quarta-feira, 15 de setembro de 2004

Olga e a informação em um Blog às moscas

Esse meu blog anda meio às moscas. De repente, me deu uma sensação de não ter nada a dizer ao mundo, de não ter assunto digno de ser comentado. Não que eu não tenha vivido nesse meio tempo. Não é isso. Eu andei fazendo coisas: lendo compulsivamente, comprando livros compulsivamente, pensando em problemas insolúveis até ter vertigens, assistindo filmes, como Olga...

Ah, Olga merece alguns comentários.

Ela, a atriz, é bonita!

Falando sério, acho que é sintomático o fato de que uma alemã tenha se tornado uma heroína nacional. Por quê? Faltam mulheres nativas de garra? Temos preconceitos de nós mesmos? Acho às vezes que sim: o outro herói das telas foi Guevara, que por acaso é logo argentino. E, sejamos honestos, Cazuza não foi lá nenhum herói. Um anti-herói, digamos, mas não um exemplo a ser seguido, penso eu. Sim, temos Senna, que a Globo insiste em querer fazer se passar por herói nacional, e o povo insiste em engolir essa conversa mole. Acho, aliás, que é apenas uma questão de tempo para ele sair na tela, assim como Renato Russo. Mas, e os heróis? Lacerda? Gostei dele...

Por falar em Lacerda, imaginem que uma avenida ou praça principal na Berlim da Alemanha moderna se chamasse Avenida, ou Praça, Adolf Hitler. O que dizer disso? Um escândalo, não é mesmo? Pois no Brasil, um ditador da estatura de Getúlio Vargas ainda desperta saudades, passados cinquenta anos de seu suicídio. Por quê? Faltam heróis na política? Ou, Vargas não foi, na verdade, um verdadeiro ditador? Ah, toda cidadezinha que se preze tem uma praça ou avenida Getúlio Vargas. Por quê? Ah, ele foi um homem de visão e modernizou o país. Certo, mas a China também está se modernizando sob os tacos das botas comunistas. Eu seria capaz de trazer o progresso embrulhado em sangue.

Chega. Para quem não tinha nada para dizer, já disse muito...

Uma coisa mais me anda prendendo a atenção: a explosão do conhecimento. O Apocalipse bíblico já vaticinava: "...e a ciência se multiplicará..."

Somando essa multiplicação ao fato de que não há na verdade conhecimento verdadeiro, e sim, apenas proposições que seus autores querem que aceitemos como verdadeiras, e temos que nos resignar ao trabalho de filtrar do meio dessa explosão de informação aquilo que realmente interessa.

Acho que a explosão do conhecimento poderá ser um problema muito em breve. Nosso conhecimento nos destruirá como uma praga bíblica se não nos atermos aos seus efeitos potenciais.

Mas essa explosão é assunto para outro dia.

Por hora, deixe-me espantar as moscas desse blog com o pouco que tenho em mãos.


segunda-feira, 6 de setembro de 2004

Colateral

Acabei de assistir Colateral, com Tom Cruise. Um filme que não tem nada de mais, a não ser violência sem sentido e tristeza. No entanto, há pelo menos uma passagem filosófica de alguma profundidade. A morte de pessoas próximas choca, e sentimo-nos péssimos diante de um cadáver. Essa semana que passou, tive pessoalmente a infelicidade de ver um cadáver embrulhado em um lençol numa rua no caminho entre minha casa e o meu serviço. Um senhor morreu de parada cardíaca por volta das nove da manhã, sufocado pelo calor de Goiânia, pela gordura no sangue, pela pressão sanguínea, pela idade, por um conjunto de fatores. Nada pôde ser feito e o corpo estava ali, na rua, quando passei para ir para o serviço. Isso não é comum. A morte não é agradável. Mas Vincent, o assassino interpretado por Tom Cruise, lembra ao chocado motorista de táxi que em Ruanda morreram milhares de pessoas em pouquíssimos dias, num massacre humano só superado em quantidade e rapidez pelos massacres de Hiroshima e Nagasaki, mas o taxista nada sentiu diante da catástrofe ruandense. Vincent ainda alega que somos nada diante de um cosmo sem sentido, e que matar ou morrer nada significa, num pessimismo digno de Schopenhauer.

Ao fim do filme, assistido depois do massacre de Beslan, fica a impressão de que vivemos uma época triste. Desde 11 de setembro, a exatos três anos, temos assistido a massacres constantes. New York, Washington, Pensilvânia, Madri, Beslan, Moscou, Bagdá, Falluja, Najaf, Stambul, Abu Grabi, Guantânamo, Tel Aviv, Gaza, só para citar os mais famosos. De fato, não precisamos sequer recorrer à nossa insignificância cósmica para minimizar a morte de um único ser humano. Basta tomá-la em comparação às barbáries que estamos quase que nos acostumando a ver todos os dias nos noticiários internacionais.

Vivemos uma nova cruzada? Talvez, mas de qualquer forma, estamos passando por momentos difíceis.

E o que dizer do Brasil? Não sei o que é pior: o terrorismo militante de fundo político e religioso e mesmo econômico, ou o terrorismo cultural que assola silenciosamente nosso país. Na verdade, esse tipo de terrorismo me deixa mais estarrecido e indignado que massacres de dezenas de civis inocentes. Não, não sou indiferente à morte de ninguém, mas sinto-me especialmente indignado com o massacre cultural a que somos submetidos, nós, brasileiros, pela mídia de nosso pobre país.

Senti que estamos num caminho perigoso no momento em que assisti por alguns segundos, por acaso, um programa de Gugu Liberato, num domingo, às sete da noite, no auge da audiência semanal, quando milhões de cidadãos de todas as camadas sociais estão grudados em frente à tv. Não é difícil para alguém que não vê os programas das televisões abertas e gratuitas perceber que o que a mídia faz, ou tenta fazer, com todos nós é muito mais cruel que aquilo que fazem grupos de terroristas suicidas nas lutas por suas causas, sejam elas quais forem. Quero crer que não seja o próprio Gugu quem esteja por trás de algo tão baixo, tão horripilante, como o programa que tem o trabalho de apresentar. A televisão brasileira presta um desserviço tal à nação que, de fato, não precisamos de inimigos: nossa mídia é nossa própria inimiga, mais poderosa que qualquer outra forma de ameaça, interna ou externa. Sutil, ela condena gerações de milhões de cidadãos à ignorância, à insignificância, à superficialidade, à banalidade em tal escala que não me espantaria em ver o Brasil passar por um processo de estupidificação de sua população tal que acabe por levar o país a um estado de barbárie pelo qual jamais passamos em toda a nossa história. Teremos, ou já somos, um país de estúpidos cuja escala de valores foi virada de cabeça para baixo por força de uma lavagem cerebral impetrada sutilmente pelos Gugus e Faustões, pelos Big Brothers e Casas de Artistas, pelas novelas das tardes e das noites, pelos grupos musicais semipornográficos, pela cultura da malícia e do duplo sentido, pela apologia da malandragem, da fila furada e do cheque sem fundo, pelo endeusamento dos Nelson Rodrigues e suas chanchadas baratas, enfim, por uma pseudocultura de um país que nunca produziu nada que tenha valor cultural atemporal e de caráter global reconhecido. Sim, temos cultura, mas não na qualidade e na quantidade suficiente para fazer de nossos cidadãos pessoas melhores. E se a televisão, como meio tecnológico de eficiência inquestionável, não pode contribuir, não devia nem por isso prejudicar. A elite que governa o Brasil e que dá as cartas na mídia provará do próprio veneno. O monstro que os Gugus e Faustões alimentam acabará por comer a todos da elite primeiro, e a si mesmo, depois, na sua ânsia por ignorância.

Mas a ignorância é apenas um efeito colateral na busca de um ponto a mais no Ibope.


domingo, 29 de agosto de 2004

Ambições olímpicas

Em época de Olimpíadas, ao vermos as constantes imagens de atletas recebendo coroas de louros e medalhas por suas vitórias incríveis, não é incomum que sintamos em nós mesmos um misto de sensações, começando pelo orgulho nacional, passando pelo respeito individual, empatia, inveja e finalizando com pesar e tristeza por não sermos nós os vencedores. Sentimos que aquele que recebe uma medalha é no fundo um simples ser humano, embora excepcional como atleta, e sentimos também que, assim como eles, nós tivemos nossas janelas de oportunidades, mas as deixamos que se fechassem. Sabemos que agora é tarde, mas depois nos consolamos. Afinal, como poderia ser de outra maneira? Somos pobres mortais e temos nossas vidas para cuidar. Como poderíamos ter sido atletas olímpicos?

Qual o papel da ambição neste contexto?

Talvez a ambição não tenha lugar no espectro de sensações de pobres mortais como nós, mas, por que não, se invejamos os vencedores? Se os invejamos, por que não ser como eles? A resposta mais comum é de que na verdade, nos contentamos com o que temos. Estamos satisfeitos com nossas pequenas conquistas e de certa forma, a ambição é um sentimento perigoso. Ela pode trazer medalhas, mas pode trazer também a guerra, a morte, e ela pode ser a causa de toda a desgraça do mundo. Tome um problema qualquer, pessoal ou global, e a ambição serve perfeitamente como causa para assumir a responsabilidade. Não podemos justificar a miséria da fome mundial como sendo consequência da ambição dos países ricos que não querem abrir mão de um pequeno quinhão de suas riquezas? E nossas dificuldades do dia-a-dia? Claro, sempre podemos atribuir nossas mazelas à ambição do patrão, da esposa, do marido, do governo ou do motorista com um carro mais novo.

