Eu disse aqui que este blog busca registrar minhas ideias. Também disse aqui que ideias podem abalar impérios. Mas o que eu ainda não disse, e não disse porque não havia pensado nisto antes, é que uma pessoa não realiza-se somente pela criação, expressão e difusão de suas ideias ao resto do mundo.
Sim, ideias são grandes realizações e grandes homens são famosos por suas grandes ideias, mas o que quero dizer é que a vida não se resume a ter grandes ideias. Além do mais, grandes ideias são raras. Não podemos ser todos grandes pensadores. Devemos pensar sempre, mas o muito pensar não implica necessariamente na geração de grandes ideias. Podemos pensar e esses pensamentos podem dar em nada.
Nem por isso os não pensadores, ou os pensadores de poucos resultados deixam de ter seu valor.
As pessoas se realizam de diferentes maneiras.
Pessoas realizam-se dedicando-se àquilo que gostam, e isso pode incluir quase tudo. Qualquer coisa que pode ser alvo do interesse de um ser humano pode ser também objeto de dedicação e realização pessoal. O mundo pode não ver o mesmo valor para todas as atividades de todos os seres humanos, mas isto não significa que uma pessoa não possa se realizar fazendo com dedicação e prazer aquilo que gosta.
O que eu já fiz que tenha sido motivo de alguma dedicação e prazer?
Certamente não passei meus 42 anos de vida fazendo somente aquilo que a vida me obrigou a fazer.
De que maneira eu consumi até agora esse imenso volume de tempo?
Trabalhando para ganhar a vida? Estudando? Vendo televisão?
Tudo isso são atividades que fazemos o tempo todo.
Eu sinto que aquilo que fiz é motivo para me sentir realizado? Quer dizer, se eu fizesse um resumo de, digamos, todas as horas que passei vendo televisão, poderia ler esse resumo e concluir que sinto que a decisão de usar este tempo todo é de fato uma realização pessoal que me enche de orgulho?
Dizendo de outra maneira: será que eu poderia ter usado meu tempo de outra maneira?
Mas, será que eu conseguiria?
A realização pessoal é um critério que podemos usar para avaliarmos se estamos vivendo conforme esperamos ou não?
Talvez sim, talvez não. O que dizer daqueles que não dispõem de tantas opções, e que têm o dever consumindo suas vidas, mesmo que o façam a contragosto?
Os escravos que construíram as pirâmides no Egito Antigo, por exemplo, ainda que tenham vivido cumprindo seus deveres forçados contra suas vontades, e pessoalmente, se pudessem, não tomariam parte daquela empreitada, ainda assim tiveram suas vidas imortalizadas nas milhares, milhões de pedras perfeitamente alinhadas para a posteridade. Realizaram-se, ainda que a contragosto. Consumiram-se em um projeto mais longo que suas breves e sofridas vidas.
Então, concluo, nos realizamos fazendo o que gostamos, mas mesmo que tenhamos limitadas possibilidades, ainda assim podemos nos realizar fazendo parte de uma grande obra humana, uma grande realização, ou, por fim, não fazendo grandes coisas, mas cumprindo nosso dever com responsabilidade e dedicação.
Então, concluo, nos realizamos fazendo o que gostamos, mas mesmo que tenhamos limitadas possibilidades, ainda assim podemos nos realizar fazendo parte de uma grande obra humana, uma grande realização, ou, por fim, não fazendo grandes coisas, mas cumprindo nosso dever com responsabilidade e dedicação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário