terça-feira, 19 de junho de 2012

Quer uma causa justa?

A democracia permite quase tudo, mas nem tudo convém. Aos rebeldes sem causa, guerrilheiros de controle remoto, maconheiros desocupados, que marcham em grupinhos pedindo um direito inconveniente, porque não se juntar a uma causa justa e marchar pela proteção de um juiz ameaçado de morte pelo crime organizado que vocês mesmos alimentam?

Vocês estão a soldo de quem?

Acordem, maconheiros!

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O riacho que corre...

Eu disse aqui que precisamos compreender nosso passado. E disse aqui que precisamos saber o que queremos para nosso futuro. Eu disse que nós vivemos e morremos no tempo.

Penso que interpretar o que seja a vida depende muito de nossos referenciais interiores. Em um país como o nosso, com nosso idolatrado, endeusado Airton Senna como símbolo máximo de sucesso pessoal, muita gente encara a vida como uma corrida de carros, onde vence aquele que chega primeiro, e que cada milésimo de segundo conta para o resultado final. Penso que isso explica em grande parte a nossa violência no trânsito, a nossa pressa imbecil partindo do nada para o lugar nenhum. Como é patético todo esse esforço de se querer impor mitos absolutos como exemplos perfeitos a serem seguidos por toda uma sociedade! Eu simplesmente não aceito este bezerro de ouro.

Há pessoas que encaram a vida como um processo de desbravamento de uma terra hostil, inóspita, e sem mapas. Caminha-se no escuro, como em um eterno nevoeiro, e cada passo pode, para os medrosos, levar a um abismo, ou pode, para os corajosos, levar ao tesouro a tanto tão procurado. A sensação de nada ver diante de si é uma maneira válida, mas não sei se a mais correta.

Há ainda os que encaram a vida como uma festa que o universo preparou para si próprios. E há tantas formas de se encarar a vida que é inútil tentar enumerar mesmo uma pequena parcela delas. 

Como eu vejo esse processo de se viver cronologicamente, no tempo?

Temos um passado, temos um presente e temos um futuro. Sabemos que viemos de algum lugar, e sabemos que iremos para algum lugar. Sabemos que todos nasceram um dia, e sabemos que todos morreremos um dia. Então, temos um começo e um fim. 

Mas não creio que apostemos corridas contra ninguém. Nem acredito que no final do nevoeiro haja alguma luz, ou um abismo, ou um baú de jóias perdidas. Simplesmente caminhamos. E não acredito também que tenhamos tanto controle assim sobre nossas vidas. Somos limitados quanto à nossa capacidade de decidir sobre nosso futuro, assim como nada podemos decidir sobre nosso passado.

Pensei, e vi nos rios a melhor metáfora para o viver. 

Rios não concorrem entre si. Eles se somam.

Rios não escolhem nascer. Eles brotam da rochas depois de cada chuva, e seguem em frente. E como chove!

Rios não são eternos. Mesmo o maior deles acaba em determinado momento juntando-se ao mar.

E os rios não se importam com obstáculos. Eles por vezes se estreitam, se interrompem, mas formam lagoas, represas, lagos, que não podem ser detidos. A força invencível da gravidade é tal que basta uma fresta, e o rio volta a correr. Não há barreira que possa contra essa força.

Mas os rios fluem, e escolhem seus caminhos, apesar de tudo. Um rio não pensa, mas há inteligência na forma como procura, entre as montanhas, o vale mais adequado. 

E por fim, os rios fertilizam as terras por onde passam. Rios são vida.

Então, não fui, não sou e não quero ser mais um discípulo de quem quer que seja. Todo rio é único.

Que eu seja um riacho. Sem pressa, devagar. Rumo ao mar.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Uma boa razão para não gostar de funk

Já fui adolescente. E na minha adolescência, já havia o funk! Não sou tão velho assim.

Mas a mídia, o marketing televisivo naquela época, não precisava apelar tanto para mulheres peladas e coisas afins. Bastava um pouco de elegância para nos convencer de que algo poderia ter o benefício de nossa dúvida.

Em um desses comerciais, algo me marcou. O comercial era este:


Então, eu, com 17 anos, despertei-me para a beleza da música clássica.

Algum tempo depois, ganhei de uma prima de minha mãe quatro fitas cassetes velhas. Ela disse que duas prestavam, mas duas não, e que eu poderia regravá-las. Nas que ela dizia que prestavam estavam gravações de trechos do Novo Testamento. As que ela dizia que não prestavam eu as tenho até hoje, e as guardo com muito carinho. Assim que coloquei a primeira delas para rodar, ouvi:


Bem, nem precisa falar o resultado: as duas fitas com trechos da Bíblia, que eu conhecia, eu as regravei com rock pesado. Fiz exatamente o contrário do recomendado pela prima de minha mãe. E agradeço-a muito pela generosidade de ter-me dado as benditas fitas com músicas clássicas.

