Somos bombardeados por informações o tempo todo. Creio que ainda no útero um bebê já começa a processar informações que recebe do ambiente, e quando nasce, não para mais com este processo.
Ao longo da vida, o cérebro humano vai se desenvolvendo, se aperfeiçoando e armazenando coisas que não somos conscientemente capazes de avaliar, mas que, vez por outra, nos assombra. É comum que memórias e lembranças as mais inesperadas surjam do nada e, com um pouco de esforço, percebemos que de fato não surgiu do nada, mas esteve guardada em algum lugar e se ligou, de uma maneira aparentemente ilógica, àquilo que tínhamos em mente até poucos minutos atrás.
A neurociência é fascinante, e acredito que este é um universo vasto o suficiente para ocupar a curiosidade humana por séculos, assim como a vida ou o cosmo.
Agora, eu uso este blog com a finalidade incerta de postar meus pensamentos ao mundo, ainda que não saiba como minhas postagens ou pensamentos possam ter alguma influência sobre quem os lê ou se isto de blogar é um trabalho perdido.
De qualquer forma, eu tenho pensado sobre como nossa mente processa a enorme quantidade de informações que recebe ao longo de uma vida, e tenho me surpreendido.
Eu postei aqui um texto sobre disciplina. Eu disse que me considero uma pessoa disciplinada. Acho que sou, afinal de contas.
O que é disciplina? Muito pouco se tem falado sobre o assunto, exceto em caráter limitado e específico.
Acontece que, depois de pensar um pouco sobre o fato de, por vezes, eu ter tido a sensação de que as regras da vida poderiam estar erradas, como disse aqui, eu percebi algo bastante interessante.
A vida é dura, mas podemos dispor de muito conhecimento que pode nos auxiliar a torná-la menos dura. Um dos meios de se obter este tipo de conhecimento é o livro.
Um livro de auto-ajuda sobre o sucesso, ou sobre a preocupação, ou sobre como fazer amigos, ou ainda sobre como organizar-se ou como resolver problemas difíceis pode ser bastante útil para quem dispõe de disciplina para seguir seus conselhos.
Mas, pensando bem, eu percebi por meio de minha própria experiência que somente a disciplina não é suficiente. Em determinados casos, ela pode ser suficiente, mas em outros, nem tanto.
Um livro em um determinado momento pode ser estudado com disciplina e se mostrar impenetrável, difícil, impraticável, e por fim, inútil. E depois de uma experiência destas, somos forçados a questionar as regras que estão sendo ensinadas por eles. Ora, se não pode ser aplicada, uma regra é inútil. E se é inútil, para que serve a regra?
Mas, ponha o livro de lado, leia outras coisas, aprenda novos conceitos, experimente novos caminhos e depois de algum tempo, volte ao mesmo livro.
Ele não será mais o mesmo. Nosso cérebro terá processado muitas informações novas, integrado tudo dentro de um arranjo que nos é inconsciente, mas que faz sentido internamente, e uma nova tentativa de ler o livro impenetrável será bem sucedida.
O que aprendemos neste meio tempo entre uma leitura e outra que fez com que uma barreira tenha sido transposta por nossa mente não sabemos com certeza, porque são milhões de informações, e talvez tenha sido um conjunto de conhecimentos, e não um conhecimento isolado, que tenha contribuído para o aprimoramento de nossa compreensão do mundo e de outros conhecimentos, mas, de qualquer forma, as barreiras ao conhecimento são derrubadas por meio de mais conhecimento. Se um caminho parece difícil, é porque é mesmo, e somente mais conhecimento pode fazer com que o percorramos com menos dificuldade.
Em um determinado momento, uma mera lista de dicas extraídas de dois livros de auto-ajuda, elaborada exatamente por ordem dos próprios livros, mostrou-se inútil. Ora, eu poderia ter simplesmente posto a lista de dicas de lado, satisfeito por ter sido disciplinado e feito tudo o que os autores recomendaram, e sair dizendo que a coisa não funciona, simplesmente não funciona, é um monte de bobagem ou mero charlatanismo, e por-me a lamber minhas feridas, culpando o mundo pelo meus problemas.
Mas não fiz isto.
Ao longo do tempo entre uma leitura e outra, absorvi muito conhecimento.
Eu disse aqui sobre minha primeira experiência de leitura de um livro de auto-ajuda.
E eu disse aqui sobre minha leitura posterior, quando então eu já havia vivido onze anos de experiências as mais diversas, dentre elas, a de ter cursado uma faculdade.
Acontece que durante estes onze anos, eu li uma massa de informações que incluiu muitas coisas úteis, conceitos úteis, e que me ajudaram a entender como, quando, onde e porquê o sucesso pessoal pode se dar.
E eu aprendi conceitos que poucos cidadãos comuns podem assimilar, compreender e aplicar ao dia-a-dia, exceto em pouquíssimas situações.
Um dos conceitos que eu aprendi que se inclui dentro desta categoria de conceitos incomuns está o de recursividade.
Não vou falar agora sobre o que seja recursividade, mas este conceito, aplicado com disciplina a um conjunto de regras para a vida em geral permitiu-me uma compreensão da vida e do mundo que poucas pessoas podem ter, caso não se interessem pelo assunto.
Regras e recursividade: isto soa a teoria da computação, e é teoria da computação.
Assim, por um caminho que parece não ter ligação nenhuma entre dois assuntos aparentemente tão diferentes, como psicologia aplicada e teoria da computação, meu cérebro acabou transpondo uma barreira cognitiva que é muito difícil de ser transposta.
Mas não é só isto.
Quando somos disciplinados e estamos dispostos a enfrentar nossas barreiras, e estamos dispostos a abir nossas mentes para a busca de soluções, nossas mentes processam as coisas de uma maneira muito interessante, e, de repente, numa conversa qualquer com um amigo, um neurônio se junta a outro e temos aquele vislumbre que muda nossa vida para sempre.
Eu aprendi algo sobre recursividade, e, sim, eu tive uma conversa significativa com um amigo em um dia qualquer, que mudou minha vida desde então.
Essas conexões são fascinantes!
Sim, eu postarei mais sobre esse assunto, eu prometo.
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