Mas, que podemos conseguir na vida sem um pouco de ambição sadia? A humildade pura e simples nos é repugnante e rasteira. Mesmo os animais só são humildes em termos. Nenhum ser vivo tem a pretensão de abrir mão daquilo que a natureza lhes concedeu por direito. Nenhuma gazela se entrega humildemente a um leão para ser devorada. Todos têm o direito a ser ambiciosos. Talvez o mal da ambição seja o de querer atingir aquilo que ambicionamos às custas das ambições dos outros. De um ponto de vista social, é essa a melhor ambição: a que permite que vençamos, mas sem impedir que o próximo vença também.

Feita essa distinção, a ambição não é de todo um sentimento mau. É natural que não seja socialmente incentivada em nosso país. Uma tradição político-religiosa faz de nós, brasileiros, pessoas mais para humildes que para ambiciosas (ao contrário dos nossos queridos irmãos argentinos). De certa forma, a ambição vai contra certos princípios religiosos cristãos. Mas essa leitura cristã da ambição é uma besteira. Se pensarmos que o fundador do cristianismo se diz o próprio deus, então ele é talvez o mais ambicioso dos homens, se não for mesmo um deus. E se ele pede que sejamos como ele, então por que não darmos rédeas as nossas ambições sadias?

A questão principal é: vale a pena? Na maioria das vezes, não receberemos nenhuma coroa de louros pelos nossos esforços, e na maioria esmagadora das nossas investidas, fracassaremos, sem direito a nada, por vezes tendo como prêmio, prejuízos. Mas nas poucas vezes em que formos bem sucedidos, então o esforço será compensado. Nessa hora, seremos invejados, e admirados, e respeitados, e seremos o orgulho da nação. E sentiremos orgulhos de nós mesmos, e seremos explosivamente felizes, que é o que mais importa, no final das contas. Como efeito colateral, a humanidade ganha com isso, porque sempre que realizamos grandes coisas, essas coisas tendem a ser coisas boas, e das quais não só nós, mas todos tiram proveito.

Então, por onde começar? Não temos base alguma para supor que teremos sucesso, mas algumas lições nossos colegas atletas olímpicos nos ensinam.

Primeiro, que mesmo um superatleta pode, quando muito ser um penta-atleta, mas não um atleta polivalente, um superatleta. Quer dizer, ele aumenta suas chances de sucesso quando resolve que será um especialista em corrida, ou em nado, ou em basquete, mas não será tudo ao mesmo tempo. Foco é que eles ensinam.

Segundo, que há atletas amadores e há atletas profissionais. E que se quisermos ser um atleta profissional, o trabalho deve ser em tempo integral, e não só nos fins de semana, e não só quando estamos com vontade. Dedicação é o que eles ensinam.

Pergunto a mim mesmo, porque não tenho nenhuma ambição de moldar ideias ou sugestionar opiniões alheias: qual meu foco? Quando vou começar a me dedicar a ele?

Quanto aos louros, penso neles depois...


quarta-feira, 25 de agosto de 2004

A falta e o excesso de informação

Tenho tentado me concentrar em alguma atividade produtiva, mas tenho sempre comigo uma leve sensação de que não importa o que eu faça, estou no rumo errado e perdendo meu tempo. Quer dizer, não que eu não veja um valor naquilo que eu faço, mas examinando as coisas sob uma ótica existencialista, tudo perde o sentido. Não importa o que eu faça, logo eu me pego fazendo algumas perguntas difíceis: por que estou fazendo isto? Onde isto vai levar? Qual o sentido disso? O que eu ganho com isso? E se for uma ilusão?

No fundo, meu problema é o problema de todos, embora nem todos saibam deste problema: a morte. Não que eu tenha medo de morrer. Eu não quero é exatamente o contrário: desperdiçar a vida em algo que não valha a pena, mas que eu só vá descobrir que não valeu a pena quando estiver no leito de morte. Essa sensação de não saber o que realmente vale a pena na vida tem me perseguido a anos.

Em "Epitáfio", a música dos Titãs, temos um exemplo claro de mensagem que trás embutida essa ideia de urgência e de alerta. A letra da música é parecida com o poema "Instantes", aparentemente de Nadine Stair. Deveríamos fazer certas coisas, e não outras, ou, melhor, deveríamos fazer mais certas coisas e menos outras. Mas que garantia temos no final? Nenhuma. É uma bela letra, mas não serve como alicerce para se guiar uma vida.

Aliás, esse é o tema dessa mensagem: a falta e o excesso de informação. Temos falta de informação que nos oriente, e isso exatamente porque temos uma super-oferta de informação. Temos os livros de autoajuda, e temos as religiões, e a filosofia, e a psicologia, e temos os gurus, e temos ainda um milhão de outras fontes de informação nos bombardeando com mensagens imperativas. Faça isso e será feliz, faça aquilo e enriquecerá. Deixe de fazer A para fazer B. Abandone C. Como separar o joio do trigo? E quem garante que haja trigo no meio de tanto joio?

Poderíamos nos dar ao luxo de testar esses imperativos. A prática é a melhor prova. Mas a vida é curta demais para testes. E se no fim de um teste que pode levar a vida toda, descobrimos que o truque não funciona? Tarde demais, você perdeu...

A dúvida tem me imobilizado. Tenho que começar algo, mas enredo-me em um círculo vicioso lógico que não me permite sair dele. Como sair de uma roda de ratos? Por onde começa uma circunferência? Estou preso à minha própria limitação intelectual. Não sou esperto ou sábio o suficiente para achar uma saída. Enquanto isso, o tempo passa...

Decifras-me ou te devoro!


domingo, 22 de agosto de 2004

Memórias e pipocas

Andei dando uma olhada numa ideias velhas que tenho anotadas em minha também velha agenda. Coisas sobre o excesso de conhecimento, sobre algoritmos e sobre teorias axiomáticas e orientação a objetos. Tudo porque não acho uma maneira de ordenar minhas ideias. Sou perfeccionista. Não gosto de correr riscos. Tenho sede de saber. Enfim, acabei tendo um sonho noite passada que, de tão louco, forçou-me a levantar da cama. Assim que percebi que tinha terminado de sonhar, tomei caneta e papel e anotei tudo aquilo que fui capaz de me lembrar: precisava registrar o sonho maluco para não perdê-lo. Era melhor que os melhores filmes. E assim, passei mais tempo escrevendo sobre o sonho que propriamente sonhando, e como escrevia em minha velha agenda, ela finalmente, depois de cinco e meio longos anos, esgotou-se em sua capacidade de registrar coisas. Está completa do início ao fim. Começa com promessas ecológicas e termina com um sonho alucinante. Muito bem.

Mas minhas memórias não estão somente nessa agenda. Dias atrás, senti curiosidade em reler um monte de cartas que tenho guardadas como recordações, cartas escritas por mim e por meus familiares e amigos, cartas que trocamos entre os anos de 1987 e 1995, e que ficaram esquecidas a um canto. Coloquei-as em ordem cronológica e li uma a uma. Que surpresa! Fiquei impressionado com a quantidade de detalhes que havia esquecido, sobre como minha vida era, e certamente ainda é, rica em vivências, mas que relembrada assim, sem muito esforço, parece apagada e de pouco interesse. Não, eu não tive uma vida tão desinteressante assim, percebo agora, graças a essas velhas cartas.

Feliz por meu passado, percebo agora um bom uso para os blogs. Eles agora parecem tediosos e o meu não recebe muitas visitas, mas daqui a dez anos, serei muito feliz revisitando-o, relendo as coisas que eu mesmo terei escrito dez anos atrás e nem me lembrarei mais, e me sentirei grato por tê-lo feito. O fato de receber ou não visitas é mero ganho colateral.

Claro, nem tudo está definitivamente perdido em nossas memórias fracas. Hoje mesmo tive uma prova disso. Sem a ajuda de uma agenda, de um diário, de cartas ou de um blog, fui capaz de me lembrar de algo que me deixou surpreso: estourei um saco de pipocas no micro-ondas e, depois de colocá-las numa bacia plástica, acrescentei sal, como de costume, mas o saleiro estava junto a um vidro de molho de pimenta vermelha. Bingo! Lembrança resgatada. Sim, lembrei-me de que quando era criança e morava no pacato vilarejo de Tujuguaba, no interior do Estado de São Paulo, nós, cidadãos, costumávamos ir aos sábados e domingos até a igreja de Santo Antônio, a única igreja católica do lugar. Uma igrejinha singela ladeada por uma pracinha simpática com bancos agradáveis, onde as crianças brincavam e os adultos passeavam. Bem junto às escadas que davam acesso ao jardim, costumava aparecer um vendedor de pipocas. Era o Pombo, o pipoqueiro, um senhor magro e calmo que morava logo perto da igreja, e aproveitava a oportunidade para ganhar alguns trocados. Ali, nós comíamos nossas pipocas com sal e molho de pimenta, e, recordo agora, como era bom! Mudei-me de Tujuguaba quanto tinha meus 14 anos. Passei vinte anos sem lembrar em pipocas com pimenta, e menos ainda em Pombo. Qual a vantagem nisso? Não sei, mas fiquei feliz em me lembrar de minha infância, em pipocas com pimenta, e isso basta.

Não podemos menosprezar esses pequenos momentos. Somos o que lembramos que somos.


quinta-feira, 19 de agosto de 2004

Pensamento Ecológico

No primeiro texto postado neste blog, eu mencionei uma agenda que tenho utilizado desde 1999. É uma agenda de papel, comum, com a foto de peixinhos impressa numa capa dura e folhas comuns presas numa espiral de arame. Comprei-a para anotar bobagens. Chama-se Ecoagenda 1999.

