domingo, 11 de novembro de 2012

O sono e a morte

Eu disse aqui que uma das minhas citações foi de Cervantes.

Eu concluí esta postagem, relacionada com a anterior, do link acima, com uma frase sobre a semelhança entre o sono e a morte.

Eu disse:

"Se estar morto for como estar dormindo sem estar sonhando, então não deve ser tão ruim assim"

Como eu disse na postagem do primeiro link acima, eu não havia lido a frase da citação no livro de Cervantes no original. Simplesmente copiei um pequeno trecho de uma citação maior em outro livro, sobre sono.

Acontece que este livro sobre sono não citou tudo o que Sancho disse em sua fala.

Ontem, lendo o resto da frase, surpreendi-me. Sancho conclui sua fala dizendo:

"Só uma coisa má tem o sono, 
segundo tenho ouvido dizer: 
é parecer-se com a morte, porque, 
de um adormecido a um morto,
pouca diferença vai."

Ora, concluí eu e concluiu Sancho sobre o mesmo tema: o sono e a morte são muito parecidos, e se para ele isto pareceu algo mau ou assustador, a mim me parece tranquilizador, embora triste.

Costumo pensar no depois da morte como o que eu sentia antes de ter nascido.

Eu não sentia nada.

Eu não existia.

Se morrendo, deixo de existir, então, não deve ser tão ruim.

Não pode ser tão ruim.

Quaisquer que sejam as concepções filosóficas ou religiosas a respeito do antes e do depois de nossa existência individual, para mim não passam disto: concepções, talvez mais próximas de desejo ou ilusão que propriamente de algo baseado em algum fundamento.

Morrer é dormir sem sonhar.

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