quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Como ser uma pessoa disciplinada?

Tendo falado sobre a importância da disciplina em meu último post, abordo agora a trigésima oitava pergunta, da série que fiz em 2001, e para a qual venho tentando dar respostas satisfatórias, para satisfazer minha própria curiosidade intelectual.

Admitindo que livros de autoajuda são manuais disfarçados de literatura, e que só surtem efeito se forem seguidos com disciplina, e tendo ainda admitido que disciplina é então fundamental no processo de se aplicar recomendações dos livros de autoajuda, faço o seguinte questionamento:

"Como ser uma pessoa disciplinada?"

A razão desta pergunta é que há a percepção de minha parte de que ainda que a disciplina seja fundamental, ela é relativamente rara, quer dizer, a disciplina não é um dom natural com o qual as pessoas nascem e que se desenvolve sem maiores esforços, como uma orelha ou um pulmão. A minha percepção é a de que a disciplina é um atributo que requer esforço consciente de um indivíduo para que venha a se estabelecer. Não acredito que as pessoas nasçam naturalmente disciplinadas, nem que passem a ser disciplinadas sem esforço ou treinamento. Assim, se a disciplina é uma habilidade que se aprende, tal qual uma língua ou a capacidade de ler ou andar de bicicleta, então, o que uma pessoa precisa fazer ou saber para se tornar disciplinada?

Não conhecia, quando da pergunta, nenhum método eficaz que servisse para incutir disciplina como um hábito no comportamento de uma pessoa. Hoje, talvez eu disponha de mais conhecimento sobre o assunto, mas este conhecimento é limitado. Afinal o assunto é polêmico e não dispõe de respostas definitivas nem mesmo entre os especialistas. Bem, esta pergunta então, sou forçado a admitir, não possui uma resposta completa.

Na verdade, o tema da disciplina tomará grande tempo e esforço de minha parte ao longo dos anos, depois de feita esta pergunta, em 2001. Como este post é forçosamente limitado à circundar a pergunta original em si, creio que não há muito o que dizer mais, além do que o já dito. Disciplina é importante, sabemos todos, mas não sabemos como tornar as pessoas disciplinadas.

Esse conhecimento é buscado por diferentes pessoas, grupos e ciências, por diferentes motivos, com diferentes objetivos. Assim, o campo é rico em possibilidades. Na medida em que formos avançando com este blog, mais e mais veremos o assunto ser abordado, em um grau cada vez mais profundo, e mais e mais perceberemos as razões de ser um tema tão interessante e discutido.

Por ora, é bom que saibamos que a busca por fórmulas capazes de tornar as pessoas disciplinadas é um daqueles tipos de alvos que significam o desenvolvimento potencial de toda uma indústria, e cuja solução implicaria riqueza, poder, sucesso, fama e grandiosidade tal que rivalizaria, sem exageros, aos louros colhidos pelo descobrimento da energia atômica, ou do DNA, ou ainda o da pedra filosofal, se esta existisse. Creio que este julgamento da importância que atribuo ao poder de controle da capacidade da disciplina não é exagerado porque a História assim me autoriza. Evidentemente, a história é riquíssima em exemplos de lutas pelo poder, embora não seja de modo algum óbvio em um primeiro relance conseguir vislumbrar o elo entre esses exemplos e a conquista da disciplina propriamente dita. Mas quando passamos a vê-la como um instrumento de controle social, como uma habilidade que não precisa ser necessariamente adquirida voluntariamente, então podemos pensar em tentativas de controle social por métodos não psicológicos, nem voluntários, e motivados por objetivos pouco pessoais ou altruístas, e então a disciplina passa a ser vista como uma ferramenta política, ganhando uma dimensão que vai muito além daquela que comumente lhe atribuímos, uma dimensão que não tem quase nenhuma relação com força de vontade ou motivação pessoal. Mas então, já estamos indo longe demais com o tema, e devemos caminhar por meio de passos seguros, para não nos confundirmos com a complexidade do assunto.

Portanto, ser uma pessoa disciplinada é, mais do que um desejo pessoal, um poder social que transcende o indivíduo. Por transcender o indivíduo, ganha o interesse de grupos e ramos científicos que passam então a estudar o tema de maneira ampla e variada. Esses estudos são por demais complexos para serem tratados em um único post, mas precisam ser tratados, de uma forma ou de outra, por este blog, porque assim o determina a curiosidade pessoal do autor.

É o que faremos, mas não agora.

Agora, no próximo post, trataremos da trigésima nona pergunta. Caminhemos com mais dúvidas...

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