sexta-feira, 30 de julho de 2004

A ópera, Francis Crick e a futilidade da existência

Espero que não perca nada desta vez...

Estou ouvindo ópera: Wagner, Puccini e Mascagni. Já ouvi esse CD quase um milhão de vezes. Foi o primeiro cd que comprei na vida. Claro, eu já gostava de música erudita antes, mas não havia os CDs, e eu ouvia nos lps. Então, assim que comprei meu aparelho de som com CD, comprei esse "The Best of Opera", uma coletânea, que aos poucos fui aprendendo a apreciar.

Desconheço música mais poderosa e brilhante que A Abertura de "Os Mestres Cantores de Nuremberg", de Wagner. É absolutamente perfeita. E tem muitas outras peças lindas neste CD. Perdão, mas quem não conhece música erudita, não conhece a beleza verdadeira em forma de som. É uma espécie de pessoa que ainda não experimentou em termos musicais o melhor que a humanidade pode oferecer.

Mas tem mais: morreu Francis Crick, um dos pais da descoberta da molécula do DNA. Quem não conhece um pouco sobre ciência não liga a mínima para isso, mas para muitos, foi uma grande perda. Crick foi mais um dos grandes do século XX. Ele foi grande não só em genética, onde trabalhou pouco. Ele foi grande principalmente em áreas como a da neurologia, onde procurou entender o cérebro humano, numa longa carreira de pesquisas.


Pensando em Wagner, em Crick, em óperas e livros, em pesquisas e obras, em tempo e memória, fico pensando sobre a futilidade da vida. Para bilhões de pessoas neste maldito planeta, para a maioria, Wagner e Crick não significam nada. Wagner ter passado meses seguidos compondo cada nota cuidadosamente, esmerilhando seu trabalho, pesquisando seu tema mitológico, sendo tudo o que um compositor poderia ser, deixou um legado que só pode ser apreciado em uma pequena parcela por um pequeno grupenho de seres humanos. Todos admitem que ele foi grande, que Wagner foi um monstro do século XIX, mas ninguém sabe dizer nada sobre sua obra. Ninguém ouviu nada sobre ele. E se ouviu, torceu o nariz. E sobre Crick, ninguém o conhece, e toda a sua obra, o resultado de milhares de horas de leituras, pesquisas, compenetração, argúcia e inteligência, destiladas em forma de livros e artigos, ficam relegadas a um punhado de privilegiados seres humanos, que têm a sorte de poder conhecer uma pequena parte daquilo que pensava um grande homem, daqueles dos quais não se encontra um em cem milhões. O Brasil, com sua massa humana, não tem nem um único Wagner e nem um único Crick.

Francis Crick

Sinto-me privilegiado.

Sinto a sadia inveja de ser como os grandes.

Que daqui a um século alguém possa dizer: a humanidade não conhece as obras de Rosenvaldo, mas os que conhecem são privilegiados, porque têm o que de melhor a humanidade pode produzir sobre aquele tema.

Queria ser a razão desse privilégio. Só não sei como...

Calma...


segunda-feira, 26 de julho de 2004

Natimorto

Foi um texto natimorto. Estava falando sobre coisas legais, mas perdi tudo. Isso é que se pode chamar legitimamente de terrorismo virtual: a Al Qaeda não precisa de hackers, ela precisa simplesmente aprender com o pessoal do UOL a fazer besteira de verdade. Eh, bloguinho vagabundo...

Vazio digital: segunda tentativa...

Lá vamos nós:

Eu dizia que a Internet tem sofrido com a falta de criatividade de seus usuários, porque andei fazendo umas pesquisas com o Google e fui atendido com uma dezena de páginas sobre 'Charles Spurgeon', que eu não sabia quem era ou foi. Eu tinha lido uma frase sua no primeiro capítulo do livro "A Universidade do Sucesso" de Og Mandino, mas não sabia quem era Spurgeon.

A pesquisa me mostrou que ele foi um famoso pregador britânico que viveu no século XIX. O problema é que havia dezenas de páginas com o mesmo texto. Simplesmente um a cópia do outro.

Alguém já disse que depois que surgiu o Windows, nada se cria, tudo se copia e cola. Acho isso bem verdade, e mais ainda na Internet.

Procurei ainda alguma coisa sobre James P. Carse, e me surpreendi com o tanto de frases dele que o pessoal usa, muitas vezes fora de contexto, ou mesmo em um contexto totalmente errado. Eu achava que fosse mal de brasileiro, que é preguiçoso, mas as páginas em inglês também são repetitivas ao infinito.


Esse negócio de se usar frases de autores famosos é meio perigoso. Acho que a Internet poderia ser mais bem explorada, e que as pessoas deveriam pensar e debater mais sobre as ideias prontas que muitos autores nos apresentam. Falo isso porque se tomarmos dois livros quaisquer, tenho certeza de que encontrarei neles orientações absolutamente contraditórias. Mesmo dentro do texto de um mesmo livro, de um só autor, há terríveis contradições. Seguir qualquer orientação sem meditar um pouco sobre o seu significado pode ser perigoso. O perigo maior é que não percebemos a contradição em uma primeira leitura, e mesmo depois de muita releitura. A contradição é sutil, por isso perigosa.

