Eu disse em minha postagem anterior que em 1996 eu tentei dar asas a um sonho pessoal, mas as coisas não deram certo. Este pequeno episódio requer alguma atenção, se quisermos dar prosseguimento à minha sexta pergunta, da série que fiz em determinado momento de minha vida.
Também na postagem anterior, eu disse que em 2001 eu vivia um conflito entre o desejo de seguir minha carreira de administrador, mas não podia largar meu emprego, porque precisava comer e beber, e pagar minhas contas. Eu questionava minha inércia, mas tenho que levar em conta que em 1996 eu já tentara uma aventura no mundo dos negócios.
Então, depois de me sentir estimulado pelo sucesso de Bill Gates, mas impedido de exercer minha profissão de administrador em virtude de ser um funcionário público, tentei uma solução conciliatória, algo em que eu pudesse aplicar meus conhecimentos e minha criatividade, e que não infringisse as normas de meu emprego público. Então fiz a seguinte pergunta, a sexta:
Por que não fundir a carreira de administrador e de escritor?
Quanto à carreira de administrador, já disse na postagem anterior que era um desejo muito forte, premente, mas, e quanto à suposta carreira de escritor? Que história é esta?
Em 1996 eu cursava meu último ano de faculdade. No final de 1995, eu deixei um emprego público no qual eu tinha estabilidade e uma carreira segura a seguir e passei a viver do dinheiro que juntei ao longo dos anos. Sem precisar trabalhar, e preso a um curso prestes a terminar, resolvi dedicar o ano de 1996 à aventura de ser um escritor.
Li bastante, inspirei-me e acabei escrevendo um pequeno romance. Depois, resolvi abrir uma pequena editora e publicá-lo. Era parte de meus planos ganhar algum dinheiro com a venda deste livro, e eu vivi um ano muito proveitoso, mas no final, algo deu errado, problemas familiares me forçaram a seguir outro rumo e abandonar meus planos de vender e viver de livros e terminei os últimos dias de faculdade em um novo emprego, como estagiário de uma ONG. Era o adeus a um sonho que eu acalentara, mas que morria sem frutificar.
Foi por meio de um livro de autoajuda que eu elaborei este sonho, e certamente falarei sobre esta experiência em uma postagem futura, mas no fim, nada do que fiz foi capaz de deter o meu fracasso, e dei como encerrada minha malfadada carreira de escritor.
Mas, em 2001, ao fazer a sexta pergunta, o sonho ainda estava lá, no fundo, clamando seu direito à vida.
Mas, pensei melhor e disse a mim mesmo que a resposta a essa sexta pergunta era um retumbante "porque não e ponto final".
Não. Eu não deveria fundir a carreira de administrador à carreira de escritor, porque já era um funcionário público, e em 2001 a vida era outra, e eu não mais podia me dar ao luxo de aventuras e sonhos, porque não tinha mais o dinheiro que permitira aquele extravagante ano de 1996. Escrever toma tempo, vender livros é um afazer que pode se transformar em um pesadelo, e eu tinha dentro de mim muita dor e mágoa pelo sofrimento que passei no fim daquela aventura. Eu estava traumatizado.
Mas quem é que não fica traumatizado diante de um fracasso logo na primeira tentativa? Eu sei, um empreendedor de verdade não deveria desistir na primeira barreira, mas, sabe, na verdade, eu não queria mais saber de ser escritor, nem queria mais saber de administrar empresas, e nem queria mais saber de ser um funcionário público pelo resto da vida. Eu estava deprimido, esta era a verdade, e decidi que não faria nada, não faria nada mais do que o mínimo para ir levando a vida.
Eu tinha 31 anos e estava bem no fundo de um poço.
Desolado, parti então para sétima pergunta.
A sétima.
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