sexta-feira, 21 de março de 2014

Decisões difíceis

Eu disse aqui a respeito da leitura do livro "Como tomar decisões difíceis", de Donald H. Weiss, e o papel que esse livro teve em minhas pesquisas acerca da maneira como deveria conduzir minha vida.

Não me lembro quando comprei este livrinho. Falo "livrinho" porque ele é realmente fino, com letras grandes e de fácil leitura. Não me lembro quando o comprei. Tenho-o ainda. Há uma parte de uma etiqueta de uma livraria, a Siciliano. Que eu me lembre, não havia nenhuma loja das livrarias Siciliano em Anápolis entre 1990, ano em que passei a morar na cidade, e 1998, ano em que me mudei de lá. Logo, devo ter comprado o livro em Goiânia, já que havia uma loja Siciliano no Shopping Flamboyant em 1999, quando me mudei para essa cidade.

Naquela época, 1999, meu salário era bastante limitado, e eu não tinha dinheiro para comprar nada, inclusive livros. Não ia ao Shopping Flamboyant com frequência nessa época, porque não tinha carro, e morava relativamente longe dele para me dar ao trabalho de frequentá-lo indo de ônibus. De qualquer forma, devo ter comprado o livrinho no Flamboyant, posso afirmar com relativa segurança.

Quanto à Siciliano, foi fechada alguns anos depois, por volta de 2004, 2005, creio que em virtude de ter sido a cadeia toda de lojas comprada pela Saraiva. Mas isso não importa agora: comprei em uma loja Siciliano e ponto final.

Mas, por que o comprei? Por que este, e não outro livro?

Primeiramente, por uma questão financeira. Ele era fininho, e portanto, barato.

Segundo, porque o tema, tomada de decisões difíceis, era convidativo. Eu vinha passando por problemas que me levavam a pensar em tomar decisões difíceis, mas não sabia como abordá-los. Eu tinha alguns livros de autoajuda, mas nenhum deles oferecia uma proposta tão chamativa de solução para tomadas de decisões.

Claro, hoje percebo que poderia usar, por exemplo, as recomendações de Dale Carnegie para tomar decisões difíceis, ou recomendações de Og Mandino, mas na época, eu não percebia essa minha necessidade.

Na verdade, às vezes temos problemas que não são perceptíveis, e fazem parte de nossas vidas de uma forma silenciosa, de modo que não damos atenção a eles. Temos os problemas óbvios, visíveis, gritantes, sobre os quais focamos nossas energias, e contra os quais desferimos nossos maiores esforços e ataques. Mas, por exemplo, não consideramos um problema que mereça muito nossa atenção o fato de que não somos bons em tomar decisões difíceis. Eu normalmente não fazia nenhuma relação entre os problemas visíveis e este problema invisível, exatamente porque não podia ligar algo evidente com algo que não era evidente. Eu não poderia atribuir como causa de meu problema visível o meu problema invisível, exatamente porque essa causa era invisível. 

É como ter uma febre, mas não saber que a causa da febre é uma infecção interna indolor. Sei que tenho a febre porque a sinto, mas não percebo a infecção, porque não dói. Logo, não consigo relacionar a febre à infecção invisível. 

Ora, todo mundo tem problemas na vida. E alguns problemas são mais sérios que outros. Os problemas simples não nos preocupam tanto, mas os problemas sérios nos deixam em situações que nos prejudicam, e precisamos resolvê-los. Mas nem sempre são fáceis de resolver. E tendemos a atribuir a dificuldade do problema a causas externas, e não à nossa inabilidade em lidar com eles. Culpamos causas externas, como outras pessoas, nosso emprego, a situação do país, o governo, etc., mas não percebemos que somos nós que não somos capazes de dar uma resposta pessoal, ativa, e portanto, somos nós os culpados pela nossa situação difícil.

Mas, como não percebemos nossa fragilidade em resolver problemas, não atacamos essa fragilidade. Se soubéssemos que tínhamos essa fragilidade, poderíamos tomar a iniciativa de tentar combatê-la, e então poderíamos buscar ajuda através dos meios que tivéssemos à disposição. Mas não percebíamos a fragilidade, e portanto, não buscávamos nenhum tipo de ajuda ativamente.

Eu não percebia que tinha uma deficiência em tomar decisões. Nem pensava que poderia existir este tipo de problema. Nem poderia imaginar que ter dificuldade em tomar decisões em momentos difíceis ou diante de problemas difíceis fosse em si mesmo também um problema.

Até ver o livrinho com o título chamativo.