Pois bem, logo no início, nas primeiras páginas, há um espaço para planejarmos ou anotarmos nossas 'atitudes ecológicas em 1999'. Assim que comecei a usar a agenda, anotei cinco itens, cinco futuras atitudes, cinco pequenos projetos pensados assim de imediato. Nada muito elaborado. Apenas coisas simples que qualquer mortal pode realizar sem muito esforço.

Passados quase seis anos, olho a pequena lista e chego a várias conclusões bastante curiosas.

No entanto, a primeira conclusão a que chego lendo a listinha de cinco promessas é a de que das cinco atitudes que planejava adotar em 1999, de fato acabei vindo a adotar ao longo desse tempo praticamente todas elas. Se nem todas estão sendo seguidas em suas formas mais perfeitas, ao menos em parte elas estão. Essas pequenas atitudes adotadas significam que as pessoas mudam, embora que lenta e irregularmente, ao longo dos anos. Eu mudei! Meu primeiro item na lista era 'parar de fumar'. E parei mesmo, faz mais de cinco anos. Sei que não há muita relação entre ecologia e o hábito de fumar, mas o fato é que eu concretizei aquilo que me propus a realizar. Ter mudado provoca uma sensação de esperança no futuro, já que o nosso presente hoje em parte é melhor que o nosso passado, naquilo que tínhamos de indesejável nele. Se no passado mudamos para melhor, podemos continuar mudando e esperar um futuro um pouco melhor que hoje naquilo que hoje não desejamos.

Mas não é só. Cheguei a conclusões interessantes sobre o processo de conscientização ecológica, ou marketing ecológico, assim como, de maneira irreversível, a mentalidade ecológica penetrou na mente de todas as pessoas, e de como essa mentalidade é em parte correta, mas em parte, não. Entretanto, essas conclusões são longas demais para se discorrer num simples blog. Na medida em que as colocar por escrito, e vou colocá-las, estarei divulgando-as em meu site pessoal http://www.rosenvaldo.com .

Por enquanto, ficamos com a conclusão, singela, mas verdadeira, de que podemos mudar, e mudamos. Apenas a escala de tempo de nossas mudanças pessoais é que é lenta demais para que percebamos e possamos nos felicitar por elas.

Viva nossas mudanças para melhor!


domingo, 15 de agosto de 2004

Jim Carrey - Brilho Eterno

Assisti ao novo filme com Jim Carrey. Devo admitir que ele tem um carisma que faz qualquer filme brilhar, mesmo que o tema em si não seja dos mais inspirados. Não sei se é o caso deste.

A ideia gira em torno de uma possível técnica de se apagarem nossas memórias indesejáveis. Pois bem, suponhamos que um dia isso se torne uma realidade e teremos a namorada cansada da cara do namorado procurando uma clínica especializada e pedindo para esquecê-lo, literalmente. As consequências não são tão difíceis de se imaginar. Disso tiro três conclusões:

Primeiro: que os filmes atualmente estão fazendo uma espécie de lavagem cerebral subliminar, algo que, sem paranoia, daria um tema para um bom filme sobre o quarto poder e sobre a mídia em geral. Cada filme que sugira uma realidade futura plausível está, mesmo que não intencionalmente, preparando seu público para caso a ficção um dia venha a tornar-se realidade. Um filme como Sinais faz com que se daqui a alguns anos fizermos contato com alienígenas a coisa não pareça tão absurda. E não é só Sinais. Contato, Aliens, Enigma de Outro Mundo, Independe Day e mesmo Men In Black fazem isso: preparam a humanidade para o dia do verdadeiro contato. E fazem com que descobertas fantásticas, como as que as sondas espaciais fazem quase que diariamente, passem desapercebidas, porque não mirabolantes do ponto de vista dos filmes. Um computador como Hall 2000, de "2001: Uma Odisseia no Espaço", faz nossos modernos Pentium parecerem radios velhos a válvula, embora nem Bruce Willis em Nova York Sitiada tenha sido capaz de nos preparar para um 11 de Setembro. Mas de modo geral, os filmes aplainam o terreno, deixam a coisa mais maleável.

No ramo dos avanços da medicina, um destaque vai para Vanilla Sky, que tenta nos preparar para o dia de nossa imortalidade. E Tom Cruise de novo tenta nos preparar para o dia em que dominarmos os poderes extrassensoriais, em Minority Report. Este, de Jim Carrey, tenta fazer o mesmo, embora muito discretamente, muito subliminarmente.

Minha segunda conclusão: a de que se um dia tivermos a nossa disposição um recurso desses, se teria realmente utilidade maior que um desfibrilador cardíaco ou um monitor de um ultrassom médico. Não sei se pessoas normais iriam querer esquecer algo, mesmo indesejável. Claro, há traumas que devem ser esquecidos, mas qual o sentido de se esquecer um mal relacionamento, um mal patrão, um mal dia? Penso que na verdade, somos aquilo que há em nossas memórias, e não é sem motivo que uma pancada na cabeça que faça alguém esquecer tudo que viveu em uma vida é um acontecimento considerado bizarro do ponto de vista médico, e um cidadão assim não possui uma personalidade, do ponto de vista social. Ele tem um passado, é certo, mas somente nas mentes de outras pessoas. Ele próprio não é ninguém: um simples quadro em branco. Somos o que somos exatamente porque somos a soma de nossas boas e más lembranças. Quem não se espanta quando ouve uma velha música, relê um velho livro, assiste um velho filme, encontra um rosto a muito esquecido, viaja de volta a lugares a muito esquecidos, relê uma carta amarelada e esquecida numa gaveta qualquer? Mesmo uma má lembrança que venha a ser recordada ainda assim nestes casos é bem vinda. Dai...

Tiro minha terceira conclusão: a de que nosso problema não é uma máquina de esquecer. Essa nós já temos: o tempo. Basta esperar, e tudo será esquecido, mais cedo ou mais tarde. Nosso problema é o contrário. Precisamos de uma máquina de recordar. Precisamos escavar fundo em nossa mente e descobrir, colocar a salvo para todo o sempre aquilo que um dia vivemos, mesmo que venhamos a botar a salvo numa folha de papel, num diário, num discurso com nossos netos e mesmo nos nossos blogs, por que não? Imagine o dia em que tivermos a máquina das lembranças. Sente-se, pague sua sessão e tenha boas recordações! E salve-as em vídeo! Mostre ao mundo o que viveu de verdade!

Quando esse dia vai chegar?


sexta-feira, 13 de agosto de 2004

Perguntas que não querem calar

Fico me perguntando:

Afinal, qual a finalidade de um blog?

Quais são as pessoas que se dispõem a levar um blog a sério?

Qual o tempo necessário por dia para fazer de um blog padrão um blog personalizado, bacana e atraente?

E depois, se ele for bastante visitado, o que fazer com os milhares de e-mails de elogios, congratulações e críticas?

Um blogueiro é um aspirante a quê?

Será que o único objetivo de um blog é a luta por quinze minutos de fama e depois um contador de page views enorme e triste?

O que temos de verdadeiramente importante a acrescentar ao mundo, e em particular, à Internet?

Vale a pena o esforço de se passar horas todos os dias navegando em busca de novas fotos para o blog, novas ideias para o blog, novos contatos para o blog, novas divulgações das novidades do blog, novos gifs animados e novamente mais divulgações?

Alguém em sã consciência acredita mesmo que um blog pode ser uma fonte de fama e dinheiro?

Por que achar que alguém que tem seu próprio blog para administrar, e todos na Internet tem, pode ter interesse em ler o blog de outras pessoas, seus concorrentes diretos e imediatos?

Quem pode ter curiosidade em saber o que se passa na minha vida, a não ser aqueles que me conhecem pessoalmente e já sabem de tudo que está no meu blog, porque estão ao vivo, aqui ao meu lado, vendo as coisas acontecerem em tempo real?

Um blog gera mais perguntas que respostas.

Tudo bem! O importante é a experiência. Penso que daqui a dez anos nos lembraremos dos blogs como coisas que não deram certo, como carros que poderiam voar, ou como pequenos dinossauros, fósseis, que evoluíram para formas melhores e mais eficientes de comunicação virtual. Espero que os blogs evoluam, porque do modo como são hoje em dia, me parecem algo sem identidade, sem objetivo, sem personalidade.

E um fotolog, então? Onde isso vai parar?


segunda-feira, 9 de agosto de 2004

Eu, robô

Acabei de assistir o filme "Eu, robô".

Filmes de ficção são um caso à parte. Aliás, o cinema é um caso à parte, penso eu. É paradoxal que um filme de ficção científica consiga fazer com que um fato real se pareça ficção, e com isso, faça com que a ficção se pareça com um fato. Vou tentar me explicar.

Sempre que assisto a um filme de ficção, percebo quatro coisas interessantes:

Primeiro: que os criadores dos filmes de ficção realmente conseguem fazer com que o futuro pareça algo incrivelmente diferente e maravilhoso, ao menos no momento em que o filme está em cartaz. Claro, no momento em que é lançado, o filme com cenas futuristas é o que melhor retrata o futuro para o seu exato presente. Depois de alguns anos, se assistirmos ao mesmo filme, provavelmente veremos que o futuro que ele prometia não se concretizou, ou que era uma promessa absurda, ou ridícula, ou avançada demais, mas no momento do lançamento, eles realmente conseguem captar nossas melhores expectativas quanto ao futuro.

