terça-feira, 24 de julho de 2012

Abalando impérios

Eu questionei a um tempo atrás sobre o poder das ideias. Fiz a seguinte pergunta: de onde advém o poder de uma ideia?

Mas, por que as ideias são tão importantes?

Eu sou alguém que estudou Administração de Empresas. Parece que esse negócio de ideias está mais para Filosofia que para qualquer outra coisa.

No entanto, foi no livro "A História do Pensamento Econômico", de Robert Heilbroner, sobre a história da Economia, e não da Filosofia, ou das Religiões, que li uma das afirmações mais interessantes sobre o poder das ideias. A introdução do livro começa assim:

"Este é um livro sobre um punhado de homens que têm um curioso direito à fama. Segundo as regras dos livros de História de um colegial, esses homens nunca existiram: não comandaram exércitos, não enviaram homens para a morte, não construíram impérios e tiveram pouco a ver com os tipos de decisões que fazem a História. Alguns deles conseguiram certo renome, mas nenhum se tornou herói nacional; outros poucos foram claramente ofendidos, mas nenhum foi apontado como criminoso nacional. No entanto, o que eles fizeram foi mais decisivo para a História do que muitas ações de estadistas que foram envoltos em cintilante glória, pois, na maioria das vezes, perturbaram muito mais do que o ir e vir de exércitos de uma fronteira para outra, e tiveram mais poderes para o bem e para o mal do que os éditos de reis e de legisladores. Isso porque eles moldaram e agitaram as mentes dos homens. 

E como quem consegue atingir a mente do homem detém um poder maior do que o da espada e o do cetro, esses homens moldaram e agitaram o mundo. Poucos deles nem sequer ergueram um dedo em ação; na maior parte, trabalharam como estudiosos — quietamente, despercebidos e sem dar muita importância ao que o mundo tinha a dizer a seu respeito. Mas, em seu rastro, deixaram impérios abalados e continentes arrasados; fortaleceram e solaparam regimes políticos; colocaram classes contra classes e até mesmo nações contra nações — não com intrigas maldosas, mas com o extraordinário poder de suas idéias.

Quem foram esses homens? Nós os conhecemos como Grandes Economistas, mas é estranho como sabemos pouco a respeito deles. É de pensar que em um mundo dilacerado por problemas econômicos, um mundo que se preocupa constantemente com interesses econômicos e fala em resultados econômicos, os grandes economistas deveriam ser tão familiares quanto os grandes filósofos e estadistas. No entanto, são apenas sombras no passado e os temas que eles debateram tão apaixonadamente são olhados com uma espécie de respeito distante. A economia, disseram, é inegavelmente importante, mas fria e difícil, portanto é melhor deixá-la para aqueles que se sentem em casa nas obscuras paragens do pensamento.

Nada pode estar mais longe da verdade do que isso."

É verdade que não são somente os economistas que concentram o monopólio das ideias. Claro, há filósofos, cientistas, religiosos e líderes, mas em geral o texto ajuda a dar a verdadeira dimensão do poder das ideias.

Por estes parâmetros, um líder qualquer, por mais popular que seja e por mais seguidores que tenha, não detém o poder real se não é dono das próprias ideias. Se simplesmente prega as ideias de outra pessoa, então não é realmente um líder, mas um mero seguidor. Quem realmente tem o poder de abalar impérios é o pensador original.

Aos poucos, vou me convencendo de que o mundo é formado por apenas duas classes: a dos estudiosos e a dos preguiçosos, com os primeiros necessariamente comandando os demais.

Embrenhar-se nas "obscuras paragens do pensamento" deveria se algo natural para nós, humanos, mas não é. Pensar dá trabalho e é mais cômodo abster-se de pensar e se deixar levar pelos mais corajosos e esforçados.

E assim, em meio ao fluxo de metrôs, ruas e hospitais superlotados, passeatas e crises, o povo se debate como um cardume, incapaz de enfrentar a preguiça mental que o aprisiona.

Esta característica tão humana, a preguiça mental, sempre me incomodou. Muito tenho pensado e escrito sobre ela, embora que tenha mantido tudo reservado apenas a mim mesmo. 

"Livre-se da preguiça mental e abale impérios!"

Este chamado é sedutor, mas será que é isto mesmo?

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