segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Escolhendo suas influências

Eu disse que somos fontes de influência para outras pessoas sem querer, sem controle e sem qualquer chance de não influir, desde que existamos. Na verdade, podemos influenciar as pessoas mesmo muito depois de mortos.

Duvida?

Veja Jesus, Maomé, Buda. Veja todas as pessoas que já existiram e deixaram algum legado, bom ou mau. Elas continuam entre nós, por meio de suas ideias, pensamentos, modos de vida, exemplos de comportamento e luta.

Eu não sei de que maneira posso influenciar outras pessoas, mas daí tiro duas conclusões, uma verdadeira, e outra falsa. 

Primeiro: não importa, em geral, como as pessoas se deixam influenciar por nós. Uma pessoa não pode me mudar simplesmente me olhando, me avaliando e decidindo que vai mudar sua vida por isso, ou simplesmente se deixando inconscientemente mudar com base no que viu. Por exemplo: eu sigo minha vida. Já que não tenho controle sobre como influencio as pessoas, como não sei se elas serão pessoas melhores ou piores depois de cruzarem comigo, então, não preciso ter boas intensões. De que adianta ter boas intensões se não tenho controle sobre como irei influenciar outras pessoas?

Segundo: se sei que influencio, sei também que sou influenciável.

Das duas, a verdadeira é a segunda, e a falsa é a primeira.

A primeira conclusão é falsa, afirmo, e provo: John Lennon está morto porque subestimou a maneira como influenciava as pessoas. Ele foi morto porque, de uma maneira que não podemos entender, ele influenciou Mark Chapman de modo a fazer este desejar matá-lo. E o matou.

Não é verdade que somente porque não temos controle sobre como influenciaremos as pessoas é que não devemos nos esforçar para influenciá-las positivamente. Não é razoável pensar que, agindo mal, possamos influenciar positivamente as pessoas. Não é razoável supor que, ensinando mal, as pessoas aprenderão bem. Não temos controle absoluto sobre a maneira como influenciamos as pessoas, mas temos algum controle, e ele deve ser exercido.

A segunda conclusão é correta, porque, ao contrário do que acontece com outras pessoas, nós somos capazes de mensurar o efeito exato que sentimos diante de qualquer tipo de influência.

Não sei como outra pessoa sente quando me vê bem ou mal vestido, mas sei exatamente o que sinto quando vejo uma pessoa bem ou mal vestida.

É razoável supor que, se sinto o que sinto quando tenho contato com determinada fonte de influência, então, se sou uma pessoa normal, outras pessoas normais também deverão sentir mais ou menos aquilo que sinto.

Se sou uma pessoa que busca o melhor para mim, devo ter já o discernimento, ou deveria ter, para ser capaz de avaliar se determinada fonte de influência me é oportuna ou não.

Se prezo a vida, não me é oportuno conviver com pessoas que, ou ambientes onde, não respeitam a vida. Posso me manter fiel a minha crença de que a vida é merecedora de meu respeito, mas como não sou imutável, é razoável supor que, diante de tais influências, tenderei a mudar minha crença, lenta ou abruptamente. 

E não quero mudar.

Não quero ser influenciado por certas pessoas, certos ambientes, certas ideias, certos comportamentos, que sei que podem contribuir para eu mudar para pior. E não quero mudar para pior.

Assim, se tenho a consciência de que sou influenciável, tomo a precaução de escolher minhas influências.

E é este estágio que define um homem como maduro ou não. O nascimento desta consciência é que serve de fronteira entre o inocente e o adulto, entre o homem e o moleque, entre o sensato e o temerário.

Um homem adulto sabe que é vulnerável, e se protege. O imaturo, não.

Assim, sou o que sou em grande parte porque escolhi ser influenciado por este e não por aquele exemplo.

Eu escolho meus amigos, meus livros, meus filmes, minhas viagens e a maneira e lugar onde dispendo meu tempo.

Não me deixo levar por aquilo que não me interessa.

Decido como serei moldado.

Sou, até onde um homem pode ser, senhor do meu destino.

Esta foi-me uma grande revelação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário