Eu disse aqui que tinha iniciado um texto sobre minhas origens.
Escrever um livro somente em formato digital nos permite, felizmente, editá-lo a qualquer momento, mesmo depois que ele já está disponível ao público em algum endereço virtual. Eu posso ter diferentes edições, sem custo algum. Um livro digital, por este aspecto, é muitíssimo mais flexível e barato que um livro em papel.
Se eu comprometo-me a escrever um livro somente em formato digital, e disponho desta flexibilidade, eu posso dar-me ao luxo de nunca terminá-lo.
Mas os livros precisam terminar, dirão muitos.
Sim, os livros em papel, porque eles precisam ser impressos e distribuídos nas livrarias, e vendidos. Mas os livros digitais, como o que me propus a escrever sobre minhas origens, não. Eu não pretendo imprimi-lo e mandá-lo para as livrarias.
E tem mais. Sendo um livro baseado em lembranças, ele nunca estará completo. Eu sempre poderei lembrar-me de coisas interessantes, e isso é quase certo, sempre terei vontade de contar novas histórias neste meu livro, que permite tudo.
Então, como as lembranças nunca se acabam, o livro nunca tem uma versão final, definitiva.
Mas isto não é novidade.
Você conhece os programas de computador? Já ouviu falar em controle de versões?
Windows 1, 2, 3, 3.1, 3.11, 95, 98, NT, Millenium, 2000, XP, Vista, 7, 8 e assim por diante?
Por que os livros não podem ser assim? Tujuguaba 1.0, 1.1, 1.2, 2.0, 3.0, etc.?
Assim, pensando nisto, coloquei um aviso aos leitores na abertura do livro, que reproduzo abaixo:
"Mensagem aos leitores
Este livro existe apenas em formato digital. Isto significa que ele não precisa necessariamente terminar de ser escrito um dia, embora aparente estar completo e pronto para ser lido a qualquer momento.
É que sempre surgem novas lembranças, e não gostaria de deixá-las de fora. E acho, e espero, que essas lembranças nunca terminem.
Então, a versão que se tem em mãos não é necessariamente a definitiva.
Levem em consideração que isso é literatura, mas é também memória.
Amo minhas pequenas lembranças.
Espero que gostem de minhas pequenas histórias."
Agora, a pergunta: por que as lembranças nunca se acabam?
Porque ficam escondidas em algum lugar em nossos cérebros, esperando algum acontecimento especial que as faça retornar à nossa consciência.
Quais são esses acontecimentos especiais?
Não sabemos. De alguma maneira, algo ocorre que é especial somente para nossos neurônios, que se ligam e acabam fazendo surgir alguma lembrança que tem relação, ou não, com aquilo que está ocorrendo naquele exato momento.
É como se, de repente, uma fresta se abrisse entre as nuvens em noites escuras e por algum tempo, pudéssemos ver uma velha estrela ou uma constelação conhecida, mas esquecida. Um mundo que já foi nosso, mas que se perdeu no tempo, escondido pelas nuvens das areias do nosso dia-a-dia.
As lembranças estão lá, escondidas, mas brilhando como estrelas.
Elas nunca se apagam.
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