"Tudo está bem?
Como tem andado sua vida nos últimos dias? E nos últimos meses? E nos últimos anos? Tudo está bem?
Tem andado preocupado com o rumo das coisas?
Está satisfeito com seu grau de escolaridade? Sabe tudo sobre aquilo que gostaria de saber? Tem cuidado de sua saúde de maneira impecável? Tem viajado bastante? Tem se divertido muito em suas férias? Está com seu lado espiritual em paz? Tem visto seus pais, irmãos, filhos, com a frequência que gostaria? Está na profissão que ama? Está casado com a pessoa que sempre sonhou? Trabalha no emprego que pediu a Deus? Tem ganhado dinheiro o suficiente? Tem comprado as coisas que considera básicas para seu bem estar? Tem cumprido seu papel junto à sociedade em que vive? Mora no lugar que ama? Tem amigos o suficiente? Há algum ponto em algum aspecto de sua vida que não lhe agrada?
Poderíamos fazer perguntas e mais perguntas a respeito de nossa satisfação pessoal com relação ao momento presente até chegar ao ponto em que concluiríamos, com pesar, que, de fato, há coisas que não estão como gostaríamos que estivessem. Pior: parece não haver ser humano na face da Terra que possa sobreviver a um questionamento básico sobre sua satisfação com a vida que leva. Pior ainda: estamos somente questionando a satisfação presente, não a satisfação passada. Muitos podem se julgar razoavelmente satisfeitos com o presente, mas trazerem uma carga enorme de insatisfação passada, a ponto de dizerem coisas do tipo: ‘hoje vivo bem, mas já tive meus longos anos de cão...’, ou ‘já comi o pão que o diabo amassou...’. Em outras palavras, não há vida perfeita, se entendermos perfeição como sinônimo de satisfação. E, por mais absurda que pareça a comparação, é assim que vemos as coisas: uma vida com uma dose mínima que seja de insatisfação não é uma vida perfeita.
É interessante que uma vida com qualquer que seja a dose de insatisfação não é considerada uma vida imperfeita ou uma vida errada. Insatisfação não é o mesmo que imperfeição ou erro. E uma vida sem erros não é uma vida satisfeita. Podemos imaginar a vida dos santos, vidas sem erros, como vidas tristes e infelizes, e normalmente é assim que se tem como modelo arraigado na mente das pessoas.
Uma vida com alguma insatisfação é apenas uma vida menos perfeita. Nada mais que isso. Quanto maior nossa insatisfação, menos perfeita é nossa vida.
Mas o que é, afinal, estar bem?
Estar bem é não ter nenhuma insatisfação, teoricamente falando, mas humanamente sabemos que tal estado é impossível. Estar bem então é ter muita insatisfação tolerável ou pouca insatisfação intolerável."
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