sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eu não quero, eu não gosto, eu preciso me desapegar...

Dando uma pensada melhor sobre o que significa o passado, cheguei à conclusão de que o passado em si pode ou não ser usado como um indicador para o presente e futuro.

No entanto há certos registros históricos que possuem valor por eles mesmos. Há registros que, embora inúteis como fonte de prognósticos futuros, ainda assim são muito interessantes e proporcionam bastante interesse e prazer ao serem conhecidos e estudados.

O problema é que a vida é curta demais para que fiquemos somente vivendo de prazeres escondidos em coisas do passado.

Além do mais, o passado nos faz querer continuá-lo no futuro.

Se vejo algo grande que já ocorreu, penso: por que não fazer algo grande também? Como fazer algo que entre para a História daqui a algumas décadas, alguns séculos, alguns milênios?

Mas por que se dar ao trabalho de fazer algo grandioso quando não estaremos nós mesmos vivos para saborearmos nossos próprios feitos grandiosos?

Há um dilema então, entre passado, presente e futuro.

Equilibrar esses pontos de vista e equacionar a adequação de tempo que devemos devotar a cada um deles é fundamental.

Essa equação precisa ser resolvida.

Há coisas que já registrei e que de fato fazem parte de minha história. Mas hoje, não tenho mais interesse nenhum em resgatar qualquer lembrança ou projeto relacionado a elas. Mas o que fazer com elas, já que não estão esquecidas, porque estão devidamente registradas?

Daí eu afirmar que não quero mais falar sobre certas coisas, nem pensar nelas, porque estão superadas. E tem coisas que não gosto de tratar, me incomodam e não quero ficar repisando-as. Quero esquecê-las, mas não posso, porque estão registradas. Como me desapegar dessas coisas incômodas, se não posso simplesmente ignorar os registros em que são mencionadas?

Desapego, neutralidade e mera curiosidade com relação a nosso próprio passado parece uma coisa bastante difícil para mim. Eu bem que tento colocar certas coisas que já estão concluídas naquilo que chamo de Arquivo Morto.

O arquivo está morto, mas não esquecido.

Então porque olhar o arquivo morto?

Olho o arquivo morto porque ele é curioso.

É algo assim como o Titanic: todos sabemos que está afundado, não temos relação alguma com ele, mas nem por isso deixamos de assistir ao filme e nos impressionarmos com o que aconteceu.

Então, por que o passado é tão interessante?

Por que ele nos fascina e nos prende em seu longo enredo cheio de infinitos detalhes justamente quando sabemos que a vida se esvai entre nossos dedos?

Estou embriagado por eras que já se foram.

Mas não posso simplesmente viver sem deixar minha marca.

Como é bom ser um espectador da vida. Mas como é doloroso se saber ter vivido apenas como um espectador da vida...

Que dilema!

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