Segundo: que embora eles versem sobre o futuro, esse futuro, por mais longínquo que seja, ainda é próximo demais para que venhamos a vê-lo materializado em realidade. Há cenas de filmes que se passam em 2020 e que achamos que se realmente elas se tornarem fatos em 2020, então um futuro maravilhoso nos aguarda, mas as coisas na vida real são muito mais lentas. Filmes que mostram coisas em 2020 tratam, na verdade, de coisas que só virão a ocorrer em 2200. Sempre ficamos com uma leve sensação de que, com o passar dos anos, o filme prometia coisas boas demais, cedo demais, para serem possíveis, e sentimos uma certa frustração. Mas só podemos perceber isso bem depois que o filme foi lançado.

Terceiro: a indústria do cinema, por ela mesma, nunca foi considerada como parte de um possível futuro. Não fazemos ficção sobre a indústria do cinema, e por isso, não alimentamos expectativas sobre seu futuro, mas ele chegou: ninguém a cinquenta anos atrás seria capaz de imaginar os avanços que a computação gráfica e os efeitos especiais iriam alcançar. Assistir um filme de ficção fabuloso é assistir também ao presente. Afinal, o filme foi feito agora a pouco, e ele é real. Foi possível fazê-lo! Eis o futuro tornando-se presente!

E por fim, quarto: nós sequer damos conta disso, de que o futuro chegou, ao menos em determinadas áreas. Não temos homens aos montes no espaço, mas temos a Internet, os computadores, o e-mail, os celulares, os efeitos especiais nos cinemas, e sequer damos conta disso. E temos os carros populares!

E por que não nos damos conta disso?

Acho que é porque estamos atolados até o pescoço nisso tudo que chamamos desenvolvimento tecnológico.

Para sermos sinceros, estamos passando pela maior revolução que a humanidade, o planeta, o cosmo já viu, e sequer temos consciência da dimensão dessa revolução. A dimensão da coisa é fantástica, e Will Smith é apenas parte do processo.

Onde isso vai parar?


sábado, 7 de agosto de 2004

Comunidades

Continuo entretido com o Orkut. Sei que poderia fazer parte de um monte de grupos de amizade e de sites e newsgroups sobre os assuntos que andei procurando, mas no Orkut a coisa é mais fácil. Temos que admitir: é um site bem organizado.

Ando procurando ideias para montar minha nova página pessoal, e ando procurando ideias para desenvolver meu jogo de guerra. E ando quebrando a cabeça para fazer minhas contas baterem no Money, e ando disposto a comprar meu primeiro carro! Ah, agora vai!

Ando também lendo sobre dinheiro. Nada muito aprofundado. E estou dando continuidade ao cadastramento de meus livros. Já são 78 deles cadastrados! Mas tenho uns quatrocentos!

E tenho comido muita verdura e fruta. Tenho que manter o peso. E por falar em ser certinho, cadastrei-me num grupo de amigos nerds. Sei que só posso ser um nerd. Eles falam a minha língua, e eu falo a deles. Claro, sou velho demais para certas atividades que adolescentes nerds praticam, e não tenho mais paixão por colecionar coisas, nem fico vendo fimes e seriados mil vezes seguidas, mas de um modo geral, sou um autêntico nerd. E que bom que tenho estado psicologicamente bem equilibrado desde que resolvi levar a sério minhas coisas que precisam ser levadas a sério. Mas tenho algumas dúvidas.

Primeiro: o que eu faço que tem valor para o mundo?

Segundo: onde eu quero chegar de fato?

Falando desse jeito, pareço o Stephen Covey!

Uma coisa é certa: os nerds ainda vão dominar o mundo!!!


domingo, 1 de agosto de 2004

Invejando Bill Gates e Bertrand Russell

Estou lendo "A Conquista da Felicidade" de Bertrand Russell. Um livro delicioso, escrito na década de 30 do século passado, mas espantosamente atualizado. Estavam configuradas já naquela época, ao menos nos Estados Unidos, as bases para o atual século XXI, de Bill Gates. O que Bill Gates tem a ver com isso?

Bem, há um capítulo no livro de Russell em que ele tece comentários acerca da inveja que sentimos em não podermos ter aquilo que os outros têm. Tenho um par de pés, mas o vizinho tem um par de pés e um par de sapatos. O outro tem ainda os pés, os sapatos e um carro, para não gastar os sapatos e não cansar os pés. E outro tem ainda um jato particular, para não perder tempo viajando de carro. E tem ainda, no final da linha, ele, ele mesmo, Bill Gates, que se não é o homem mais invejado do mundo, é um dos mais. Para sermos exatos, não é o homem que é invejado pelo que é, mas sua fortuna que é cobiçada pelo tamanho que tem, mesmo sabendo que, segundo os próprios bilionários dizem, não há nada que você possa comprar no mundo de hoje com uma fortuna de um bilhão de dólares que não possa ser comprada por uma que seja apenas de dez milhões. Em suma, os próprios ricos admitem que não se precisa de tanto dinheiro para se ter quase tudo que o dinheiro possa comprar, exceto algumas extravagâncias irracionais. Então, por que queremos tanto dinheiro? E por que tanta inveja e cobiça?

Eu, de minha parte, a muito tempo que percebi, e Russel já era da mesma opinião quarenta anos antes de eu ter nascido, de que o melhor que o dinheiro pode comprar é o tempo e a segurança: bastaria que eu tivesse o bastante para não precisar mais trabalhar e viver com relativa segurança, e o daria por suficiente. Por quê?

Segundo meus cálculos, um cidadão com dois ou três milhões de reais pode viver feliz para sempre... se é assim, por que queremos mais?

O problema é que não temos esses dois ou três milhões, nem sombra disso. Se tivéssemos um décimo desse valor, aqui no Brasil, seríamos pessoas afortunadas. Então, o problema não é a inveja, mas a miséria.

Isso me faz recordar uma história que li numa revista Seleções a muitos anos atrás, quando ainda era uma criança, e que marcou profundamente a maneira como encaro o mundo financeiro e a vida. Eu devia ter meus doze anos, treze anos, não mais. E a revista era velha, muito velha, da década de cinquenta. Um primo de minha mãe, bem de vida, tinha no porão de sua casa uma caixa de papelão do tamanho de uma geladeira completamente cheia de revistas Seleções antigas, provavelmente desde a década de quarenta até as mais recentes naquela época, no início da década de oitenta. Ele deixava que eu brincasse a vontade com aquilo tudo, e numa delas eu li um artigo com um estranho nome: "Você já viu um clip enferrujado?".

Era um texto que dizia que provavelmente nós nunca vimos clipes de papel enferrujados, porque eles são de valor tão irrisórios que são descartáveis a ponto de sequer enferrujarem pelo tempo e pelo uso. Esse texto me revelou algo que hoje perdeu a importância, que é o hábito de utilizarmos de fato aquilo que temos. O texto falava de um par de chinelos de couro que o proprietário usou confortavelmente por décadas, embora vez por outra uma tira soltasse e ele tornasse a concertá-la. Nada durante aquele tempo havia feito com que o chinelo de couro perdesse a sua utilidade real, e fora isso, fora a sua utilidade, não havia porque substitui-lo, trocá-lo, jogá-lo fora por outro mais novo. Nada que o novo pudesse oferecer o velho já não oferecia. Enfim, o texto me ensinou que devemos usar as coisas, mais do que simplesmente tê-las pelo desejo de tê-las.

Passados muitos anos, vim a descobrir que assimilara aquele texto de forma profunda. Tenho objetos de uso pessoal que simplesmente estão comigo, em uso, a décadas. Um par de óculos, que comprei a dez anos atrás, só foi aposentado agora, a poucos dias. Minha lente de contato tem quase seis anos! Meu micro é um Pentium II 266! E eu não tenho carro... numa cidade como Goiânia, onde há um carro para cada dois habitantes, eu sou um caso raro. Simplesmente vivo sem os carros.

Depois, vim a confirmar esse modo de vida quando li que "existem dois objetivos para serem atingidos na vida: primeiro, conseguir o que se quer; e depois, desfrutar o que se obteve. Apenas os mais sábios realizam o segundo", um pensamento de Logan Pearshall Smith, que não sei quem é, mas cuja frase se encontra em "A Universidade do Sucesso", dele, dele mesmo, Og Mandino. Sei que citar frases é fácil, mas vejo-a como um desafio bastante difícil de ser alcançado.

Acho que vivemos num mundo de excessos em todos os sentidos. Todas as nossas desculpas para consumir desenfreadamente são apenas isso: desculpas. Não acredito em ascetismo, em desapego, em abandono de nosso estilo de vida, mas acho que é besteira o consumismo impensado. Só deveríamos consumir depois de refletirmos bastante sobre a real necessidade de realizarmos esse consumo. Só deveríamos comprar clipes depois que nossos clipes velhos estivessem enferrujados demais para serem úteis.

Por falar em consumo e mesmo reciclagem, e em coisas antigas e ainda boas, estou ouvindo "Music of the Gothic Era", da coleção Deutsche Gramophon, aquela que saiu em fascículos a alguns anos atrás. Sim, eu comprei os cem fascículos, pacientemente. Sabia que teria algo para ser consumido pelos próximos cem anos. Não me arrependi.

Estudar música erudita envolve estudar sua história real. Pegue um livro comum sobre história da música e verá que antes de Eminem e Skank vieram muitos bons compositores. A maioria melhores que Eminem e Skank.

Neste contexto histórico, a coleção da Deutsche oferece, primeiro, pela ordem cronológica, um CD de cantos gregorianos.

