09/04/2008
Tempos perigosos
As pessoas mais velhas estão certas quando dizem que viveram em épocas passadas muito mais seguras e tranqüilas?
Essa não é uma pergunta fácil de responder, porque se por um lado parece óbvio que muitos problemas que enfrentamos hoje são frutos de um estilo de vida, de uma cultura e de uma tecnologia que não existiam a algumas décadas atrás, por outro, uma pessoa otimista pode argumentar que estamos sendo parciais.
De fato, essa mesma tecnologia tem feito milagres em termos de segurança.
Não podemos negar esses avanços, mas podemos restringir os avanços apenas à tecnologia?
Também estaríamos sendo parciais?
Em parte, sim. Houve avanços em termos de educação que melhoraram nossa cultura e estilo de vida. Antes as pessoas tinham menos acesso à educação de melhor qualidade.
Há um vínculo entre educação e segurança?
Parece que sim.
Embora a cultura em si não possa ser considerada uma forma pura de educação formal, a cultura da segurança não parece uma realidade. Pelo contrário. O que vemos é uma cultura da violência.
Então, por um lado hoje temos mais educação formal acessível, mas temos uma forma indireta de aprendizagem cultural que aponta para um rumo contrário.
E há por trás dessa cultura algo que podemos chamar de estilo de vida. Há mais riscos no estilo de vida atual?
Sem sombra de dúvida.
O estilo de vida hoje é muito mais baseado em grandes grupos, em mobilidade, em ousadia, em risco controlado e em aventuras quase que perigosas. Há um amadurecimento precoce da juventude e uma sexualização dos costumes que não é necessariamente uma coisa ruim, mas antecipa riscos para uma faixa etária que ainda não encontra-se preparada para enfrenta-la.
Então, nossos avós estão corretos?
Podemos dizer que em parte, sim. Eles não tinham uma medicina avançada para protege-los, mas também não tinham tantos bandidos nas ruas, tanto contato humano que propicia um atrito nem sempre saudável. Eles não tinham as notícias em primeira mão da internet e da televisão, mas não eram obrigados a ver cenas terríveis entre um intervalo e outro do telejornal.
Pensando bem, cada época traz seus desafios, e essa discussão não vai tornar nosso mundo melhor só porque estamos discutindo o assunto.
Se por um lado não podemos voltar no tempo, por outro, podemos tentar recriar aquilo que foi perdido, mas que era bom. Esse é um esforço sensato.
Não poderemos nunca mais fazer certas coisas, mas poderemos fazer outras.
De qualquer forma, já sobrevivemos ao passado.
O risco é agora.
Podemos ao menos aprender algo com os riscos do passado?
Podemos realmente aprender a viver de maneira segura?
Essa é a verdadeira questão.
Escrito por Rosenvaldo Simões de Souza às 12h56
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