Onde estão os leitores críticos do mundo globalizado? Ninguém nunca contestou Og Mandino. Onde encontro um texto lúcido sobre algum texto de Mandino escrito por alguém que o leu, pensou no assunto e percebeu que aquilo que estava escrito não era bem a coisa certa a ser feita? Tudo bem, pontos de vistas são pontos de vistas, mas é muito importante termos pontos de vistas diferentes e não apenas frases simples e mais frases simples extraídas de livros de autores que sequer sabemos quem são. Só por curiosidade, descobri que Mandino foi alcoólatra, ficou milionário e morreu em 1996, e que César Romão, escritor brasileiro, é quase um discípulo dele. Nunca li Romão, mas nem por isso fiquei tentado a ler.

Mas já que estamos falando em ler, e em criticar, sugiro a você que leia Irving M. Copi e seu delicioso e didático (e grosso) livro "Introdução à Lógica". Garanto que depois de lê-lo, você terá uma nova visão daquilo que você anda lendo por aí, e também garanto que terá uma nova ideia de Sherlock Holmes. Não engolirá mais frases feitas sem antes dar uma pensada a respeito. Se ler, seja corajoso e tente resolver os exercícios que Copi propõe. Sua mente vai fundir (e se aguçar!)...

Enquanto isso, eu continuo fazendo minhas pesquisas nesse vazio digital, que a Internet nos proporciona. Tudo bem, poderia ser pior.

Esse texto, meu amigo, era diferente nas palavras, mas é o mesmo no conteúdo. O anterior era mais bem escrito, mais bonito e poético, mas o tempo esgotou e eu o perdi. Se esse segundo não ficou tão bom, agradeça ao gênio webmaster do UOL, que criou o limite de tempo para escrevermos correndo...

Ah, quanta vontade de ver esse portal nas mãos de um mexicano bom de serviço, ou um espanhol. O UOL passou da hora: cresceu, amadureceu, mas não vingou. Acho que vai morrer podre no galho seco no qual se aferra em ficar... uma pena...

Terrorismo e o vazio digital

Estou desapontado com o UOL. Perdi novamente um texto porque algum tiranossauro, algum espírito de porco, algum desajustado infeliz metido a webmaster resolveu que não podemos escrever nossos blog pelo tempo que quisermos... o texto vai nascendo, crescendo, ficando bacana, e depois uma mensagem babaca e sem necessidade nos avisa de que nosso tempo esgotou e depois perdemos tudo, e uma maldita senha é pedida não sei por que diabos de necessidade idiota que alguém tem de atrapalhar a vida dos outros.


Tudo bem. Vamos tentar de novo. Eu não vou encerrar a minha conta no UOL hoje. Não vai ser preciso: mais dia, menos dia, vem um magnata mexicano ou venezuelano e compra o UOL e põe esses webmasters incompetentes no olho da rua. E aí a coisa vai ser realmente de qualidade.

Vou tentar escrever meu texto de novo...


sábado, 24 de julho de 2004

Orkut e horizontes conceituais

Até que enfim, consegui, por meio de uma gambiarra, fazer a parte superior da tela onde digitamos nossos textos de blog aparecer...estava sumida, e só posso imaginar que seja mais um bug dos programadores do UOL, falhando sempre. Mas tudo bem, aqui estou...

Acabei de ser convidado a participar do Orkut, o grupo de amigos do Google. Fiz meu perfil por lá e quero ver no que dá. Nada demais, apenas a fama de ser algo bastante maduro para os padrões da web. Convidei meu mano e vamos ver se juntamos a turma da infância e adolescência num canto só. Acho difícil, mas vamos tentar. Ainda acho que não há nada mais prático e eficiente que o tradicional e-mail, mas ainda assim, vou experimentar o Orkut. Foi o Fernandão, da Fernandão Homepage, que me envia piadas todos os dias por e-mail, quem me convidou. Ele é um cara legal. Grato, Fernandão!

Ando ainda entretido com o Money. Finanças não é coisa fácil e esse trabalho ainda vai me consumir muitas horas de suor.

Andei dando uma olhada numa possível upgrade desse meu micro que vos escreve. Tenho um reles, mas fiel, Pentium 266 (acreditem!!), que funciona de verdade. Não deve nada a nenhuma máquina mais moderna, exceto pelos games, que são pesados de rodar, e o maldito XP, que não uso. Aliás, nem os jogos eu jogo, então, não me faz diferença. Meu velho Pentium tem uns oito, dez anos de uso, mas não me deixa na mão, exceto em alguns momentos extremos. Mas tenho que pensar em modernizar meu aparato tecnológico, porque hoje até que é barato. Vamos ver se compro algo por ai.