Os cantos gregorianos vieram antes da música gótica. E antes dos cantos gregorianos havia música, mas não há na coleção nada do período anterior aos cantos gregorianos. Talvez um CD com música grega seja uma boa forma de completar esse período pré-gregoriano, mas não há nada de gregos na Deutsche. Aliás, a Deutsche, por questões de mercado, não lançou os fascículos obedecendo uma ordem histórico-cronológica, de modo que se formos ouvindo os CDs na ordem em que foram lançados, ficamos sem uma referência comparativa entre os diversos estilos de época e os diversos compositores, e em obras dos mesmos compositores, não saberemos o que foi composto no início ou no fim da carreira, o que não é muito bom em termos de aprendizado e apreciação de obras de arte. O correto, na minha opinião, é estudar aquilo que se ouve. Então, um livro de história da música e uma pesquisa na Internet sobre as obras de um determinado compositor são coisas fundamentais se quisermos apreciar música erudita.

Sim, a música gótica, com quinhentos anos ou mais, são boas de se ouvir. Muito boas. Duplas e trios de vozes que fazem a mente voar para reinos de Peter Pan, castelos e bosques, inocência e pureza. Arte é isso: um milênio não a faz pior nem melhor que arte moderna, apenas diferente. E se for boa arte, continua digna de ser consumida. Bertrand Russell, um grande filósofo, lógico, matemático e escritor, também continua digno de ser lido. Ele, que, sábio, soube viver até seus 98 anos de idade. Alguém que vive isso e ensina como se faz não pode ser menosprezado. E pensar que um CD de música gótica custa apenas alguns reais e que um livro de Russell, não mais que um CD, e me sinto novamente privilegiado, e duplamente: primeiro, por poder dispor desses trocados necessários para poder ter só para mim essas maravilhas da arte, e segundo, e mais importante, por ser capaz de gozar os prazeres dessa arte, e sentir-me feliz ao fazê-lo, ainda que eu não tenha um bilhão de dólares.

Bertrand Russel

Tenho minhas dúvidas de que alguém com apenas dinheiro e mais nada seja capaz de fazer seu dinheiro render em prazer e satisfação da maneira que faço render o meu.

Agora, invejo menos Bill Gates.

sexta-feira, 30 de julho de 2004

A ópera, Francis Crick e a futilidade da existência

Espero que não perca nada desta vez...

Estou ouvindo ópera: Wagner, Puccini e Mascagni. Já ouvi esse CD quase um milhão de vezes. Foi o primeiro cd que comprei na vida. Claro, eu já gostava de música erudita antes, mas não havia os CDs, e eu ouvia nos lps. Então, assim que comprei meu aparelho de som com CD, comprei esse "The Best of Opera", uma coletânea, que aos poucos fui aprendendo a apreciar.

Desconheço música mais poderosa e brilhante que A Abertura de "Os Mestres Cantores de Nuremberg", de Wagner. É absolutamente perfeita. E tem muitas outras peças lindas neste CD. Perdão, mas quem não conhece música erudita, não conhece a beleza verdadeira em forma de som. É uma espécie de pessoa que ainda não experimentou em termos musicais o melhor que a humanidade pode oferecer.

Mas tem mais: morreu Francis Crick, um dos pais da descoberta da molécula do DNA. Quem não conhece um pouco sobre ciência não liga a mínima para isso, mas para muitos, foi uma grande perda. Crick foi mais um dos grandes do século XX. Ele foi grande não só em genética, onde trabalhou pouco. Ele foi grande principalmente em áreas como a da neurologia, onde procurou entender o cérebro humano, numa longa carreira de pesquisas.


Pensando em Wagner, em Crick, em óperas e livros, em pesquisas e obras, em tempo e memória, fico pensando sobre a futilidade da vida. Para bilhões de pessoas neste maldito planeta, para a maioria, Wagner e Crick não significam nada. Wagner ter passado meses seguidos compondo cada nota cuidadosamente, esmerilhando seu trabalho, pesquisando seu tema mitológico, sendo tudo o que um compositor poderia ser, deixou um legado que só pode ser apreciado em uma pequena parcela por um pequeno grupenho de seres humanos. Todos admitem que ele foi grande, que Wagner foi um monstro do século XIX, mas ninguém sabe dizer nada sobre sua obra. Ninguém ouviu nada sobre ele. E se ouviu, torceu o nariz. E sobre Crick, ninguém o conhece, e toda a sua obra, o resultado de milhares de horas de leituras, pesquisas, compenetração, argúcia e inteligência, destiladas em forma de livros e artigos, ficam relegadas a um punhado de privilegiados seres humanos, que têm a sorte de poder conhecer uma pequena parte daquilo que pensava um grande homem, daqueles dos quais não se encontra um em cem milhões. O Brasil, com sua massa humana, não tem nem um único Wagner e nem um único Crick.

Francis Crick

Sinto-me privilegiado.

Sinto a sadia inveja de ser como os grandes.

Que daqui a um século alguém possa dizer: a humanidade não conhece as obras de Rosenvaldo, mas os que conhecem são privilegiados, porque têm o que de melhor a humanidade pode produzir sobre aquele tema.

Queria ser a razão desse privilégio. Só não sei como...

Calma...


segunda-feira, 26 de julho de 2004

Natimorto

Foi um texto natimorto. Estava falando sobre coisas legais, mas perdi tudo. Isso é que se pode chamar legitimamente de terrorismo virtual: a Al Qaeda não precisa de hackers, ela precisa simplesmente aprender com o pessoal do UOL a fazer besteira de verdade. Eh, bloguinho vagabundo...

Vazio digital: segunda tentativa...

Lá vamos nós:

Eu dizia que a Internet tem sofrido com a falta de criatividade de seus usuários, porque andei fazendo umas pesquisas com o Google e fui atendido com uma dezena de páginas sobre 'Charles Spurgeon', que eu não sabia quem era ou foi. Eu tinha lido uma frase sua no primeiro capítulo do livro "A Universidade do Sucesso" de Og Mandino, mas não sabia quem era Spurgeon.

A pesquisa me mostrou que ele foi um famoso pregador britânico que viveu no século XIX. O problema é que havia dezenas de páginas com o mesmo texto. Simplesmente um a cópia do outro.

Alguém já disse que depois que surgiu o Windows, nada se cria, tudo se copia e cola. Acho isso bem verdade, e mais ainda na Internet.

Procurei ainda alguma coisa sobre James P. Carse, e me surpreendi com o tanto de frases dele que o pessoal usa, muitas vezes fora de contexto, ou mesmo em um contexto totalmente errado. Eu achava que fosse mal de brasileiro, que é preguiçoso, mas as páginas em inglês também são repetitivas ao infinito.


Esse negócio de se usar frases de autores famosos é meio perigoso. Acho que a Internet poderia ser mais bem explorada, e que as pessoas deveriam pensar e debater mais sobre as ideias prontas que muitos autores nos apresentam. Falo isso porque se tomarmos dois livros quaisquer, tenho certeza de que encontrarei neles orientações absolutamente contraditórias. Mesmo dentro do texto de um mesmo livro, de um só autor, há terríveis contradições. Seguir qualquer orientação sem meditar um pouco sobre o seu significado pode ser perigoso. O perigo maior é que não percebemos a contradição em uma primeira leitura, e mesmo depois de muita releitura. A contradição é sutil, por isso perigosa.

Onde estão os leitores críticos do mundo globalizado? Ninguém nunca contestou Og Mandino. Onde encontro um texto lúcido sobre algum texto de Mandino escrito por alguém que o leu, pensou no assunto e percebeu que aquilo que estava escrito não era bem a coisa certa a ser feita? Tudo bem, pontos de vistas são pontos de vistas, mas é muito importante termos pontos de vistas diferentes e não apenas frases simples e mais frases simples extraídas de livros de autores que sequer sabemos quem são. Só por curiosidade, descobri que Mandino foi alcoólatra, ficou milionário e morreu em 1996, e que César Romão, escritor brasileiro, é quase um discípulo dele. Nunca li Romão, mas nem por isso fiquei tentado a ler.

Mas já que estamos falando em ler, e em criticar, sugiro a você que leia Irving M. Copi e seu delicioso e didático (e grosso) livro "Introdução à Lógica". Garanto que depois de lê-lo, você terá uma nova visão daquilo que você anda lendo por aí, e também garanto que terá uma nova ideia de Sherlock Holmes. Não engolirá mais frases feitas sem antes dar uma pensada a respeito. Se ler, seja corajoso e tente resolver os exercícios que Copi propõe. Sua mente vai fundir (e se aguçar!)...

Enquanto isso, eu continuo fazendo minhas pesquisas nesse vazio digital, que a Internet nos proporciona. Tudo bem, poderia ser pior.

Esse texto, meu amigo, era diferente nas palavras, mas é o mesmo no conteúdo. O anterior era mais bem escrito, mais bonito e poético, mas o tempo esgotou e eu o perdi. Se esse segundo não ficou tão bom, agradeça ao gênio webmaster do UOL, que criou o limite de tempo para escrevermos correndo...

Ah, quanta vontade de ver esse portal nas mãos de um mexicano bom de serviço, ou um espanhol. O UOL passou da hora: cresceu, amadureceu, mas não vingou. Acho que vai morrer podre no galho seco no qual se aferra em ficar... uma pena...

Terrorismo e o vazio digital

Estou desapontado com o UOL. Perdi novamente um texto porque algum tiranossauro, algum espírito de porco, algum desajustado infeliz metido a webmaster resolveu que não podemos escrever nossos blog pelo tempo que quisermos... o texto vai nascendo, crescendo, ficando bacana, e depois uma mensagem babaca e sem necessidade nos avisa de que nosso tempo esgotou e depois perdemos tudo, e uma maldita senha é pedida não sei por que diabos de necessidade idiota que alguém tem de atrapalhar a vida dos outros.


