Dando continuidade à série de perguntas sobre autoajuda que fiz em 2001, abordo agora a décima nona questão.
Depois de dezoito perguntas feitas em um impulso, a décima nona questão trás uma pontada de ceticismo com relação a todas as perguntas anteriores e ao processo de autoajuda em geral.
A Décima nona pergunta foi:
"Por que alguém deveria se preocupar com as perguntas acima (ou abaixo)?
Eu me preocupei com as dezoito perguntas feitas anteriormente, tanto que estou tentando dar uma resposta satisfatória a elas hoje, doze anos depois de tê-las formulado. O que a pergunta cética acima aparentemente foca é no interesse que o assunto poderia despertar em qualquer outra pessoa que não eu mesmo. Ora, na época em que a formulei, eu não tinha um blog em que postava meus pensamentos, perguntas e respostas sobre aquilo que andava pensando, nem tinha ideia de que um dia iria tornar públicas essas questões.
Então, este "alguém" da pergunta sou eu mesmo. Na verdade, a pergunta deveria ter sido formulada nesses termos: por que eu deveria me preocupar em responder as perguntas acima e abaixo.
O "abaixo" em questão deixa implícito que esta não seria a última pergunta, e de fato não foi. Então, por que uma pergunta cética de repente irrompe do nada e lança uma pincelada de dúvida onde dúvidas não faltam, somente para complicar ainda mais a situação?
Esta é o que podemos chamar uma metapergunta, uma pergunta sobre perguntas.
A resposta é que eu, e não simplesmente alguém, devo me preocupar em responder as perguntas acima e abaixo e além que fiz a mim mesmo sobre o assunto autoajuda, autoaperfeiçoamento, crescimento e filosofia de vida porque eu não poderia, e não posso, viver sem um rumo que eu ache que seja o correto para conduzir minha vida.
É uma resposta que dou hoje, uma resposta simples e básica, mas fundamentalmente existencial.
Uma resposta existencialista para uma questão existencialista.
A questão é realmente existencialista?
Ela é, e não é a única, embora talvez seja a primeira a ser expressa em palavras em um pedaço de papel, e preservada para durar por um tempo que seja maior que os poucos segundos em que esse tipo de questão brota em nossa consciência, em momentos obscuros, nas madrugadas, nas horas de frustração e desespero, nas desilusões e fracassos, para desaparecerem de repente, deixando uma nódoa de amargor como quando mordemos uma semente amarga em meio a uma fruta doce e suave.
Perguntas existenciais são nuvens negras que surgem no céu de nossas vidas e desaparecem de repente, exceto se as fotografamos, exceto se as anotamos em nossas agendas pessoais. Assim, congeladas, elas ficam adormecidas, esperando uma resposta, como aqueles insetos e répteis embalsamados que vemos em vidros cheios de clorofórmio nas salas de laboratórios. Olhamos para elas, horrorizados, buscando entendê-las.
A dúvida cansa.
Por que tantas perguntas? Por que tanta dúvida? Por que não deixar tudo isso de lado e seguir adiante como se nunca tivéssemos tido alguma dúvida mais séria a respeito do existir?
Não, eu não posso me enganar.
Nada é mais importante que viver, e eu não me deixo iludir por qualquer outra questão que tente se sobrepor a este fato.
Viver é o mais importante, e para viver, eu preciso de razões para os meus porquês.
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