sábado, 27 de outubro de 2012

Honestidade intelectual

Eu iniciei este post antigo com uma frase de uma pessoa que não conhecia. Depois, disse:

"Quem é Muriel Rukeyser? Ainda não sei, mas prometo que vou dar um jeito de saber quem é. É uma questão de educação."

Quero dizer que temos aqui duas coisas distintas. Primeiro, citar algo e dizer quem é que foi citado. Segundo, saber quem é esta pessoa.

As pessoas em geral pecam pelos dois males acima. O segundo é o mais sutil, e por isso, mais perigoso.

Eu disse que identificar "quem disse o quê" é uma questão de educação. Na verdade, é mais que isto. É uma questão de honestidade intelectual.

A frase de Muriel Rukeyser não é minha. Não fui eu quem a cunhei. Só a postei exatamente porque a frase me surpreendeu de alguma maneira. Não costumamos postar frases que não significam nada para nós. Se postei é porque a frase me pareceu significativa de alguma forma. Então, é preciso que eu seja honesto e diga que a frase não só não é minha, como pertence a uma pessoa específica. Pertence a fulano, beltrano ou sicrano. O mérito não é meu. Isto é ser honesto.

Mas, há muitas frases interessantes, e muita gente diferente que é dona dessas frases. Quem são essas pessoas? Porque por trás de cada frase bacana, há uma pessoa, que pode ou não ser bacana. Eu mesmo já citei uma frase de um livro de Hitler e esta pessoa não é, definitivamente, bacana. E tem muita gente boa que não produz frase alguma que provoque algum impacto digno de nota. De alguma forma, parece que frases têm vida própria, e brilham e se espalham independentemente de quem as tenha proferido.

Sei o nome da pessoa que proferiu certa frase, mas, quem foi ela?

É certo sair postando, e assim, de certa forma, endossando frases de pessoas que são pessoas que não merecem publicidade alguma?

Se as frases são, depois que brilham, independentes de quem as proferiu, que mal há então em se endossar tais frases?

Uma coisa é certa: há algo mais em uma simples postagem de frases de efeito. De um lado, precisamos ser honestos intelectualmente e não podemos fazer nossas as frases que não o são. De outro, não podemos exigir, nem imaginar, que frases boas venham sempre de pessoas boas. 

Por fim, as pessoas não são medidas apenas pelas frases que dizem, e boas frases não são suficientes para salvar a reputação de pessoas más. 

O que é preciso é que fique claro que pessoas más podem proferir frases boas e que não devemos deixar de gostar de uma frase somente porque ela foi cunhada por uma pessoa da qual não gostamos.

Ou não?

A honestidade intelectual está acima da luta do bem contra o mal? Não estamos nós próprios sendo maus não sendo honestos intelectualmente com nossa audiência em nossos blogs fazendo passar por nossas as frases de outras pessoas? Não estamos sendo desonestos intelectualmente conosco mesmos quando não admitimos, mesmo que em nosso íntimo, que aquele maldito vilão disse uma frase que nos acertou em cheio?

Vou tentar pensar nisto depois. Agora, chega.

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