segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Fora de controle

Se, depois de adultos, temos algum controle sobre o que pode nos influenciar, por outro lado, há uma fase em nossas vidas em que somos influenciáveis, mas não temos controle algum da situação.

Esta fase vai de nosso nascimento, de nossa concepção, na verdade, até o momento em que tomamos a consciência de que somos seres vulneráveis, mas podemos escolher o rumo de nossas vidas.

Há o famoso ditado:

"Diga-me com quem andas e direi quem és."

Ele, em geral, é verdadeiro, embora não tenha a exatidão matemática que o tornaria uma lei da natureza.

Mas uma criança não tem os meios de escolher suas influências.

Ela não pode escolher quase nada.

Daí que as crianças não são culpadas de nada. Se não podem escolher, não podem ser culpadas. São o que são por imposição. São escravas de seus destinos, até que a lei defina que, completado certo período de tempo, serão adultas.

Mas a vida é imperfeita. Na verdade, as leis são imperfeitas. Não se pode esperar razoavelmente que todas as crianças virem adultas ao completarem exatamente os dezoito anos, ou vinte e um, ou seja que data for. Há crianças que serão eternamente crianças.

É certo que em dado momento, a grande maioria terá que aceitar o fato de que já pode fazer escolhas, e mesmo que não as faça, será considerada capaz de escolher. E, escolhendo bem, ou escolhendo mal, ou abstendo-se de escolher, não lhe será permitido alegar falta de capacidade de escolher. Diante da lei, não se pode não escolher.

Pois bem, tem-se a lei, e paga-se pelo uso errado da liberdade.

Mas a lei não pune a escolha de más influências. Ela pune ações concretas. Daí não se obrigar ninguém a escolher boas influências.

Cabe aqui um adendo: pagar pelo uso errado da liberdade não implica em falta de liberdade. Eu chegar a uma encruzilhada onde há um poste com dezenas de placas apontando para todos os lados pode me confundir, mas isto não significa nem que terei de sair da estrada e seguir por meio de pastos, plantações e rios, nem significa que minha confusão e incapacidade de escolha é o mesmo que escravidão. A regra é que somente se deve seguir por alguma estrada válida. Mas se você resolver ir pelos pastos, pagará seu preço, porque os pastos não são estradas.

Não poder seguir pelos campos não implica em não poder viajar pelo mundo. Implica somente que campos não são estradas permitidas. A liberdade de viajar ainda persiste.

Pois bem, dentre as paragens do mundo, posso escolher qualquer uma que queira, exceto que, até minha maioridade, seja legal, seja emocional, não tenho controle sobre qual direção seguir. 

Não tenho culpa dos lugares que passei, porque não escolhi o percurso.

Você escolheu o lugar onde nasceu?

Nossa terra natal foi nosso ponto de partida, mas não o escolhemos.

Se não chegarmos ao destino que nos propomos, não temos tanta culpa assim, temos?

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