Assim, não houve jeito de o funk concorrer com Mozart. E considero isso uma benção!

sábado, 9 de junho de 2012

Descolados


Se você é da turma dos descolados, que vive em função de militar em favor apenas de seus direitos, saiba que eu sou da turma dos caretas, que gosta, e precisa, cumprir com os muitos deveres de se viver em sociedade.

Eu sei que você é barulhento e pensa que nós, caretas, tolos pagadores de impostos, somos todos um bando de otários, viciados em trabalho, cheios de dinheiro e que não sabemos bem o que fazer com ele. Você pensa que é mais esperto que nós, e por se achar mais jovem, porque grita mais alto, por se achar mais forte, ou mais bonito, ou bonita, mais agressivo, mais sexy, ou por andar protegido no meio de um bando igual a você, será capaz de tomar o que não produziu, e que não lhe pertence. Mas você não vai ganhar no grito. Pense nisso:

Você gosta de preservar seus direitos: nós gostamos de cumprir com nossos deveres.

Você gosta de se expressar: nós limpamos as pichações suas em nossos muros e casas.

Você gosta de manifestações: nós pagamos os consertos dos prédios públicos depredados.

Você gosta de baladas: nós pagamos as blitz nas madrugadas, tentando te proteger de si mesmo e de seus amigos.

Você gosta de dirigir perigosamente: nós pagamos seus dias de UTI depois que você arrebenta a cara.

Você gosta de tomar todas: nós pagamos os custos do tratamento de alcoolismo.

Você é irado: nós pagamos os pontos na cara de sua namorada, e Maria da Penha em você!

Você gosta de fumar: nós pagamos seu tratamento de câncer de pulmão e boca, enfisemas e afins.

Você gosta de drogas ilegais: nós pagamos a clínica e a polícia.

Você andaria nu, se pudesse: nós rimos, porque, afinal, o que é um biquini, que não é proibido?

Você gosta de promiscuidade sexual: nós pagamos a maternidade, bolsa-família e tratamento para HPV e AIDS.

Você não gosta de estudar: nós pagamos o seu salário-mínimo, que talvez você não mereça.

Você não gosta de seu patrão: nós pagamos o seu seguro-desemprego.

Você prefere trabalhar na informalidade, sem patrões: nós pagamos mais impostos para cobrir a sua sonegação.

Você vai passar a vida lutando contra o sistema: nós pagaremos sua aposentadoria aos 65 anos, sem você ter contribuído nada.

Você gosta do comunismo: nós pagamos cestas básica, lonas e desapropriações para o MST, que você nem sabe o que é.

Você é contra a política: nós pagamos pelos políticos bandidos que você elege, achando que está protestando.

Você gosta de animais: nós pagamos campanhas de vacinação e lixeiros para recolher a merda do seu pit-bull.

Você gosta de esporte: nós pagamos pelos estádios da Copa, pelos parquinhos públicos depredados e tratamento para obesos, atletas de controle-remoto.

Você é conectado: nós pagamos pelo "Minha Casa, Minha Vida", porque você comprou um celular que vale mais que cinco mil tijolos.

Você gosta de carros: nós baixamos o IPI deles, para você poder andar tunado. O IPI a menos, não se preocupe, a gente dá um jeito.

Você gosta de curtir a vida às custas do trabalho dos outros: nós estamos começando a ficar cansados de bancar os bobos.

Se você pensa que é descolado, você é um irresponsável, uma marionete, uma ameaça a todos e a si mesmo.

Acorde.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Aborto

Legalizar o aborto para comodismo da mãe é tornar justa a situação na qual o irresponsável se passa por vítima, e a verdadeira vítima paga com a vida pela irresponsabilidade justamente daqueles que deveriam protegê-lo.

Ser contra o aborto por comodismo da mãe não tem nada a ver com religião, dogma ou piedade: tem a ver com justiça, responsabilidade e humanidade. 

O aborto para satisfazer o bem estar da mãe irresponsável é premiar a irresponsabilidade: seja irresponsável e tenha a licença, que ninguém mais tem, para matar. 

Seja irresponsável, divirta-se com o sexo e terá o direito de matar o ser mais indefeso que existe, que sequer poder fugir de seu algoz.

O aborto é um nome que mascara o infanticídio. Abortar é, sem mais, matar crianças. 

O infanticídio talvez seja uma solução para nossos problemas, sim, mas é o caminho mais digno? Pode-se matar crianças legalmente, embora não se possa matar um animal silvestre sem que se pague por isso com a prisão.

Por que a mulher, que se diz dona de seu corpo, ao contrário de militar pelo direito de matar crianças, não age com responsabilidade antes e luta pelo direito de esterilizar-se?

Eu não gostaria de ver o suor de meu trabalho ser convertido em impostos que permitirão que se custeie pelo nosso sistema de saúde o procedimento de matar um futuro ser humano, seja ele um ovo, um zigoto ou o que quer que seja. Prefiro que esse dinheiro vá para o custeio de creches para crianças entregues para adoção por mães e pais irresponsáveis, e para o custeio de cadeias, porque quem mata crianças ou fetos é isso, e somente isso: assassino.

