domingo, 29 de agosto de 2010

Regras e mais regras

Esta foi a oitava postagem do blog Defenda-se!:

22/04/2008

Regras e mais regras

É verdade que já vivemos em uma sociedade em que há regras demais. Consulte um advogado e ficará sabendo que há milhões de artigos legais proibindo ou permitindo quase tudo. Fora isso, temos ainda regras sociais e regras no trabalho, regras em casa e nas instituições. Simplesmente não se vive sem regras.

Regras implicam em aprendizado. Não se pode falar em regras sem a devida aplicação das mesmas. Elas existem para serem cumpridas. Logo, se não as cumprimos, temos de aprender a cumpri-las. O não cumprimento normalmente implica em pena.

Uma regra de segurança é algo sutil e quase que transparente. Desobedece-las implica em algo quase que prazeroso, porque ao desobedece-las, nos livramos do fardo que é respeita-las dia após dia, hora após hora, minuto após minuto. No entanto, não devemos nos esquecer que elas são implacáveis com que as negligencia.

Uma regra de segurança, uma regra de sobrevivência, não exige uma lei escrita para se fazer cumprir. Ninguém está proibido de circular pela madrugada por um bairro perigoso usando jóias caras e muito dinheiro no bolso. Mas quase todos sabem dos riscos. Descumpra uma regra de segurança e as chances de se sair punido pelo erro é muito grande.

Por serem duras, as punições são naturalmente educativas. Uma pessoa que negligencia uma regra de segurança e sofre algum tipo de problema por essa negligência estará passando por uma experiência quase sempre dolorosa, violenta, traumática e assustadora. Essa experiência servirá de aprendizado. Uma pessoa normal que aprender uma lição por esse método dificilmente cometerá um segundo erro.

Esse não é um método muito recomendado, temos de admitir.

Se as regras de segurança são mesmo implacáveis, segui-las implica em um constante monitoramento. Esse estado de constante atenção gera inevitavelmente um nível elevado de estresse. Não há dúvida: grande parte do caos moderno se deve a esse elevado nível de estresse oriundo do constante estado de alerta no qual as pessoas vivem. Sobreviver em um grande centro urbano não é uma tarefa fácil. Daí que as pessoas que vivem em cidades são nitidamente mais estressadas e nervosas que as que vivem em locais calmos e pouco violentos.

Vivemos então um dilema: se observamos as regras de segurança, vivemos estressados. Se não as observamos, mais cedo ou mais tarde seremos vítimas de acidentes, violência, agressão ou crimes. A condição de vítima acabará gerando uma explosão de estresse e o trauma de um acontecimento ruim levará qualquer um a uma situação de quase paranóia, na busca de não sofrer novamente um outro acontecimento ruim.

Mas não há dúvida. O estresse de se observar regras é muitíssimo menor que o estresse de se juntar os cacos depois de ser vitimado por uma experiência ruim. Então, só nos resta nos conformarmos com essa realidade e fazer da tarefa de se observar regras de segurança uma experiência a menos estressante possível.

Mas como?

A resposta está na aprendizagem.

Por ora, é o suficiente que saibamos que uma regra bem aprendida é uma regra mais fácil de ser seguida.

Se por acaso não concorda com esse entendimento, converse com uma pessoa qualquer que foi vítima de qualquer tipo de violência, seja acidental ou criminosa. Pergunte do trauma e do tempo que a pessoa levou para superar a crise, se é que a superou.

Aprender pela dor sempre será a pior forma de aprendizado.

Escrito por Rosenvaldo Simões de Souza às 16h51

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