sexta-feira, 9 de novembro de 2012

O salário e a esmola

Todo cristão que já leu a Bíblia sabe que Adão e Eva pecaram, e que a punição para seus pecados foi a perda da imortalidade e da fartura. Em outras palavras, o salário do pecado é a morte, e o trabalho.

Eu digo isto porque eu disse aqui que estava muito cansado, e com sono. 

Pois bem, passados todos estes anos, estou eu aqui ainda, cansado e com sono.

Simplesmente não temos como fugir desta realidade da vida. Trabalhar, cansar-se, dormir, acordar, trabalhar novamente, e um dia, morrer.

O mito bíblico pode ser somente isto, um mito, mas ele simboliza bem estas verdades universais inevitáveis: o trabalho e a morte.

Mas o mais interessante desta antiga postagem é que, olhando a foto de Frank Zappa, somos envolvidos por outra verdade universal, colateral, obviamente, mas mais curiosa e interessante. Olhe Zappa bocejando e tente não bocejar.

Eu não consegui.

O contágio dos bocejos pode não ser uma verdade inevitável, mas é um lado bom desta sina de trabalhar e morrer. Bocejar é uma delícia. É como se Deus, piedoso, desse-o a nós como quem dá uma esmola,  um consolo, enquanto cobra implacavelmente o que lhe devemos, que é muito, e que quase não podemos suportar.

Morrer, como eu disse, talvez não seja tão ruim.

Não sei.

Não tenho pressa alguma de provar desta verdade universal.

Contento-me em sofrer o ardor do trabalho.

E os prazeres dos bocejos.

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