Um dia desses, fiz uma busca no Google e acabei caindo em um blog velho com um layout banal e um monte de fotos horríveis de carros velhos e nada muito além isso. Um blog com uma mensagem inicial de promessa de grandes realizações e meia duzia de postagens, abandonado a longos anos.
Mas o maldito blog tinha um contador de visitas!
Perdoe-me o dono do blog. Não há nada de errado em iniciar seu pequeno blog, postar as imagens dos seus carros favoritos e depois deixar o passatempo de lado. Não é sobre os gostos do dono do blog que falo aqui. Nem sobre o direito que tem ele e todo mundo de colocar um contador de visitas para medir em números o sucesso ou não de seu passatempo. A internet é cheia disto.
O que me espantou foi que, apesar de possuir somente meia duzia de fotos de carros comuns, o contador do blog marcava mais de 10.000 visitas.
Isto é muita coisa.
Eu sei do que estou falando.
Eu tenho o maldito hábito de colocar também contadores de visitas em blogs e sites, e de tempos em tempos eu vejo como andam as contagens.
Meus blogs e sites são uns fracassos, concluo.
Este blog, por exemplo, com mais de oito anos no ar, com mais de 300 postagens razoavelmente regulares, não recebeu em seus dois anos no Blogger mais do que 1.500 visitas. E eu ainda faço alguma propaganda dele. Vez por outra eu o atualizo e divulgo o link em comunidades de blogueiros no Orkut.
Está certo. O Orkut é um fracasso. Mas e daí?
Aposto que o dono do blog de carros nunca mais fez nada depois que postou a última foto. Ele nem deve saber que seu blog recebe tanta visita.
Um contador de visitas pode ser adulterado, eu sei. Posso iniciar um deles com um valor grande para dar a impressão de que um blog ou site é muito visitado, mas isto não muda nada. Se ninguém visitá-lo, o contador permanecerá parado. Tanto é assim que costumo dar uma olhada no Google Analytics, que é isento de risco de falsos contadores de visitas.
Por que se importar com o valor de um contador?
Importo-me com o valor dos contadores pelo mesmo motivo que me importo em colocar minhas postagens em público. Quer dizer, eu poderia escrever para mim mesmo e pronto. Mas não. Eu escrevo e publico para o mundo, literalmente, tudo aquilo que resolvo escrever neste blog.
Quando publico algo, quero que as pessoas leiam. Quero socializar-me. Quero confirmar que faço parte do mundo, e que minha vida não é só trabalho remunerado de segunda a sexta-feira. E fico pensando: poxa, as pessoas não se importam com o que outras escrevem. Eles querem é ver carros. Mais carros. Não bastassem os milhões deles que entopem nossas ruas, nos sufocam e nos atormentam dia e noite como um pesadelo, as pessoas ainda querem vê-los nas páginas da internet! Que doença social abominável!
Fico envaidecido quando alguém lê algo que escrevi. Sou humano. Esforço-me para postar coisas relevantes. Não acho que uma foto de carro e um contador de visitas inflado satisfaria meu ego mais que um texto bem feito sobre algo bem pensado.
Eu poria fotos de carros aqui somente para inflar meu ego e satisfazer a vaidade de ter um contador de visitas de seis dígitos?
Não.
Meus contadores de visitas são humildemente reais.
Tristemente reais.
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