sábado, 20 de julho de 2013

Por que não a inércia?

Por que não a inércia?

Esta foi a segunda pergunta que fiz a mim mesmo dentro de um processo de questionamento do qual já falei neste blog, aqui.

Por que fiz esta pergunta? O que eu queria dizer com ela? A que eu estava me referindo ao falar em inércia? Que inércia? A que sentido da palavra inércia eu me referia?

A pergunta acima está diretamente relacionada a uma frase de Dale Carnegie em seu livro "Como evitar preocupações e começar a viver". Eu já tratei desta frase neste blog, aqui.

Reproduzo novamente a frase abaixo, para melhor nos situarmos. Carnegie a profere no final de seu prefácio, onde conta como e porquê o livro surgiu. Ele cita fontes de consultas, e fala do seu trabalho no livro mais como uma compilação de ensinamentos antigos do que como uma fonte de ensinamentos novos. Carnegie nos lembra que bons ensinamentos sobre paz de espírito e saúde mental existem há milhares de anos. Ele nos lembra:

“Mas já que tocamos no assunto, você e eu não temos necessidade de que nos contem nada de novo. Já sabemos o suficiente para viver vidas perfeitas. Todos nós já lemos as regras de ouro e o sermão da montanha. Nosso mal não é a ignorância, mas a inércia.”

Nosso mal é a inércia, e não a ignorância, quando o assunto é viver melhor.

Em minha primeira pergunta, indaguei: por que se preocupar com autoajuda?

A resposta está dada aqui: despreocupar-se com o objetivo de uma vida melhor, com paz de espírito e algum grau de sucesso significa simplesmente flertar com o fracasso, bem mais fácil e provável de ser obtido.

Então, a pergunta "por que não a inércia?" é uma forma diferente de se perguntar "por que se preocupar com autoajuda?", exceto que agora, ela está dentro de um contexto do livro de Carnegie.

Deixar nosso estado de ser baseado em hábitos diários, deixar nosso modo de vida inerte é muito difícil. Começar a dar um passo, por pequeno que seja em busca de uma vida melhor requer um esforço que as pessoas em geral não estão dispostas a despender. Qualquer coisa que envolva esforço, desconforto e resultados não imediatos nos desanima. Não é mais fácil a inércia?

Mas, é bom que saibamos que Carnegie livra a ignorância da culpa pelos nossos problemas. Se não vivemos da maneira que gostaríamos, a culpa não é da ignorância. A culpa é da inércia. Logo, não são só os ignorantes que sucumbem à inércia, mas mesmo aqueles que sabem o que deveriam fazer, mas não fazem.

Então, se nosso problema é a inércia, e não a ignorância, não somos necessariamente todos ignorantes. Mas, eis o paradoxo, como é possível que saibamos o que devemos fazer e não façamos?

Não preciso dar exemplos de situações comuns em que nos metemos em problemas e levamos uma vida aquém do que poderíamos levar simplesmente porque não colocamos em ação aquilo que sabemos que poderia ser a solução de nossos problemas, porque somos inertes.

Mas, mais uma vez, pergunto, agora de uma forma diferente: como é possível que uma pessoa saiba como resolver um problema, mas mesmo assim, é inerte e não o resolve? Como se sente uma pessoa nesta situação? Em quem pode colocar a culpa de estar na situação que está? Ela pode culpar alguém mais que ela mesma pela miséria mental e material em que vive? Como uma pessoa pode dormir em paz sem culpa pela sua inércia?

Esta é a resposta para a pergunta, então, ao menos para mim: eu não posso optar pela inércia porque eu não sou ignorante, sou um adulto apto para a vida e não posso culpar ninguém em particular por não dar uma solução para os problemas os quais eu sei a solução, mas não os soluciono por pura inércia.

Inércia é comodismo, é preguiça, é hábito nocivo, é, enfim, um vício.

Eu não poderia por minha cabeça sobre um travesseiro todas as noites sabendo que meus problemas só existem por culpa de meus próprios vícios.

Eu jamais permitir-me-ia sucumbir diante de um vício.

Outros, talvez. Não eu. Vícios, comigo, não.

Eu sentiria vergonha de minha inércia.

Eu não seria capaz de me encarar frente a um espelho.

Por isso, eu decidi dizer um não à minha inércia.

Sucumbir à inércia, jamais.

Mas, então, eu fiz uma terceira pergunta...

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