quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O que é uma ideia?

O que é uma ideia?

Quando incubamos uma ideia, com o que estamos lidando, afinal?

Platão pensava o mundo das ideias como o mundo verdadeiro, e via o mundo material, este em que eu, você, todos nós vivemos, como uma mera cópia mal feita do mundo das ideias. Não deixa de ser uma teoria interessante, mas os séculos de experimentação e ciência, filosofia e debates parece ter refutado Platão.

Certo, tem gente que ainda acha que o mundo das ideias é o verdadeiro, mas não entrarei neste debate, porque o tempo é curto, meu conhecimento sobre as minúcias do tema é limitado e não é sobre esse conceito de ideia que quero falar.

Quero falar do conceito de ideia como proposta.

Ideias podem ser, platonicamente falando, estados de perfeição. Uma ideia seria um objeto perfeito. Por exemplo, Platão entendia que no mundo material em que vivemos, existe objetos vermelhos, mas não a cor vermelha. O vermelho como cor perfeita existiria apenas no mundo perfeito das ideias. Objetos de cor vermelha seriam apenas arremedos de objetos vermelhos ideais.

Assim, ideias, para Platão, são conceitos abstratos.

Certo, um blog que encuba ideias, debate, divulga ou aperfeiçoa ideias pode tomar ideias platônicas como tema, mas não é neste sentido que penso sobre ideias. Quando falamos aqui sobre ideias, falamos mais em possibilidades, projetos e coisas a serem feitas.

Por exemplo: não cabe discutir a cor vermelha com uma abstração da perfeição. Cabe discutir como tornar os objetos vermelhos, ou dizer que objetos vermelhos são melhores ou piores que outros objetos, ou ainda, aperfeiçoar a vermelhidão dos objetos, de modo a torná-los o mais vermelhos possível.

Divulgar a ideia de como evitar que um problema surja, ou de como solucioná-lo, é uma boa razão para a existência de um blog como uma incubadora de ideias.

Assim, o correto seria dizer que este blog pode ser uma incubadora de projetos, ou pré-projetos. Mas, projetos e pré-projetos parece envolver já algum grau de amadurecimento de pensamento, parece já envolver uma tomada de decisão de dar um passo no sentido de se concretizar algo que já foi devidamente pensado, embora possa ainda, por uma série de motivos, vir a não ser feito, não ser concretizado.

Ora, algo que ainda não é um projeto é o quê? Em que estágio está, por exemplo, uma casa cujas fundações não foram sequer esboçadas em um pedaço simples de papel? Se não há nada que a materialize em forma física, não há casa. Se temos apenas desenhos, não temos uma casa, mas um projeto de casa. Mas, se nem desenhos temos, mas apenas pensamos na casa em nossas mentes, então temos a ideia de uma casa. Ora podemos então usar palavras faladas e escritas para descrever, aperfeiçoar, debater sobre a casa, mas ainda assim não ter nenhum desenho, nenhum tijolo assentado. E ainda assim a casa pode estar muito bem elaborada do ponto de vista de planejamento, porque de fato seus possíveis problemas foram exaustivamente pensados, suas soluções discutidas, suas formas imaginadas.

Assim, o mundo das ideias tem sua utilidade, e usar um blog para discutir ideias parece ser bastante interessante.

Evidentemente, há infinitas ideias. Ideias precisam ser classificadas em compartimentos mentais para poderem ser incubadas. Assim, falaremos sobre ideias matemáticas, ideias científicas, ideias filosóficas, ideias econômicas, ideias tecnológicas, ideias sociais, ideias de solução de problemas diversos.

Além do mais, e exatamente porque as ideias são em número infinito, não trataremos de muitas. Pode-se tratar apenas de uma pequena fração delas. Podemos passar décadas pensando um tema qualquer sem nunca esgotá-lo, afinal.

E, por fim, há a necessidade e o gosto pessoal.

Parece-me que há ideias mais importantes que outras devido à necessidade que satisfazem. Por exemplo: é mais razoável perder tempo pensando uma ideia que busque a cura do câncer do que gastar tempo pensando em uma maneira nova de se curar um arranhão. As necessidades do mundo definem as prioridades dos problemas a serem tratados pela elaboração de ideias.

E, ainda que haja necessidades infinitas, não se pode satisfazê-las todas. E se temos que pensar, que seja sobre algo que, além de prioritário, seja de nosso gosto pensar.

Por que devemos pensar sobre o que gostamos? Porque simplesmente não conseguimos pensar direito sobre o que não gostamos. E se for para pensar por obrigação, então um blog não é mais uma fonte de entretenimento e prazer intelectual, mas um martírio e uma tarefa maçante e chata. E não produziremos nada de importante e útil pensando por obrigação. Vocação, gosto, desejo por algo é coisa que não temos assim tanto controle, e se é para pensar, que se pense sobre o que dá prazer, não importa o porquê dessa atração prazerosa.

Dadas essas breves explicações, esboçaremos algumas linhas de atuação para este blog, que entendo necessárias para um melhor entendimento de seu real potencial.

Continuem lendo.

Continuem...

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