domingo, 15 de setembro de 2013

Dói, mas vale a pena...

A décima sexta pergunta da série que faço a respeito do autoaperfeiçoamento e da autoajuda é a seguinte:

A dor nas mudanças compensa seus benefícios?

Mas esta é uma pergunta errada. A pergunta certa é: os benefícios nas mudanças compensam sua dor?

Por vezes, nem sabemos fazer as perguntas corretas...

Mudar provoca dor.

A dor nos intimida e nos torna fracos. A dor traumatiza e não gostamos dela. Mas se sabemos que seremos recompensados no final de um período de dor, fazemos um esforço para suportá-la.

Saber, no entanto, se teremos ou não uma recompensa no final de um grande esforço não é um privilégio de muitos. Nossas empreitadas na vida não costumam trazer garantias de sucesso e prêmios no final.

Sendo assim, poucas empreitadas de vida seriam realmente tentadas.

Então, por que as pessoas tentam?

É que, em geral, mesmo não sabendo ao certo para onde iremos, sabemos o que estamos deixando para trás. Deixar para trás a dor de uma situação ruim já é em si um prêmio.

Então, para deixar uma situação de dor, precisamos suportar mais dor?

Isso soa paradoxal, mas é uma realidade.

Uma situação ruim só se resolve ficando ainda mais ruim.

Não é uma piora ao acaso. É uma situação onde a dor acrescentada à já existente implica em um esforço extra, uma tomada de fôlego, um esforço no limite, um passo atrás para a tomada de impulso, um tranco, um solavanco.

Se teremos felicidade no futuro, não sabemos. Mas sabemos que aquela situação ruim não existe mais. Um emprego ruim que abandonamos, uma situação de trabalho extremo, uma convivência com pessoas que nos fazem sofrer, a moradia em um local desagradável, um bloqueio de vida que nos inibe, uma porta fechada que arrobamos com a força de nossa vontade de sair e ter mais ar, mais espaço, mais luz.

Se a dor compensa?

Em geral, sim.

Em geral, um bom plano de mudanças, um plano de melhoria, um plano audacioso, radical, duro, ousado, pode nos colocar em um novo patamar de existência. A razão fria nos dá o caminho, mas a emoção nos mantém hora após hora, dia após dia, ano após ano, no rumo certo, até que as coisas começam a clarear, e aos poucos vamos colhendo pequenos resultados, pequenas gotas de sucesso, e então nos animamos, e nos motivamos a seguir em frente, e a dor é mais suportável, porque já vislumbramos alguma perspectiva de um fim para ela. 

E por fim, vencemos.

Não há situação que possa ser dita como insuperável. A vida nos tem ensinado todos os dias a esse respeito. A vida é dinâmica, e não há dor que perdure.