Acabei de ler "Jogos finitos e infinitos", de James P. Carse, e achei que fosse um livro de auto-ajuda, mas não é. Ele é de filosofia, e das mais herméticas. tem seu irmão gêmeo, ou anti-irmão, o "Respeita seus limites", de Ricardo Peters. São livros de uma filosofia impregnada de religião. São escritores-teólogos, ou teólogos-filósofos, ou coisa do tipo. Mas não é uma leitura fácil, e o estilo de Carse é repetitivo, e pouco claro. Não leva a nada, exceto pelo conceito de horizonte. De fato, qual o limite de um horizonte? Ele é versátil e muda de acordo com nosso ponto de vista. Neste caso, o horizonte visual é usado como metáfora para o que deve vir a ser o nosso horizonte intelectual, ou filosófico: aberto, mutável, sem limites. Por isso, o livro de Peters, que nos impõe que respeitemos o nosso limite, é uma espécie de contraparte do livro de Carse. Mas não posso tecer mais comentários sobre o tema, porque precisaria ler alguns filósofos contemporâneos, o que não fiz ainda. Tem um hermetismo nessa filosofia do século XX que cheira a Hegel, que eu detesto, como o detestava também o sábio Schopenhauer, e isso ainda na época em que ambos conviviam no mesmo país. Heiddeger, Witgeinstein, Sartre, esses caras me parecem ainda um tanto que confusos em suas filosofias. Sartre nem tanto, mas Heiddeger, sim. Quem sabe mais alguns livros adiante e eu possa entender melhor esse "Jogos finitos e infinitos". Por enquanto, ficou a lição do horizonte conceitual. Já é alguma coisa.


Comprei um cd de Natalie Cole, Unforgettable, e não é lá grande coisa, exceto por duas ou três músicas. Unforgettable é a melhor, sem dúvida, mais por Nat King Cole do que por Natalie. Ela não tem a voz forte o suficiente, mas as músicas  são bonitinhas, e está tudo bem.

Unforgettable - Natalie Cole
Por que sinto um arrepio quando ouço a abertura de "Os mestres cantores" de Wagner? Por que música clássica é tão bom, tão melhor que tudo o mais? Acho que a única coisa que se compara em impacto a um rufar de uma orquestra seja alguns rifes do Metallica e do Slayer ou Sepultura. O resto fica devendo poder e força, e muito. O jazz é um luxo, mas é só.

Vou dormir. Está frio, e isso é raro em Goiânia. Tenho que aproveitar e tomar muito chá de camomila e de outros que comprei no ano passado, esperando o frio que não veio. Exageros à parte, meus chás não são tão velhos, mas não são eternos. Precisam ser bebidos enquanto podem ter a capacidade de produzir algum sabor, senão, terei somente uma xícara de água quente com gosto de mato seco. Não é mal, mas é pouco.

Como diz Carse, ou, despedindo-me ao estilo Carse: eu não vou dormir, eu vou acordar para os meus sonhos...


domingo, 18 de julho de 2004

Eles ou nós

Ou melhor: "Them or us". Esse cd do Frank Zappa é simplesmente ótimo.

Antes eu achava que o "You are what you is" fosse o mais louco, mas esse "Them or us", de 1984, é muito legal. Tem algumas músicas fantásticas. Por exemplo: a primeira, "The closer you are", é um beebop dos anos 50, perfeita. A segunda, "In France", é uma piada. O vocalista é meio gago, parece que posso ver a cara dele, com os dentes para frente. Já a terceira, "Ya Hozna", é muito, muito bizarra. O som é pesado, uma guitarra muito boa, mas o vocal é do outro mundo. Um conjunto de vozes macabras cantando algo ao contrário. Uma tormenta sonora. E, claro, a sétima, "Stevie's spanking", onde o Stevie Vai (que se pronuncia Vai mesmo, e não Vei) simplesmente detona na guitarra. Mas não é só: tem a ótima "Frogs with dirty little lips" e todas as outras nove, num total de quinze ótimas músicas. Recomendo!

Ando colocando o Money em dia. Eu sei que sou capaz de coisas difíceis, mas essa é mais uma prova de meu potencial. Eu sou razoavelmente bom, quando decido me esforçar bastante. Espero conseguir as coisas que quero, porque estou aprendendo como me controlar.


Não dormi essa noite, e estou escrevendo quando deveria estar dormindo. Estou com fome e com dor de cabeça, mas pudera! Estou forçando a barra.

Estou dando uma lida em "Jogos finitos e infinitos". Será que a vida é mesmo um jogo? Quem sabe? Mas não consigo avançar muito nas páginas do livro. O Money toma todo o tempo.

Comprei um alteres de borracha cor de laranja berrante e com uma buzininha dentro para o meu cachorro BJ (pronuncia-se Bidjei), meu pastor preto. Ele fica doidinho com o brinquedo. BJ é um bom cachorro. Cachorro preto...

É isso. Comprei um cd de hits de soul music, bem baratinho, e outro de hits de Ella Fitzgerald, e um só com som de chuva, todos no Extra aqui de Goiânia. Mas depois eu comento sobre o que achei deles.

Agora vou dormir, ao som da chuva digital....