Ainda que eu diga que goste de escrever, por vezes passo longo tempo em quase completa inatividade. Não escrever não significa, no entanto, não estar vivo, ativo, pensante e excitado com o mundo à minha volta.
Nas últimas semanas tenho desfrutado de boas férias, e tenho aproveitado o tempo para refletir muito sobre um monte de coisas. Tenho lido bastante, e por fim, não tenho escrito nada. Na verdade, quanto mais penso e leio, mais confuso fico.
Acontece que o ato de escrever ajuda-me a controlar a confusão mental em que me encontro. E talvez este blog não seja o lugar certo para escrever as coisas que ando pensando, mas por outro lado, ele pode ser um lugar bastante interessante se pensarmos que minhas ideias serão colocadas à disposição do mundo imediatamente, assim que publicadas neste blog. É curioso saber que um pensamento pode se transformar em palavras e ser difundido a todo o planeta em questão de instantes.
Que impacto essas ideias terão? Quem as lerá, e o que pensará delas?
Talvez isso soe como uma espécie de exibicionismo mórbido, como aquela casa de vidro dos Big Brothers da vida.
Não, eu não tenho este desejo doentio de virar celebridade. Mas eu tenho um desejo doentio de tentar entender o que se passa na minha cabeça e um desejo ainda mais profundo de achar um sentido para a vida absurda na qual vivo.
Não, a minha vida não é uma vida muito diferente da dos demais cidadãos desse imenso país, ou mesmo desse imenso mundo. Não é somente minha vida que não tem sentido. São as vidas de quase todos os humanos, que boiam sobre este mundo moderno que parece mais um oceano caótico, e que, ainda que achem que suas vidas tenham sentido, estão apenas se iludindo, e sendo soprados por um vento erradio e insensível a nós todos tal como tampas de garrafas plásticas sugadas ao mar por um gigantesco tsunami.
Acho que este desejo de sentido é da natureza humana. Não vejo nada de errado nele. Não vejo porquê não deixar isto público ao mundo.
E tem mais: não consigo pensar em nada de importante que não tenha a ver com meus semelhantes. Não acho que chegarei a qualquer lugar sozinho. Assisto ao drama do mundo em quase completo silêncio, e este silêncio é doloroso. Sei que não sofro sozinho. "Você pode me chamar de sonhador, mas eu não sou o único...".
Sou jovem demais para calar-me em silêncio. Sou fraco demais para gritar sozinho. Mas, quem gritará comigo?
Não sei se estou sobre alguma rocha ou se apenas boio iludido de estar sobre algum suposto ponto firme, mas tenho a impressão de que o mar vai me engolir a qualquer momento. Eu não estou seguro neste mundo. No entanto, sou jovem demais para parar de nadar e morrer sobre esse pequeno rochedo inóspito. Nem posso dar-me ao luxo de descansar os braços e ser engolido pelo próximo vagalhão.
Eu não posso parar. Eu não posso me calar. Eu não posso lutar sozinho.
Por isso, e somente por isso, continuo escrevendo neste maldito blog.
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