Tudo bem. Vamos tentar de novo. Eu não vou encerrar a minha conta no UOL hoje. Não vai ser preciso: mais dia, menos dia, vem um magnata mexicano ou venezuelano e compra o UOL e põe esses webmasters incompetentes no olho da rua. E aí a coisa vai ser realmente de qualidade.

Vou tentar escrever meu texto de novo...


sábado, 24 de julho de 2004

Orkut e horizontes conceituais

Até que enfim, consegui, por meio de uma gambiarra, fazer a parte superior da tela onde digitamos nossos textos de blog aparecer...estava sumida, e só posso imaginar que seja mais um bug dos programadores do UOL, falhando sempre. Mas tudo bem, aqui estou...

Acabei de ser convidado a participar do Orkut, o grupo de amigos do Google. Fiz meu perfil por lá e quero ver no que dá. Nada demais, apenas a fama de ser algo bastante maduro para os padrões da web. Convidei meu mano e vamos ver se juntamos a turma da infância e adolescência num canto só. Acho difícil, mas vamos tentar. Ainda acho que não há nada mais prático e eficiente que o tradicional e-mail, mas ainda assim, vou experimentar o Orkut. Foi o Fernandão, da Fernandão Homepage, que me envia piadas todos os dias por e-mail, quem me convidou. Ele é um cara legal. Grato, Fernandão!

Ando ainda entretido com o Money. Finanças não é coisa fácil e esse trabalho ainda vai me consumir muitas horas de suor.

Andei dando uma olhada numa possível upgrade desse meu micro que vos escreve. Tenho um reles, mas fiel, Pentium 266 (acreditem!!), que funciona de verdade. Não deve nada a nenhuma máquina mais moderna, exceto pelos games, que são pesados de rodar, e o maldito XP, que não uso. Aliás, nem os jogos eu jogo, então, não me faz diferença. Meu velho Pentium tem uns oito, dez anos de uso, mas não me deixa na mão, exceto em alguns momentos extremos. Mas tenho que pensar em modernizar meu aparato tecnológico, porque hoje até que é barato. Vamos ver se compro algo por ai.

Acabei de ler "Jogos finitos e infinitos", de James P. Carse, e achei que fosse um livro de auto-ajuda, mas não é. Ele é de filosofia, e das mais herméticas. tem seu irmão gêmeo, ou anti-irmão, o "Respeita seus limites", de Ricardo Peters. São livros de uma filosofia impregnada de religião. São escritores-teólogos, ou teólogos-filósofos, ou coisa do tipo. Mas não é uma leitura fácil, e o estilo de Carse é repetitivo, e pouco claro. Não leva a nada, exceto pelo conceito de horizonte. De fato, qual o limite de um horizonte? Ele é versátil e muda de acordo com nosso ponto de vista. Neste caso, o horizonte visual é usado como metáfora para o que deve vir a ser o nosso horizonte intelectual, ou filosófico: aberto, mutável, sem limites. Por isso, o livro de Peters, que nos impõe que respeitemos o nosso limite, é uma espécie de contraparte do livro de Carse. Mas não posso tecer mais comentários sobre o tema, porque precisaria ler alguns filósofos contemporâneos, o que não fiz ainda. Tem um hermetismo nessa filosofia do século XX que cheira a Hegel, que eu detesto, como o detestava também o sábio Schopenhauer, e isso ainda na época em que ambos conviviam no mesmo país. Heiddeger, Witgeinstein, Sartre, esses caras me parecem ainda um tanto que confusos em suas filosofias. Sartre nem tanto, mas Heiddeger, sim. Quem sabe mais alguns livros adiante e eu possa entender melhor esse "Jogos finitos e infinitos". Por enquanto, ficou a lição do horizonte conceitual. Já é alguma coisa.


Comprei um cd de Natalie Cole, Unforgettable, e não é lá grande coisa, exceto por duas ou três músicas. Unforgettable é a melhor, sem dúvida, mais por Nat King Cole do que por Natalie. Ela não tem a voz forte o suficiente, mas as músicas  são bonitinhas, e está tudo bem.

Unforgettable - Natalie Cole
Por que sinto um arrepio quando ouço a abertura de "Os mestres cantores" de Wagner? Por que música clássica é tão bom, tão melhor que tudo o mais? Acho que a única coisa que se compara em impacto a um rufar de uma orquestra seja alguns rifes do Metallica e do Slayer ou Sepultura. O resto fica devendo poder e força, e muito. O jazz é um luxo, mas é só.

Vou dormir. Está frio, e isso é raro em Goiânia. Tenho que aproveitar e tomar muito chá de camomila e de outros que comprei no ano passado, esperando o frio que não veio. Exageros à parte, meus chás não são tão velhos, mas não são eternos. Precisam ser bebidos enquanto podem ter a capacidade de produzir algum sabor, senão, terei somente uma xícara de água quente com gosto de mato seco. Não é mal, mas é pouco.

Como diz Carse, ou, despedindo-me ao estilo Carse: eu não vou dormir, eu vou acordar para os meus sonhos...


domingo, 18 de julho de 2004

Eles ou nós

Ou melhor: "Them or us". Esse cd do Frank Zappa é simplesmente ótimo.

Antes eu achava que o "You are what you is" fosse o mais louco, mas esse "Them or us", de 1984, é muito legal. Tem algumas músicas fantásticas. Por exemplo: a primeira, "The closer you are", é um beebop dos anos 50, perfeita. A segunda, "In France", é uma piada. O vocalista é meio gago, parece que posso ver a cara dele, com os dentes para frente. Já a terceira, "Ya Hozna", é muito, muito bizarra. O som é pesado, uma guitarra muito boa, mas o vocal é do outro mundo. Um conjunto de vozes macabras cantando algo ao contrário. Uma tormenta sonora. E, claro, a sétima, "Stevie's spanking", onde o Stevie Vai (que se pronuncia Vai mesmo, e não Vei) simplesmente detona na guitarra. Mas não é só: tem a ótima "Frogs with dirty little lips" e todas as outras nove, num total de quinze ótimas músicas. Recomendo!

Ando colocando o Money em dia. Eu sei que sou capaz de coisas difíceis, mas essa é mais uma prova de meu potencial. Eu sou razoavelmente bom, quando decido me esforçar bastante. Espero conseguir as coisas que quero, porque estou aprendendo como me controlar.


Não dormi essa noite, e estou escrevendo quando deveria estar dormindo. Estou com fome e com dor de cabeça, mas pudera! Estou forçando a barra.

Estou dando uma lida em "Jogos finitos e infinitos". Será que a vida é mesmo um jogo? Quem sabe? Mas não consigo avançar muito nas páginas do livro. O Money toma todo o tempo.

Comprei um alteres de borracha cor de laranja berrante e com uma buzininha dentro para o meu cachorro BJ (pronuncia-se Bidjei), meu pastor preto. Ele fica doidinho com o brinquedo. BJ é um bom cachorro. Cachorro preto...

É isso. Comprei um cd de hits de soul music, bem baratinho, e outro de hits de Ella Fitzgerald, e um só com som de chuva, todos no Extra aqui de Goiânia. Mas depois eu comento sobre o que achei deles.

Agora vou dormir, ao som da chuva digital....


quarta-feira, 14 de julho de 2004

O que me impede de...

O que me impede de fazer o que tenho de fazer?

"Tome cuidado apenas consigo mesmo e mais ninguém. Trazemos nossos piores inimigos dentro de nós"

Charles Spurgeon. Não sei quem é, mas sei quem foi Frank Sinatra, que estou ouvindo agora, num dueto maravilhoso com uma mulher também de sobrenome Sinatra. Nancy Sinatra é o nome dela. Será sua esposa? Sua filha? Não sei, mas o dueto é maravilhoso. Como Frank foi sortudo de ter uma voz tão linda e ser tão carismático. Morreu com os seus noventa e oito anos, com uma barba amish digna de Abraham Lincoln. Grande, esse Frank Sinatra!

Mas voltemos a Spurgeon, que não sei quem é ou foi, mas que faz um alerta contundente contra nossas fraquezas interiores. Mas isso não é novo. O famoso 'orar e vigiar sem cessar' bíblico nada mais é que um alerta para que vigiemos a nós mesmos e nossos pensamentos, e não só isso: temos que ter ajuda para que tenhamos sucesso. Ela, a Bíblia, não diz apenas para vigiarmos, mas pede que oremos a Deus. Quer dizer, vigiar não é o suficiente.

De fato, somos voláteis como folhas ao vento.

Andando em meio a uma multidão em torno de um ponto de ônibus, um terminal urbano, pude perceber o quanto todos são capazes de se concentrar em seus problemas cotidianos. Embarcam a todo o custo. Espremem-se como sardinhas, porque têm que seguir com suas vidas. Têm que chegar no serviço, ou na escola, ou em casa, a todo o custo, e nada os demove disso. Não podem perder minutos preciosos esperando um ônibus menos cheio. São obstinados. Onde está a volatilidade nisso?


É que eles estão obstinados pelos objetivos errados. Os alvos fáceis são quase sempre os alvos errados. Os alvos certos sim, são difíceis e exigem constância e força. Então, a multidão nos ônibus não estão concentradas?

Não. Estão apenas seguindo adiante.

E meus alvos? São difíceis? Exigem muita concentração e força de vontade?

