de tempo?

Trabalhando para ganhar a vida? Estudando? Vendo televisão?

Tudo isso são atividades que fazemos o tempo todo. 

Eu sinto que aquilo que fiz é motivo para me sentir realizado? Quer dizer, se eu fizesse um resumo de, digamos, todas as horas que passei vendo televisão, poderia ler esse resumo e concluir que sinto que a decisão de usar este tempo todo é de fato uma realização pessoal que me enche de orgulho?

Dizendo de outra maneira: será que eu poderia ter usado meu tempo de outra maneira?

Mas, será que eu conseguiria?

A realização pessoal é um critério que podemos usar para avaliarmos se estamos vivendo conforme esperamos ou não?

Talvez sim, talvez não. O que dizer daqueles que não dispõem de tantas opções, e que têm o dever consumindo suas vidas, mesmo que o façam a contragosto? 

Os escravos que construíram as pirâmides no Egito Antigo, por exemplo, ainda que tenham vivido cumprindo seus deveres forçados contra suas vontades, e pessoalmente, se pudessem, não tomariam parte daquela empreitada, ainda assim tiveram suas vidas imortalizadas nas milhares, milhões de pedras perfeitamente alinhadas para a posteridade. Realizaram-se, ainda que a contragosto. Consumiram-se em um projeto mais longo que suas breves e sofridas vidas.

Então, concluo, nos realizamos fazendo o que gostamos, mas mesmo que tenhamos limitadas possibilidades, ainda assim podemos nos realizar fazendo parte de uma grande obra humana, uma grande realização, ou, por fim, não fazendo grandes coisas, mas cumprindo nosso dever com responsabilidade e dedicação.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Auto-ajuda: críticas

Eu disse aqui que gosto de livros em geral, dentre eles, os livros de auto-ajuda.

Os livros de auto-ajuda, no entanto, são muito criticados. 

Mas acho que as críticas são bastante frágeis e mais atrapalham do que ajudam as pessoas em geral. Um dos argumentos usados contra a auto-ajuda é que ela não funciona, ou, se funciona, funciona somente para os autores dos livros, que vendem milhares de exemplares e ficam ricos vendendo ilusões.

Claro que essa percepção de que livros de auto-ajuda vendem muito e seus autores ficam ricos é uma percepção ilusória. As coisas não são realmente desta maneira. Mas, independentemente das razões deste engano, as pessoas vivem usando este argumento para depreciar os livros de auto-ajuda.

Uma outra crítica muito séria é a de que os livros de auto-ajuda são legais, mas só que não funcionam. Esta é uma crítica dura, porque supõe-se que quem faz a crítica sabe do que está falando. O que, convenhamos, nem sempre é o caso. Em geral, auto-ajuda implica em auto-disciplina, e em geral não é fácil obter qualquer tipo de ganho por si próprio sem o investimento de algum esforço pessoal nas propostas sugeridas pelos autores dos livros de auto-ajuda.

Agora, a crítica mais esnobe, e bobinha, é a que vi como o nome de uma comunidade no Orkut um dia desses, e que uma hora ou outra eu vou dar uma olhada mais próxima. A comunidade chama-se: Auto-ajuda não é Psicologia!.

Espere: não estou criticando as pessoas que participam desta comunidade nem seus criadores. Estou criticando a ideia de que a Psicologia trata de um assunto e auto-ajuda trata de outro. Ora, se auto-ajuda não é uma parte da Psicologia, é o que então? Química? Biologia? Filosofia? Literatura? Ficção?

Alguns dirão que muitos livros sobre auto-ajuda na verdade são bobagens que não funcionam e se fazem passar por Psicologia. O que eles querem dizer é algo como: "Paulo Coelho escreve auto-ajuda sem ser especialista em Psicologia; logo, ele escreve auto-ajuda, não Psicologia."

Certo. E eu digo que Paulo Coelho não escreve auto-ajuda. Ele escreve romances.

Nem tudo que se diz auto-ajuda é auto-ajuda. Por outro lado, se é de fato auto-ajuda, então, é também Psicologia.

Não é que auto-ajuda não seja Psicologia. Ela é. É que muita literatura que se diz auto-ajuda não o é de fato.  Não é o caso de expulsar a auto-ajuda do seio da Psicologia, mas sim o de dar a classificação certa aos  conteúdos dos livros. 

Mas, por quê, afinal, preocupar-se com a defesa da auto-ajuda?

Porque os verdadeiros livros de auto-ajuda levam necessariamente ao interesse pela Psicologia e seu conteúdo. Quem quer ajudar-se acaba, mais cedo ou mais tarde, percebendo que precisa de ferramentas que somente a Psicologia, e não a Literatura ou a Filosofia, pode proporcionar.

E por que penso assim? 

Porque já passei pela experiência de ter livros de auto-ajuda como apoio e eles me levaram a questionamentos cujas respostas estavam na...Física de Partículas? Não. Na leitura de Platão? Não. Na leitura de Paulo Coelho? Também não.

A pergunta que faço agora é: por que as pessoas são atraídas pelos livros de auto-ajuda?

Esta é uma questão que responderei em um próximo momento. Por enquanto, gostaria de deixar claro que auto-ajuda tem sido motivo de críticas, mas no mais das vezes, as críticas tem sido levianas e superficiais.

Discutir auto-ajuda sob um novo patamar pode ser útil tanto para os leitores quanto para psicólogos, e porque não, para os escritores de livros.

Então, por que as pessoas são atraídas pelos livros de auto-ajuda?

Fim do UOL Sites

Depois de longos anos hospedando gratuitamente milhares de sites de seus mais antigos usuários, hoje - 17/09/2012, o UOL encerrou o serviço. Eu, que tinha três humildes sites, com bobagens pessoais, estou me sentindo como um alguém que perde três pequenos animaizinhos de estimação.

Agora, só pagando R$ 12,00 por mês no UOL Host.


O Metamorphose esteve no ar de 19/08/2001 até hoje. Morreu com 1054 visitas. Os outros dois eu nem sei quantas visitas receberam. Provavelmente algo entre 100 e 150 visitas. É pouco, eu sei, mas não importa. Eram meus sites.

Adeus, minhas crias.

Ah!, já ia esquecendo...

Muito obrigado, UOL!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Este blog não pode parar

E ele não parará. 

Apesar de estar a mais de um mês sem postar neste blog, isso não significa que eu não tenha pensado nele. Tenho pensado muito.

Eu tenho alguns textos sobre auto-ajuda para serem publicados, em continuação aos que eu já andei publicando, mas acho que só postar textos sobre auto-ajuda e Og Mandino é meio cansativo. Por isso, irei intercalando textos sobre diferentes assuntos.

Olhando em minha intranet pessoal, eu acabei achando mais coisas sobre auto-ajuda.

Mas afinal, o que eu quero com auto-ajuda? Por que se preocupar tanto com auto-ajuda?

Mas, quem disse que eu me interesso só por auto-ajuda?

Esse blog tem sido palco para textos simples sobre vários assuntos, mas eu nem comecei a arranhar a casca da cebola que é o meu mundo de interesses.

Por exemplo: eu poderia falar sobre... informática.

Mas, eu poderia também falar sobre meu passado.

E eu poderia falar sobre o passado dos meus interesses.

Algo como: qual foi a primeira coisa que me interessou quando eu era criança?

O que não me interessa mais?

Por que gostamos de certas coisas e não de outras?

É certo que sempre gostamos de algumas ou muitas coisas, e acho que por isso este blog não irá parar por falta de assunto.

Prometo a mim mesmo ser mais assíduo com meu blog.

Este velho blog, que não pode parar.