sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Eu amo os aviões

Eu disse que escrevi muitas cartas a partir do momento em que saí de casa quando tinha dezessete anos e fui para o quartel.

Sim, fui para a Força Aérea Brasileira.

Eu amava os aviões.

Eu ainda amo os aviões.

Não sei dizer exatamente o que aconteceu com minha vida que me levou a me afastar deles como profissão, já que deixei a Força Aérea em 1995. Nem sei o que me levou a me reaproximar deles, mas eu não posso deixar de admitir que adoro os aviões.

Eu também adorava as guerras. Eu não entendia, eu não podia entender, eu era na verdade jovem demais, ingênuo demais, cru intelectualmente demais para entender as guerras como são realmente, por isso, adorava militarismo em geral. Adorava estudar tudo sobre a Segunda Guerra Mundial, sobre a Guerra do Vietnã e principalmente, a Guerra das Malvinas.

É uma longa história.

Eu tinha doze anos quando estourou a Guerra das Malvinas. Foi nessa guerra que tive contato com tudo sobre militarismo. Daí a querer ser militar foi um pulo. Acabei sendo um deles, mas algo deu errado no meio do caminho e o sonho desvaneceu-se rapidamente.

Hoje, não acredito nas guerras. Estudo-as com muita curiosidade, mas não vejo nelas um feito de glórias, mas de dor e sofrimento, e não desejo que sejam realizadas, nem prolongadas, nem planejadas, nem romantizadas. As guerras são todas ruins, sem excessão.

Mas os aviões são um caso a parte. Independentemente de serem aviões civis ou militares, são máquinas magníficas.

Curiosamente, não tenho vontade de voar. Nem gosto de games de simulação.

Não sei, mas há algo de interessante nesse meu interesse pelas histórias das guerras e da tecnologia aeronáutica. Aliás, houve época em que eu adorava a própria astronáutica, a corrida espacial, os foguetes e satélites, naves e sondas. Sonhei em ser astronauta, como todo menino sonhador um dia já sonhou.

Mas esse sonho passou. Como a vida passa!

Agora, sou um burocrata, um funcionário público, um acomodado, um descrente e cético. Sou uma espécie de bagaço despido de ilusões.

Mas as cartas provam que já fui diferente.

E as pilhas de revistas de aviação provam que amei os aviões muito mais intensamente.

Se ao menos eu tivesse me tornado um engenheiro mecânico, mas não.

Acabei me formando um administrador de empresas. Um administrador de empresas que teima na burocracia, sem fé, sem calor, sem esperanças.

Por que a vida da gente segue rumos tão estranhos?

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