Eu disse aqui sobre o fato de que podemos assumir compromissos pessoais públicos através de postagens em blogs. Eu ao menos tenho pensado em fazer isto, na esperança de que o desconforto que sentirei me forçará a tomar alguma atitude positiva.
O desconforto, já disse, advém da diferença que há entre aquilo que somos e fazemos de fato e aquilo que pensamos ser e fazer em nossas mentes egoístas.
Eu tenho feito promessas neste blog desde a primeira postagem, literalmente.
Eu prometi, em minha primeira postagem, que seria fiel a este blog e faria dele uma bela página pessoal, mas passados tantos anos escrevendo, ainda não tenho uma página pessoal organizada, nem disponibilizei ao mundo minhas ideias tão cuidadosamente anotadas em minhas queridas agendas pessoais.
Por que não cumpri ainda essas simples promessas?
Não as cumpri porque elas não são simples, e depois, eu não vejo que benefício terei com elas.
Ideias em geral não são coisas simples. Quando anotamos coisas no fervor do momento em que ideias aparentemente interessantes vêem à mente, não podemos nos dar ao luxo de encher o papel de detalhes. Anotamos apenas as palavras mais significativas, e o resto está subentendido em nossas mentes. Mas não adianta mostrar palavras rascunhadas apressadamente a uma pessoa que não conhece sobre que tipo de ideias essas palavras se referem, nem sabe de que maneira a ideia está conectada a um contexto maior, e que tipo de problema ela procura solucionar, ou que tipo de utilidade possa ter. Se fosse assim tão fácil, eu colocaria uma cópia perfeita de minha agenda em uma dúzia de postagens e a tarefa estaria terminada. No entanto, se fizesse isso, o palavreado sem sentido seria mais lixo na internet. Ninguém saberia o que significaria cada uma das muitas frases soltas, sem conexão aparente entre si, e eu não teria atingido o meu objetivo de iluminar um pouco mais o mundo com o brilho pálido de meus pensamentos originais.
Ora, socializar ideias é mais que simplesmente publicar rascunhos de agendas.
Então, não cumpri ainda a promessa de disponibilizar as ideias em minhas agendas porque este é um trabalho longo e de fôlego. Mas eu não desisti, nem parei de alimentar este blog com discussões e pensamentos que considero pertinentes e conectados àquilo que originalmente me comprometi.
Qual o meu ganho com isto?
Eu tenho ganhado muito pouco em termos de visitas ao blog, o que não significa que pessoas em geral não o leiam. Talvez poucos tenham tirado algum proveito, mas este não é o maior ganho, nem o único. O que tenho ganhado é uma espécie de clareza em relação àquilo que eu mesmo penso, ainda que constantemente eu tenha reclamado da enorme confusão que são minhas ideias e projetos e a enorme falta de tempo e dificuldade em priorizar seja lá o que for, mas isto não significa que não haja um ganho em se colocar por escrito, e em público, aquilo que tenho pensado.
Eu me cobro, não tenham dúvidas.
Por isso, peço a mim mesmo paciência para comigo mesmo e minhas dificuldades, porque para mim a vida não é nada simples, nem fácil, nem passível de ser simplificada e facilitada. Ela é o que é e tende a se tornar mais complexa e difícil ainda. Daí que todo esforço no sentido de ordem e compreensão é bem vindo. Eu ganho, e quem entender o que penso, ganha também.
De resto, tenho mais promessas esparramadas por inúmeras postagens, e me propus a falar mais sobre certos assuntos que julgo merecedores de mais atenção. Eu o farei.
Aliás, já estou fazendo.
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