sábado, 27 de julho de 2013

Questionando a verdade

Por que devemos questionar a verdade?

Esta é uma pergunta séria, e foi a nona pergunta que fiz dentre uma série de perguntas difíceis em um determinado momento de minha vida, nos idos de 2001.

Por que eu questionava a verdade em 2001?

Eu questionava a verdade em 2001 porque eu até então havia sido um crédulo.

Um crédulo em tudo aquilo que vinha em forma de palavras impressas no papel, nos jornais, nas revistas, nos livros de literatura, nos livros didáticos, nos livros científicos e agora, naquele momento, nos livros de autoajuda.

Eu vivia um paradoxo.

De um lado, havia os ensinamentos dos livros. De outro, os meus sucessivos fracassos em implementar esses ensinamentos.

Um livro de autoajuda me dizia que meu problema não era a falta de ensinamentos, mas minha inércia em aplicá-los em minha vida real. Outro dizia que meu maior obstáculo não estava no mundo exterior, mas dentro de mim mesmo. Outro ainda pedia que eu fosse perseverante, e o estudasse dia após dia, mês após mês, ano após ano. E eu, que sempre fui um aluno estudioso, disciplinado e cumpridor dos meus deveres, sabia que estudo, disciplina, cumprimento do dever, proatividade, perseverança e autoanálise não eram suficientes para trazer grandes avanços na vida, porque de fato eu obtivera muito pouco avanço na vida fazendo tudo aquilo que me era ensinado dizendo o que eu deveria fazer.

Ora, se eu não estava avançando, não seria na verdade o contrário? Que garantia eu tinha de que os livros estavam mesmo dizendo a verdade?

E se os livros de administração, de economia, de sociologia, de psicologia, de autoajuda, as revistas de negócios, estivessem, todas, não mentindo, mas corroídas de ensinamentos apenas pretensamente verdadeiros? E se tudo fosse apenas propaganda se passando por verdades definitivas? Que garantias eu tinha?

Eu não poderia passar o resto de minha vida seguindo lições de livros nos quais eu não confiasse. Eu não poderia ser cobaia de experimentos de tentativa e erro de teorias de pessoas que eu sequer conhecia.

Eu admitia minha parte da culpa em minha vida estagnada na qual vivia em 2001, mas ao mesmo tempo admitia que sempre fora uma pessoa disciplinada, estudiosa e atenta àquilo que deveria ser feito. Se as coisas não estavam dando certo, parte da culpa poderia estar não em mim, o aluno, mas nos livros, os professores.

Essa desconfiança foi se consolidando com o passar dos anos, desde que eu me formara na faculdade, em 1996, e em 2001 eu já via os livros da época da faculdade como praticamente inúteis para minha vida pessoal. E se os livros de autoajuda fossem todos bem intencionados, mas cheios de teorias falhas e sugestões ineficazes?

Eu respondi à nona pergunta dizendo que devemos questionar a verdade porque não podemos nos dar ao luxo de sermos cobaias de teorias, sugestões e conselhos de pessoas que não pagarão o preço de seus erros. 

Eu não queria ser nem cobaia, nem um trouxa.

Não me passou pela cabeça acusar os livros de autoajuda de estarem mentindo intencionalmente, mas não descartei a hipótese de haver mentiras intencionais nos livros em geral, com o intuito os mais dissimulados possíveis, e horrorizou-me a possibilidade de eu, disciplinadamente, estar me passando por um idiota.

Decidi que eu precisava saber mais sobre esta besta indomável: a verdade.

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