Se você luta pelo aborto, faça um bem à sociedade: lute pela pena de morte de criminosos, e não de inocentes.

Acordem, brasileiros que ainda respeitam a vida e a humanidade.


Socializar-se para quê?

Eu disse no meu primeiro post que este blog teria a função de divulgar minhas ideias, histórias, sonhos e teorias para o mundo, e que isso era apenas uma questão de socialização.

É verdade que somos seres sociais e que não gostamos de viver isolados. Mas é verdade também que somos seres que prezam a privacidade. Então, há pessoas mais sociáveis e há pessoas menos sociáveis. 

Tem muita gente que não gosta de saber da vida dos outros, das ideias dos outros, dos sonhos e histórias de quem quer que seja. Dizem: "cada um que cuide de sua vida, que eu cuido da minha". 

Mas são em geral pessoas casadas, que assistem televisão, se interessam pelas notícias, leem jornais e trabalham em locais rodeados de pessoas. São apenas pessoas que por temperamento preferem mais o isolamento que a socialização. Preferem mais o silêncio que a comunicação.

O isolamento tem suas vantagens. Não são muitas, mas elas existem.

Há pessoas ainda que vão além e se pudessem, viveriam como eremitas.

E por fim, há aqueles que militam firmemente para que sejamos todos eremitas, que cada um cuide de sua vida, para que haja a volta de um tempo em que os homens eram independentes e livres do apoio de qualquer coisa que usamos em nosso mundo moderno. Muitos pregam o fim do Estado, o início, ou retorno, a uma situação de anarquismo cujo resultado é a privacidade, o isolamento, a independência e a vida simples, onde se é aparentemente livre para tudo se fazer, como se isolamento e liberdade fossem uma e mesma coisa.

É verdade que num mundo onde não há ninguém para nos patrulhar, podemos fazer o que bem entendermos.

Acontece que os eremitas são raros.

E eles são raros exatamente porque um ser humano não pode viver muito tempo sem a presença de outro. Não é uma questão de gostar ou não gostar de contato humano. É questão de que um ser humano isolado é um animal frágil e indefeso, ainda que tenha uma longa barba branca e muita experiência de vida.

Nós não nos socializamos por prazer, mas por necessidade. Um eremita que se propusesse tornar-se independente de toda sociedade viveria como um homem das cavernas. Teria de caçar e plantar usando de seus próprios recursos, fazer seus utensílios com base apenas em recursos da natureza, porque, afinal, mesmo uma mera, mas útil, faca de metal seria um auxílio do qual ele, o eremita independente, teria de abrir mão, porque mesmo uma faca de metal é muito difícil de ser feita pelas mãos de um único homem. Ele, o eremita, teria de viver de objetos feitos de madeira, ossos, pedra e argila. 

Afinal, não se pode ser muito honesto cuspindo em uma sociedade e rejeitando-a, mas, por uma questão de conveniência, usar de sua ampla e eficiente tecnologia, correto? Um eremita honesto teria de abrir mão também da tecnologia da sociedade, e não somente do convívio com a sociedade. Do contrário, seria um mero aproveitador oportunista. Mas eremitas são todos honestos, suponho, e viveriam do próprio suor, e da obra de suas próprias mãos. Pedras, ossos, madeira e argila.

Mas o homem já viveu assim por milhares de anos. Esse modo de viver não nos é estranho.

A estimativa de vida desse modo de viver era de 18 anos. Um humano com a idade de 25 anos seria considerado um homem de sorte. Desses 18 anos, ele seria protegido por 14 anos, no mínimo, pelos seus progenitores. Entregue a si mesmo depois da puberdade, como o são todos os animais, um homem teria apenas quatro anos de sobrevida.

Viver sozinho nunca foi fácil. Não acredito que um eremita moderno possa viver mais que uns quatro ou cinco anos sozinho de verdade. Uma simples dor de dente o mataria em poucos dias.

Mas hoje não temos grandes ameaças, a não ser nós mesmos.

Nós somos nossos piores inimigos. Eu tenho mais medo de um ser humano do que de uma cobra, um leão ou de um urso. Nunca vi nenhum animal perigoso fora de um zoológico nestas minhas quatro décadas de vida, embora tenha corrido risco de morrer incontáveis vezes em função da ameaça de outros seres humanos. Você nunca sabe quando alguém te olha como um alvo em potencial, afinal de contas.

Não era para ser assim.

Em muitos locais, as coisas não são realmente assim.

Eu não gosto muito de me socializar. Sou caseiro, quieto e tenho poucos amigos. Não preciso realmente me envolver muito com as pessoas. Não corro nenhum perigo imediato, aparentemente. Então, por que socializar-se?

Não é melhor calar-me, recolher-me no silêncio confortável do meu lar e deixar esse blog de lado?

Afinal, por que socializar-se desta forma?

Eu tenho pensado longamente sobre as vantagens e as desvantagens da socialização. Eu tenho pensado.

Ah! Esse canto sedutor do eremita egoísta... como ele é fascinante!

Isso lembra o mito das sereias?