A vida é dura, eu sei. Ao longo dos últimos vinte e cinco anos passei por altos e baixos. Em alguns momentos, vi-me em becos-sem-saída psicológicos, que nem sei se os superei de fato ainda hoje.
A vida é dura, eu digo, porque sei do que estou falando.
Esta é uma característica muito humana: sempre que as coisas ficam ruins, tendemos a entrar em uma espécie de depressão, e não é fácil sair deste estado.
Mas eu lutei para seguir em frente.
Em determinado momento, no ano de 2001, eu tive de lutar com um pouco mais de perseverança para sair mais uma vez do fundo de um novo poço, de um novo estado obstruído de vida.
Becos-sem-saída me derrubam para valer. Não é fácil safar-se sozinho de um beco-sem-saída. O labirinto psicológico que a vida nos apresenta parece negro e invencível. Eu sei do que estou falando.
Em 2001 eu disse a mim mesmo: nada de psicólogos, nada de psiquiatras, nada de drama, nada de remédios. Eu lutaria por minhas próprias forças, e daria uma chance aos livros. Médicos e psicólogos não poderiam me ajudar. Remédios não iriam me ajudar a sair do labirinto. Eles não eram capazes de dissolver as paredes infinitas à minha volta. Eu achei que deveria dar uma chance aos livros. Eu iria vencer com eles.
Observo que digo que uma situação sem saída é um beco-sem-saída em um labirinto, e outras vezes digo que é como estar no fundo de um poço. Na verdade é quase tudo a mesma coisa: uma situação da qual não vemos meios de fuga. Liberdade: este é o bem maior que perdemos quando em um beco-sem-saída ou no fundo de um poço. Psicológico este estado, eu sei, mas nem por isso, menos doloroso que a perda da liberdade física real.
Pensando retrospectivamente, agora, em 2013, doze anos depois, tudo parece mais tênue, e parece certo que, se não os livros, ou os remédios, ou os médicos, pelo menos o tempo tratou de solver aquelas paredes que pareciam indissolúveis. Mas na época, tive a nítida impressão de que a situação era ruim, ruim demais para se suportar, e acabei tendo de usar remédios novamente, eles novamente, para dar suporte burocrático a um momento que requeria alguma prestação de contas profissionais, e recorri também aos médicos, mas, de qualquer forma, nem os livros, nem os remédios e nem os médicos foram, em última instância, a solução para um estado de coisas que só iria se resolver pelo mero transcorrer do tempo.
Mas, e o sucesso?
Por que colocar tanta esperança em meros livros?
Por que achar que eu poderia vencer na vida com um livro que prometia o sucesso a seus leitores-discípulos como se palavras fossem pílulas de fermento que se transformariam em ouro?
Leia os livros, de preferência na ordem correta. Eles prometem quase tudo. Siga-os o mais disciplinadamente possível e deixará de fumar, não terá mais depressão, fará amigos e alcançará o sucesso. Leia-os, resuma-os, consulte os resumos o mais frequentemente possível para não esquecer seus ensinamentos. Aplique tudo o que aprendeu. O resto é questão de tempo. Parei de fumar, fiz alguns amigos, saí do fundo do poço psicológico das preocupações, mas não avançava nenhum centímetro rumo ao sucesso. Algo estava errado com esta última etapa. O que seria?
A Agenda 99 está comigo ainda, testemunha de minha luta para fazer as coisas acontecerem.
Mas os livros são coisas fascinantes, e nossos cérebros também.
Com uma lista de frases bacanas de auto-ajuda compiladas em uma caderneta de bolso, entrei em processo de análise, e pensei muito sobre essas frases bacanas. Pensei mesmo, a fundo.
Por fim, depois de alguns meses, em 2001, as coisas em minha vida tomaram um rumo muito diferente do que eu imaginava, ou poderia imaginar. A vida é assim: ela desmancha as paredes velhas de nossos labirintos e ergue paredes novas mais intrincadas e mais desafiadoras, e, sem aviso, no joga em situações que não sabemos como abordar.
Com uma centena de frases bacanas de dois livros inspiradores em mãos para se ler, se orientar, sobreviver, de repente, percebo que não estou indo a lugar algum, e esta estagnação me parecia algum tipo de pecado, porque, ora, os livros não erram, e então, eu não estava fazendo a coisa certa da maneira suficientemente correta, e portanto, eu não estava indo a lugar algum por minha própria culpa. Ora, eu estava sendo negligente com a minha vida, negligente com a maneira com a qual eu deveria, segundo os livros, conduzir a minha vida rumo ao sucesso. Eu, enfim, desejei muito parar de fumar, e parei. Desejei muito sair da depressão, e aparentemente saí. E desejava o sucesso, mas não estava obtendo-o, o que era um sinal de que não estava tão desejoso assim de ser bem sucedido na vida, e por isso não estava me aplicando o suficiente nas lições ensinadas pelos livros, e portanto, eu estava sendo negligente para com o meu próprio futuro.
Ora, ainda que eu tivesse sempre à mão quase uma centena de frases inspiradoras, à medida que o tempo passava e nada acontecia, uma outra frase de um capítulo do livro "A Universidade do Sucesso", de Og Mandino, comichava em minha mente. A frase dizia:
"Servo malvado e preguiçoso! Como ousas não utilizar os presentes que lhe dei?"
Ora, quem me dizia isto?
Era o grande planejador!
Isto fazia toda a diferença.
O Grande Planejador!
O Grande Planejador!
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