É fascinante observar como nossos problemas mudam ao longo do tempo.
Estamos tranquilamente vivendo nossas vidas rotineiras quando, do nada, surge um problema. Qualquer um, de qualquer natureza que seja. E ele nos transtorna. E nos deixa aborrecidos. E só temos pensamentos para ele, o problema, que brotou em nossa vida como uma erva daninha no gramado verde de nossa vida.
Debatemos, fazemos ligações telefônicas, esbravejamos, gastamos um dinheiro que não esperávamos gastar, perdemos um tempo que não esperávamos perder, e aos poucos, o problema vai se resolvendo. O broto de erva daninha seca, ou, quem sabe, percebemos que não era erva daninha, mas uma planta viçosa e bela, e ela agora faz parte do nosso horizonte, e abrimos a janela pela manhã, e todas as manhãs aquilo que nasceu como um problema agora é um verdejante emaranhado de folhas vivas e por vezes, dá flores!
Então, um dia algo ocorre, e eis nós novamente com mais um problema. Dois. E sofremos em dobro, e esbravejamos, e aquele canto verde do jardim, que mal reparávamos, agora está coberto de uma penugem que só pode ser alguma praga, que comerá nosso jardim se não fizermos nada e ficarmos somente olhando.
E sofremos, e gastamos dinheiro e tempos preciosos e a penugem retrocede, embora não suma de todo. E o tempo passa, e daquela penugem surgem uns talinhos finos que parecem frágeis e insignificantes, mas são belos, e nos acostumamos com eles, e eles produzem algumas flores pequeninas e vermelhas de tempos em tempos.
E vamos envelhecendo, e nosso jardim vai crescendo, e não percebemos, mas ele está totalmente tomado de cores variadas, folhagens exóticas, flores cheirosas e nelas os insetos rodopiam e os beija-flores sugam uma doçura transcendente e vital.
Quanta dor há em cada flor! Quão caro nos custou este jardim e quanto tempo levou para adquirir esta aparência que é estranhamente bela e dolorosa!
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