E Sinatra? Cantava tão naturalmente...onde houve esforço em sua vida? Parece que viveu como uma pluma, cantando, dançando e fazendo amor durante décadas, como ninguém... Será mesmo? Será que estou enganado, ou ele enfrentou o vício da bebida? Não sei, mas a vida dos outros sempre parece mais fácil. Queria que a minha também parecesse fácil...

Na verdade, parece...

Mas não é.

O que não significa que eu não esteja lutando para fazê-la de fato leve e bela como a de um Sinatra. Não, eu não vou virar cantor, embora não fosse uma má idéia. O destino não me contemplou com uma voz bela como a de Frank. Mas eu vou em frente mesmo assim. Vou, como diz ele, fazendo o meu caminho, e quem sabe, quando eu tiver os meus noventa e oito anos, eu possa dizer, como ele, que 'eu fiz o meu caminho', ou "I did my way'...

Sei que não vai ser fácil, mas eu vou fazer com que pareça que foi...

Yes, it is my way...

Frank Sinatra

segunda-feira, 12 de julho de 2004

Happy birthday...

Continuando, vou seguindo em frente com mais besteiras.

Por falar em besteiras, quem é muito, muito, muito, mesmo, esperto e oportunista, é o tal do Michael Moore. Vamos aos fatos:

Primeiro: ele não é um humorista, e não é engraçado, e qualquer tentativa sua de fazer humor recai num mal gosto insuportável.

Segundo: ele é muito oportunista. Fez a vida em cima de um coitado de um merda de um Bush. Se o pessoal democrata derrubar o Bush nessa eleição nos EUA, quero ver em cima de quem ele, Michael Moore, vai fazer piada.

Terceiro: ele me parece que está cagando e andando para o que quer que seja, exceto para sua conta bancária. Li um texto dele em que escrevia para o 'povo brasileiro', uma carta exortando o brasileiro a ler seu livro sobre as merdas que estão fazendo na América. Ele não é ignorante de achar que o Brasil é melhor que os Estados Unidos. Mesmo um adolescente sabe que os Estados Unidos são melhor governados, mesmo por um bobo como o Bush, que qualquer outro país do terceiro mundo. Então, Moore só podia estar falando bem dos brasileiros por puro interesse. Uma bajulação ridícula. Algo como: 'vejam vocês, paraguaios sábios e bem governados, ricos e inteligentes, todos vocês, o que os idiotas americanos são capazes de fazer aqui na América. Comprem meu livro e vejam como nós, americanos, somos um bando de imbecis..'

Isso é oportunismo puro. Um livro com o título: "Cara, cadê o meu país?" me parece mais coisa de Renato Russo e seus comparsas, Dado e Bonfá, riquinhos querendo se passar por rebeldes. Vi uma entrevista com o Marcelo Bonfá que achei risível. Ele, coitado, sentia um calafriozinho na nuca só de pensar que, na época da ditadura, quando a banda começou, eles da banda faziam shows em Brasília e cantavam letras consideradas 'subversivas', na opinião dele. Ele achava, quer dizer, deu a entender, que eles, da banda, ajudaram, de certa forma, a derrubar a ditadura, a estimular a subversão. Eles, filhos de burocratas que ainda hoje mamam nas tetas do Estado, eles queriam derrubar a ditadura. É como um bando de bebês rebeldes e barbados que resolvem pôr fogo no ganha-pão dos pais, só porque parece divertido. Neste ponto, Renato Russo foi mesmo um gênio: fez a vinte anos atrás o que Michael Moore faz hoje nos Estados Unidos e no mundo. Ganha dinheiro fácil criticando o governo e enchendo o bolso de grana. Aliás, O U2 na Inglaterra faz o mesmo. John Lenon fez.

Tudo isso é muito ridículo. Mesmo Zappa fez... ele foi tão longe que queria ser presidente da América!! Isso sim é humor...

Por que Michael Moore, que tem as respostas para os problemas da América, não sai candidato a presidente? Por que Bonfá não faz como Hélio Costa em Minas e Gil Gomes em São Paulo, e vira político? Aí sim, pode mudar as coisas...

E, só para arrematar: como esse Moore é feio! Incrível como um cara feio como ele pode ser tão esperto. Isso, a inteligência, soa como o que disse sobre o humor mais acima: ela flui de diferentes maneiras por diferentes mídias.

Michael Moore

Chega, antes que eu perca tudo...Se você estiver lendo isso, alegre-se: eu poderia ter perdido tudo e jamais ter publicado essas belas palavras...mas como você está lendo, então não perdi nada, e tudo correu bem, apesar da burocracia 'desinteligente' dos gênios do UOL.

Só por curiosidade, 'desinteligente' é um termo cunhado por meu amigo Bob, que ele usava para designar todos as atitudes burras de um conhecido nosso, um paraense muito esquisito e desequilibrado. É uma bela palavra. Bob não tem nada de desinteligente. E tem um humor fino como poucos. Por que não conseguimos sempre ter uns caras assim para conviver e trabalhar? Todas as pessoas que considero agradáveis de se conviver moram em outras cidades, em outros estados, ou mesmo em outros países. Certas coisas são raras...

Viva meu aniversário! Longa vida a mim!!!!

Que assim seja...


Feliz aniversário!

Parabéns a mim mesmo! Estou fazendo hoje meus 34 anos de vida.

Não sinto nada de mais nem de menos nisso, porque é uma segunda-feira e logo eu estarei carimbando notas como sempre, mas tudo bem, no sábado e domingo eu pude aproveitar um pouco essa minha passagem de ano. Comprei meus badulaques eletrônicos, minha balança eletrônica, meu telefone sem fio, etc., e estão todos funcionando, inclusive esse teclado que estou usando agora, de teclas ergonomicamente macias e curvas. E, claro, comi meus dezoito pedaços de pizza num rodízio que fui para não desperdiçar a ocasião. Tinha uma garotinha sentada na mesa ao lado da minha que deve ter comido mais que dezoito pedaços, mas tudo bem, eu aceitei de bom grado a derrota para ela.

É um ano novo. Pensando bem, acho que fazer aniversário e passar por um reveilon são coisas muito parecidas, porque significam uma mudança de data. É claro que são marcos temporais artificiais, que têm mais objetivos sentimentais e mercadológicos que propriamente utilitários. Mas essas datas podem ser significantes em termos de que, se estivermos realmente cônscios delas, podemos fazer um tipo de balanço, e propor mudanças, etc., mas isso eu já faço o tempo todo. Uma coisa é certa: 34 anos não é pouca coisa.


Esse blog continua firme. Tenho pensado que uma página pessoal pode ser uma coisa boa, mas enquanto não faço um serviço melhor, vou em frente com esse blog. Minha dúvida é: como se pronuncia blog?

De um lado, vejo o povão, inclusive na tv, pronunciando algo como simplesmente blog, como quem pronuncia bloco, mas eu prefiro pronunciar algo mais americanizado, algo como bilog, ou b-log, onde o b significa algo que ainda não sei, mas o log é simplesmente um log, um registro como muitos outros que se tem nos nossos hds, feitos por programas anti-vírus, pelo Windows, etc. E o b que vem antes do log, sei lá o que significa, talvez business, talvez qualquer outra coisa, mas ele deve ser pronunciado como um b em inglês, ou seja, bi. Logo, é bilog e não blog.

Mas essa questão não é realmente uma questão. Há outras questões.

Peguei meu handheld, um tipo de agenda de mão, mas com quase o poder de um micro 386, um treco que comprei, mas que usei pouco, para voltar a usá-lo. E por acaso eu vi que tinha uns lembretes que eu anotei a alguns meses atrás e que nem me lembrava mais. Li e vi que eram coisas que eu tinha anotado para serem feitas um dia, e realmente merecem ser feitas. Essa é a questão: se eu quiser fazer todas as coisas que eu gostaria de fazer...


Quer saber? Vou salvar esse blog...

Salvo esse blog, vou em frente. Acho que o b de bilog quer dizer bersonal...personal...

Gozado como escrever é diferente de falar e de atuar. Sei que sou um cara sem graça e não sei se seria um bom ator, e nem sei se seria um bom orador, ou contador de piadas, mas eu gosto de escrever, e escrevendo, posso escrever coisas engraçadas com facilidade. O humor é possível por meio de palavras.

Mas nem todos são assim. Um cara famoso por seu humor, Steve Martin, consegue ser engraçado na tela, atuando, consegue ser um bom contador de piadas, como nas cerimônias do Oscar, mas escrevendo, é uma lástima. Li um trecho de um artigo dele faz muito tempo, mas fiquei decepcionado. E tem mais: tem uns pregos nacionais que escrevem livros e publicam tiras nos jornais, tais como Millor, e outros, que são caras pessoalmente sem a menor graça. É curioso como o humor pode fluir de diferentes maneiras por diferentes mídias.

Mas chega de falar nisso.

Esse blog anda às moscas. Cadê o moderador do UOL para colocar um link para esse bi-log na página principal do UOL? Eu preciso receber uns page views de presente nesse meu aniversário! Vamos, moderador, seja um cara camarada e faça essa graça para o aniversariante e cliente bom pagador aqui, que vos contempla com sete anos de fidelidade canina num mundo onde pipocam portais gratuitos. Cadê meu presente uma vez na vida? Claro, recebi um e-mail artificial mandado por algum software que busca datas de aniversário nos bancos de dados de clientes do UOL e manda umas palavrinhas amigáveis, mas foi só. Inclusive, o site Submarino também me mandou, e como são bons no ramo dos negócios, sabem que o aniversariante em geral tem uma espécie de...

Vou salvar primeiro... depois falo da compulsão...

