domingo, 29 de agosto de 2010

A longevidade

Esta foi a quinta postagem do blog Defenda-se!:

08/04/2008

A longevidade

Se pararmos para pensar que a cada manhã que acordamos em nossas camas, somos na verdade sobreviventes do ontem, então quanto mais vivemos, mais comprovamos nossa competência em sobreviver.

Se é assim, então uma prova de que você está se saindo bem e sobrevivendo, apesar dos problemas, é a sua idade.

Quanto mais velho, mais competência você tem.

Claro, a competência não é cumulativa. Quer dizer, uma pessoa não acumula competência em sobreviver, porque as possibilidades de problemas são tão grandes que não há experiência no mundo que possa proteger alguém de tudo.

Quando somos jovens, não sabemos de um monte de coisas que podem ajudar a nos proteger. Então, estamos mais vulneráveis.

Na medida em que vamos adquirindo experiência de vida, vamos aprendendo a evitar problemas, e aumentamos nossas chances de vida.

Mas esse aumento de chance tem um limite.

É preciso lembrar que alguns riscos são constantes e independem de nossa experiência. Por exemplo: todos devem olhar para os dois lados de uma rua antes de atravessa-la. Isso é básico e todos aprendem isso desde pequenos. Mas a experiência ensina que mesmo em uma rua de mão única devemos olhar para os dois lados e não só para um único lado, porque sempre existe o risco de algo vir na contramão.

Pois bem. Embora um adulto possa aprender essa regra mais sofisticada, ainda assim ele deve de fato olhar para os dois lados. O conhecimento deve ser seguido de ação. Ele não pode se descuidar somente porque sabe mais que alguém mais jovem que ele. A sua experiência não o imuniza contra coisas na contramão.

Isso leva a um acúmulo de regras tal que ajuda a explicar o porquê das pessoas mais velhas serem tão conservadoras, caseiras e temerosas. Ao longo do tempo, elas acumulam tantas regras de segurança e sobrevivência que simplesmente sobrecarregam suas ações e planos. Simplesmente não vale a pena o risco para elas de se fazer a maioria das coisas que as pessoas mais jovens fazem.

Outra consideração a ser feita é que os riscos são sempre dinâmicos. As ameaças de ontem podem ser conhecidas e evitadas, mas o hoje sempre nos proporciona novos problemas. Assim, não basta assimilar as lições do passado. É preciso acumular conhecimento dos riscos atuais. É preciso saber o que ocorre hoje. As ameaças não são necessariamente cumulativas, mas tendem a aumentar. Algo que era um risco para nossos avós pode não ser um risco para nós hoje, mas provavelmente ainda é, talvez em menor escala.

Veremos posteriormente como o passar do tempo, o aumento da população mundial, a degradação de valores sociais e o desenvolvimento da tecnologia tem criado um mundo melhor em certos aspectos, mas também gerado ameaças que nossos avós são incapazes de assimilar.

A lição a ser aprendida é que o mundo de ontem pode ter sido mais simples e fácil de viver, mas ainda assim não podemos menosprezar o feito de uma pessoa que tenha vivido por décadas de maneira segura e tranqüila.

É verdade que há fatores como sexo, renda, herança genética, educação e localidade, dentre outros, que afetam as chances de uma pessoa sobreviver, mas certamente um idoso dos dias de hoje deve ser visto como um sobrevivente.

Da próxima vez que tiver oportunidade de conversar com algum deles, pergunte sobre como era a segurança a cinqüenta anos atrás. Provavelmente ouvirá que a vida era mais fácil, mas também provavelmente ouvirá histórias de heroísmo, bravura, coragem, sofrimento, dor, perseverança e sorte que o deixará espantado.

Longevidade realmente pode ser mesmo uma questão de sorte, mas certamente é antes de tudo uma questão de amor à vida.

Escrito por Rosenvaldo Simões de Souza às 12h08

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