Eu disse que tenho uma velha Agenda 99 e que uma de suas primeiras páginas é dedicada àquilo que chamamos "atitudes afirmativas". A agenda pedia que escrevêssemos algumas ações que tomaríamos no início do ano e que ajudariam a salvar o mundo do colapso ambiental.
Eu, com a ingenuidade de um bom consumidor, listei cinco atitudes que julguei ecológicas.
A primeira atitude era "parar de fumar".
O que tem a ver "parar de fumar" com ecologia?
Eu já fiz essa pergunta antes, nesse blog, neste post, mas não a respondi.
De que forma um fumante contribui para a destruição do planeta Terra?
Acho na verdade que fumar e destruir a natureza são coisas tangentes. São formas diferentes de agressão inadmissíveis. São ambas coisas que devem ser combatidas. São problemas com causas diferentes e soluções diferentes, mas ambas urgentes e delicadas.
Há entre o fumante e o destruidor da natureza uma estreita relação. É uma relação sutil, mas crítica. Solucionar um problema é pré-condição para a solução de outro problema. Senão, vejamos.
Entendo que um fumante, e eu já fui um fumante, empreende uma ação no ato de fumar que representa uma séria agressão a sua própria saúde. Parece que hoje em dia poucos são os fumantes que admitem ignorar os males que o fumo produz. Podem desprezar os riscos, podem alegar que são riscos de longo prazo, mas não podem afirmar que não existem riscos à saúde.
Ora, um fumante é pressa de um vício. Um vício químico, é verdade, mas um vício destrutivo.
Em meu raciocínio rápido, pareceu-me incoerente que alguém possa tomar atitudes ecológicas sem antes tomar atitudes mais urgentes em busca de salvar a si próprio de um vício claramente destrutivo.
São riscos reais os decorrentes da destruição ecológica do planeta, mas um fumante está muito mais sujeito a riscos que um não fumante.
Além disso, era para mim uma questão de amor próprio. Como pode alguém amar a natureza e não amar a própria saúde?
Como salvar o mundo e não salvar a si próprio antes? Pior: como esperar salvar o mundo morrendo antes inutilmente de um vício?
O pensamento ecológico deveria, sim, estar subordinado ao pensamento de uma vida saudável. Pessoas doentes deveriam primeiro cuidar de si, depois cuidarem do mundo.
Assim, pareceu-me que não poderia me deter em ações ecológicas sem antes cuidar de minha própria saúde.
Mas, se o fumo é um vício, e não nasci fumando, como acabei caindo nesse engano tão caro e doloroso?
Essa é outra questão. Mas não para agora.
Ademais, esse meu raciocínio sobre a relação entre fumo e ecologia está relativamente correto, mas incompleto.
De qualquer forma, parei de fumar.
Essa é a questão principal, e que muito me tem feito pensar.
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