Ora, quer dizer que havia meios de se tomar decisões difíceis?

Eu não procurava um livro com este tipo de solução. Eu nem sabia que tinha um problema. Logo, fui capturado pelo título do livro.

Um título desses tem o poder de nos fazer uma indagação íntima do tipo tal que nos perguntamos, curiosamente, assim que o tomamos na mão: "mas, será que eu tenho alguma decisão difícil que precise ser tomada e eu não saiba como tomar?".

Aparentemente, foi essa a pergunta que me fiz no momento em que tomei esse livrinho na mão em uma loja da Siciliano por volta do ano de 1999, 2000, e ao fazer essa pergunta, vi que, sim, eu tinha problemas difíceis que demandariam de minha parte alguma capacidade de tomada de decisão difícil.

Assim, achei que o livro me seria útil, era barato e eu deveria comprá-lo, e o comprei.

Assim que o li, associei seu conteúdo à literatura de administração de empresas. Obviamente, há na literatura de administração uma série de trabalhos relacionados à tomada de decisões. Eu não tinha, que eu me lembre agora, nenhum livro sobre tomada de decisões. Como eu fiz essa associação de ideias?

Provavelmente há alguma referência a tomada de decisões nas teorias administrativas tratadas nos livros básicos de administração nos quais estudei durante a faculdade. Prometo que pesquisarei nesses livros para saber onde eles fazem referência a tomada de decisões, somente para esclarecer a causa dessa associação de ideias. 

Mas não foi exatamente sobre o tema "tomada de decisões" que fiz a associação entre o livrinho e os livros de administração. O tema que me chamou imediatamente a atenção como sendo obviamente comum ao livrinho e a administração foi "longo prazo".

Donald H. Wiess nos recomendava abordar problemas sempre levando em conta os prováveis impactos de cada possível decisão nos nossos planos de longo prazo. Ora, também a administração de empresas se preocupa com o longo prazo quando aborda o estudo do planejamento. Longo prazo em administração é um tema caro e recorrente. Evidentemente, em administração se pensa no longo prazo de uma empresa, e não de pessoas. Já Weiss fala sobre o longo prazo pessoal, familiar, os planos de vida, os sonhos futuros, os projetos para um amanhã que não é exatamente no amanhã, mas daqui a uma década, ou mais além ainda.

O que pensava eu a respeito de minha vida a longo prazo?

Nada?

Não. Eu, ao contrário do que provavelmente a maioria das pessoas imagina, tinha já pensado em minha vida a longo prazo. 

Claro, não pensei a longo prazo movido por minha própria iniciativa e esperteza. Somente o fiz sob o estímulo de um outro livro, e assim, o fiz, mas sob o comando de outras pessoas, isto é, somente pensei a longo prazo porque as autoras de um outro livro me induziram a assim fazer.

Mas, qual a ligação entre pensar a longo prazo e tomar decisões difíceis?

O que isso tem a ver com minha Agenda 99 e este blog?

Nossa mente é uma máquina curiosa. Eu não estou inventando essa história de ligações fortuitas entre livros e minha vida pessoal apenas para criar um história interessante ou para chamar a atenção de algum eventual leitor ou para atiçar a curiosidade de quem quer que seja para o fato de que sou diferente, ou mais esperto, ou tive uma vida mais interessante ou intelectualmente mais vívida que outras pessoas. Estou apenas relatando fatos. Foi o que aconteceu. Foi assim que as coisas aconteceram em minha vida.

Eu li livros, pensei sobre eles, tomei certas atitudes, fiz certas tarefas, meditei sobre certos problemas, e estou relatando aqui. É isso, e nada mais que isso.

Mas o livro de Weiss faz mais que falar sobre o longo prazo. Ele fala sobre nossos motivos. Ele fala sobre motivações pessoais. E ao assim fazer, nos propõe um exercício, e eu fiz o que ele nos propõe, e ao fazê-lo, registrei o resultado. Esse resultado, e em especial o seu registro, está diretamente relacionado com a Agenda 99, que por sua vez está diretamente relacionada a este blog. Logo, era preciso escrever tudo o que escrevi acima. E mais: será preciso escrever sobre a parte do livro de Weiss sobre motivações, para então se poder dar sequência ao que andei pensando e escrevendo em minha agenda pessoal, da qual este blog é uma mera extensão.

É então sobre o que ainda preciso escrever que escreverei nos próximos posts deste blog.

Deste agora ainda mais bonito e fino blog.

Porque decisões difíceis requerem motivações.

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