Se o conforto nos é tão caro, e de fato parece que ele o é, então podemos resumir assim a razão para nada fazermos:
"Se erramos uma vez, podemos errar novamente, pondo em risco o nosso conforto."
É uma boa desculpa para não se fazer nada, sempre.
Não se tem o direito de pedir a alguém que abra mão de seu conforto, não é mesmo?
E, como conforto é na realidade uma questão de mero gosto, não podemos sequer argumentar com o pobre diabo que vive numa choça dizendo a ele que ele terá igualmente conforto se mudar-se para uma casa decente, porque ele contra-argumentará que ele gosta mais da choça que de casas novas e limpas. E ele tem esse direito universal: o de gostar do que gosta, se mais razões ou explicações.
Afinal, gosto é gosto.
E sob a proteção universal dada ao simples ato de gostar, defende-se o conforto individual, e na defesa do conforto, aceita-se a inanição e a paralisia geral.
Seria uma desculpa perfeita, exceto que...
Exceto que não estamos falando de cores, nem de sabores, nem de modelos de cortinados ou sofás, quando nos referimos a gostos, mas de algo mais profundo.
O único problema com essa desculpa é que ninguém gosta sozinho.
Há gostos e gostos.
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