De certa forma, nós, seres humanos, temos um anseio legítimo por contato com nossos semelhantes. Somos sociáveis, vivemos em comunidade e não gostamos de isolamento, embora prezemos por nossa privacidade.
Acontece que há diversos tipos de contatos entre seres humanos. Uma coisa é o convívio familiar, sólido, constante, íntimo e intenso. Outra é a mera coexistência sem maiores contatos que se observa nos grandes centros, onde pode-se viver e morrer uma vida em meio à multidão em turbilhão sem jamais ter um único conhecido para se tomar um café e bater um papo. Estar em meio a uma multidão não é o mesmo que estar socialmente se relacionando com outro ser humano no sentido próprio do termo. Não há relacionamento, mas mero compartilhamento de espaço.
Em geral, nascemos no seio familiar, e cedo nossos laços são muitíssimo fortes. Em grande parte dos casos, esses laços familiares e de amizade permanecem ao longo de anos, décadas, e só terminam com a morte das pessoas. Mas, em muitos casos esses laços vão sendo dissolvidos ao longo do tempo por uma série de motivos, e uma pessoa que nasceu em um ambiente repleto de amizades e amor familiar pode ver-se paulatinamente sozinha, isolada, solitária em meio ao turbilhão que passa sem lhe dar um bom-dia genuíno.
Manter uma rede de amizades e laços familiares dá algum trabalho se, por exemplo, tem-se que mudar de um lugar para outro, sem se afixar muito em nenhum deles. Afinal, amizades demandam um certo tempo para consolidarem-se e, na medida em que se muda, não se tem esse tempo de convivência. Além do mais, uma vez mudando-se para longe de amigos e familiares, restam os telefonemas, as cartas, e-mails, as viagens, sempre caras, e as redes sociais na internet.
Nenhum método substitui a convivência diária ou rotineira com as pessoas conhecidas. Um e-mail não se compara a uma tarde inteira de convivência pessoal. Assim, na medida em que nos mudamos de uma cidade para outra com certa frequência, fazemos novas amizades, é certo, mas não temos assim uma rede tão sólida quanto teríamos se nunca tivéssemos saído de nosso local original de nascimento. Ao menos os laços familiares seriam mantidos, dado que esses são muito mais firmes que os laços de amizade, que podem ser relativamente intercambiáveis.
Pois bem, os anos passam e nunca nos damos ao trabalho de saber quantos amigos e parentes temos, nem isso é um assunto relevante. Exceto quando passamos a ter o hábito de usar as redes sociais da internet.
Nelas, existem contadores de amizade. No finado Orkut, no Facebook, na lista de contatos de e-mails, há um acumulador de amizades. Você olha sua lista de amigos e lá está um número, como uma conta bancária. Você tem 104 amigos. Seu primo tem 356 amigos e aquele professor bacana da faculdade tem 3.459 amigos.
Eis o fenômeno da popularidade vindo à tona.
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