segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Influências pessoais

Eu escrevi assim no início de meu livro sobre minhas origens:

"Posso, sim, contar algumas histórias antigas, mas para quê?

Primeiramente, para que elas fiquem registradas para a posteridade. Mas não só por isso: contar histórias antigas me ajuda a entender quem sou e, talvez, quem sabe, até vir a entender quem serei, ou o que será daqueles que ainda virão. Não sabemos como as coisas estão relacionadas tão bem como gostaríamos de saber."


Ao dizer isto, eu tentava conectar passado e futuro. Já disse aqui que não sei se há realmente uma relação direta entre futuro e passado, mas ao dizer, como disse acima, que não sabemos bem como as coisas estão inter-relacionadas, quis dizer que o futuro é de uma incerteza desconcertante.


Pode até ser que o nosso futuro pessoal não possa ser claramente definido pelo nosso passado, e que estudar o nosso passado pode ser uma grande perda de tempo, se é somente isto que buscamos nele.

Mas há um sentido mais profundo quando digo que, ao escrever sobre nosso passado, ele pode vir a afetar o futuro.

É que não temos controle sobre a influência que exercemos sobre outras pessoas.

Mesmo que não escrevamos nossas histórias, e assim, não deixemos nada escrito para o futuro, ainda assim, a nossa simples existência pode influenciar outras pessoas.

Quem nunca, andando pelas ruas, sentiu repulsa por uma situação em que, por exemplo, vemos uma pobre criança pedindo esmolas, usada pelos pais nas esquinas deste imenso país?

A criança não tem controle sobre o que sentimos por ela.

Sua simples existência pode mudar uma vida. Uma pessoa que, vendo-a, decida agir, pode disparar um processo no qual agirá a partir dali como uma nova pessoa. A criança, ainda assim, não tem controle sobre quem a olha. Ela não muda as pessoas; as pessoas é que decidem mudar a si próprias por causa dela.

Eu não tenho controle sobre a influência que posso vir a exercer sobre outras pessoas. Mas certamente, influenciarei alguém, em algum lugar, em algum momento, de uma maneira que não faço a menor ideia.

Assim, nossa simples existência condiciona o futuro.

Se me visto mal, posso exercer uma influência boa ou não em quem me vê e me avalia. A minha boa vontade, o meu desejo, o meu empenho em ser uma boa influência em geral é inócuo. Não há garantias de que uma boa intensão obtenha seu intento. É possível que uma boa intensão saia pela culatra.

Não sabemos mesmo como será o mundo daqui a mil anos. Só sabemos que, seja ele do jeito que for, nós somos parte da causa.

A pergunta é: podemos ter algum controle sobre este processo?

É o que veremos mais adiante.

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