Continuando, eles, do Submarino, sabem que os aniversariantes têm uma compulsão para serem indulgentes consigo mesmos nos dias de seus aniversários e estão mais propensos a fazerem compras por impulso, então, maliciosamente, espertamente, indelicadamente, grosseiramente, para resumir, eles, do Submarino, me mandaram um e-mail de felicitações e me convidam, por meio de um link, para sair às compras nessa data tão linda.

Por falar em questões, UOL é uma palavra que requer um 'a' ou um 'o' antes, para se identificar o gênero? É O UOL, o site UOL, o provedor, o portal, ou é A UOL, a página, a porcaria, a Folha? Isso também não merece importância...

Eu tentei, mas não deu. Essa mensagem ultrapassou o limite de caracteres permitido pelo UOL. Então, esse texto segue numa outra mensagem...

Ah, como isso é odioso...


sábado, 10 de julho de 2004

Staying alive...

Continuo vivo, apesar dos pesares, e escrevendo, e trabalhando como um babaca, ferrando a vida dos outros, e a minha também, mas tudo dentro do previsto e do planejado. É para ser assim mesmo.

Em breve completo meus 34 anos. Isso é bom e mau. Tudo é uma questão de ponto de vista. Mas ainda não vi o lado bom disso. Por falar nisso, andei comprando umas bugigangas para me presentear, porque comprar faz bem para o ego, aumenta a quantidade de dopamina no cérebro e me mantém alegre, exceto pelo maldito plug PS2 do teclado novo que comprei, que não tem onde encaixar. Fora isso, o mouse sem fio é bom e o telefone sem fio e caro parece que vai ser bom também, se vier a funcionar. Acho que tudo está indo bem. Tudo wireless...


Meu mano andou em viagens mentais fabulosas. Estive trocando umas idéias com ele e decidi para mim mesmo, com ou sem o consentimento, mas definitivamente sem o conhecimento dele, que ele de hora em diante será meu sócio virtual, para o que der e vier pela frente. Preciso de uma mente paralela para que a minha possa fluir melhor.

Andei comprando uns livros legais. Um sobre estereofotografias e sobre sinergia emergente. Tudo muito louco. Acho que dentro de algumas semanas, depois de eu ter posto o maldito Money em dia, eu já poderei começar a pôr as mãos na massa nos meus projetos malucos. E são tantos!!!

Zappa continua rolando: estou ouvindo o you are waht you is... este cd é perfeito.

Isso, se eu ainda estiver alive... enquanto isso, continuem todos em stand by...

Saturday Night Fever - Bee Gees

sábado, 3 de julho de 2004

Eu sei que ninguém lê esse blog...

...mas mesmo assim, eu insisto.

Ando trabalhando muito. Não fiz nada de útil para mim mesmo, exceto que não estou gastando os tubos e minha casa está limpa e as roupas, todas lavadas, e passadas, exceto algumas poucas. Tenho dormido muito e tomado remédios para tontura, para alergia, vitaminas e pomada para bactérias. Tenho tentado ler, mas não consigo me firmar em nada. Em nada.

Tenho dado uma olhada em algumas coisas na web. Dei uma sondada em Looking Glass da Sun, e hoje perdi um tempão baixando wallpapers de aviões e texturas para trabalhar em programas de imagens. Vou dar uma trabalhada nos meus wallpapers. Tenho ouvido Zappa, e o Dirty Sleep é bom, bem jazz.


De resto, tudo está mais ou menos, mas estou trabalhando demais. Carimbo milhares de notas fiscais, abro caixas, conto mercadorias e ando de ônibus para lá e para cá. Isso não leva a nada, exceto que faz me sentir útil e produtivo. Penso que assim posso mudar minha própria reputação para mim mesmo, passando a me ver menos como um vagabundo e mais como um homem sério. Tenho quase 34 anos e não sei se ainda sou um homem maduro e responsável como acho que os homens devem ser. Sei que sou preguiçoso e penso que todo mundo no meu trabalho me acha um "vagabundo paulista". Mas o que mais dói são minhas olheiras. Antes fosse como as do Benicio Del Toro, roxas e planas...

Ah, minhas malditas olheiras que me denunciam como um vagabundo...


domingo, 27 de junho de 2004

Estranha nostalgia

Antes de mais nada, quero dizer que acho horrível escrever nesse blog. A maneira como editamos o texto é esquisito. Não gosto de ter um tempo fixo para salvar o que quero escrever, nem de ter um limite para meus textos. Na verdade, se ao menos eu soubesse de quantas letras é o tamanho máximo permitido, já seria uma boa coisa, mas não sei. Esse blog me obriga a escrever rápido, errado e, pior, me obriga a escrever de maneira grosseira e feia. Isso tem de mudar. Não quero prazos nem limites. Fora isso, vamos em frente.

Estive hoje em Anápolis, uma cidade na qual morei por longos oito e amargos anos. Odeio ver a palavra "Anápolis" impressa em qualquer lugar que seja.

Estive lá hoje. Não foi tão ruim assim. Conversei com uma pessoa estranha que trabalha numa empresa na qual trabalhei a sete anos atrás, quando ela, a empresa, ainda estava engatinhando. Senti uma estranha nostalgia de um tempo em que eu tinha alguma ilusão, ao mesmo tempo em que não tinha nenhuma esperança real. Mas como o destino é interessante! Das minhas ilusões, não sobrou nada, e das falta de esperança real, surgiu inesperadamente uma saída daquele túmulo no qual vivi por cinco anos. Um túmulo de cinco andares, de cimento e vidro, numa esquina esquecida de tudo à noite, e cheia de rostos amorfos e passageiros durante o dia. O destino me tirou do meu túmulo anapolino, e me depositou num outro, no qual vivo agora, em Goiânia. Não faz muita diferença. Simplesmente vegeto de um modo diferente.

Dassault Mirage III D
Estou ouvindo Creed, mas estava ouvindo Linkin Park, Hibrid Theory, um CD que comprei a quase um ano atrás, e que estava ainda com o plástico de proteção da loja. Eu nunca me importei em ouvi-lo antes. Apenas senti uma compulsão de comprá-lo, original, depois que comprei uma versão dele, pirata, e meu amigo o roubou de mim ainda na mesa do bar, antes que eu tivesse tempo de ouvi-lo. Comprei o CD pirata do vendedor ambulante que vendia suas porcarias de mesa em mesa, e fui ao banheiro. Quando voltei, o CD tinha sumido. Meu amigo, que estava meio bêbado, gostou do CD e o escondeu, e eu fiquei puto, xinguei deus e o mundo, e ele, o meu amigo, xingou junto, mas ficou quieto e ficou com o CD. Depois, fui no shopping e comprei o CD original, paguei cinco vezes mais caro na loja e o coloquei junto aos meus muito outros CDs, ao lado do meu micro, e ele ali ficou, ainda inédito. Não, ele não foi o único que comprei e ainda não ouvi. Tem outro do Linkin Park, o Meteora, este sim, pirata, que também ainda não foi ouvido. Mas isso não é nada.


Sei que em certo sentido sou um comprador compulsivo de certas coisas que me agradam. Não que eu perca o interesse. É algo como: vou comprar agora que posso e quando eu tiver vontade eu consumo de fato. É, na verdade, um impulso meio que de pobre. Algo como um esquilo, que junta bolotas para comer no inverno. Eu, no fundo, acho que não terei outra oportunidade. Meu temor não é de não encontrar o que procuro no futuro, mas de não ter o dinheiro para comprar o que eu vier a querer. Não que eu me importe em perder o produto, porque sei que sempre haverá produtos para serem comprados. Talvez daqui a dez anos eu não encontre o CD do Linkin Park, mas haverá outras bandas boas com seus CDs para serem comprados. A questão não é essa. O que eu não quero é perder a oportunidade de gastar meu dinheiro de maneira prazerosa agora, que tenho algo de bom na mão. É como o pobre que tem de vender o almoço para comprar o jantar. Gosto desse exemplo. Tenho de aproveitar a chance de gastar bem meu dinheiro agora, porque não sei se terei dinheiro amanhã. Isso significa um desajustamento psicológico óbvio.

É duro dizer isso, mas acho que eu não tenho um bom relacionamento com o dinheiro, mas isso é assunto para uma outra história. A verdade, no momento, é que fiz bem em deixar Anápolis, fiz bem em deixar a pequena empresa em que eu gostava de trabalhar, e que era a única ilusão que eu tinha. O único funcionário que restou da época em que trabalhei ali hoje é o manda-chuva. Ele, esse manda-chuva, amigo meu, é um cara legal, e eu sei que ele, ou eu, seríamos mais cedo ou mais tarde, um dos dois, mas não os dois ao mesmo tempo, o cabeça dessa empresa, porque dávamos o sangue por ela. No fim, eu estava certo: ele chegou lá.

Por outro lado, hoje eu ganho o dobro do que ele ganha. Quem venceu? Mas dane-se isso de querer saber quem venceu e quem perdeu. Não somos inimigos. Talvez a luta ainda não tenha nem sequer começado para nós.

Uma coisa é certa: para os Mirage da Base Aérea de Anápolis, o fim chegou: um velho exemplar deles, um monstrengo velho, bicudo, cinza e de asas em delta, está agora servindo de banheiro para os pombos numa das praças principais da cidade. Um triste fim para um pássaro daqueles. E pensar que já foram a glória da aviação nacional. Pensar que pilotos arrogantes se sentiam Top Guns quando subiam, brincavam de guerra e depois desciam de um deles! Quanta vaidade!

Sim, senti uma estranha nostalgia...