Eu sempre tenho dito por aqui sobre o passado, o meu passado, o passado do lugar em que vivi, o passado da humanidade.
Eu disse também que talvez somente a História, como ciência organizada e com métodos próprios, seja capaz de permitir que organizemos nossas ideias e nossa massa de informação e registremos tudo para o mundo, se assim desejarmos.
Mas além da História como ciência, há a História como coleção de fatos narrados. São propriamente os fatos históricos que são o objeto de estudo por parte da História como ciência.
Então eu busquei alguma ajuda em ambas as histórias. E elas mais dúvidas geraram que certezas. Vejamos.
Busquei um livro chamado "Que é História?", de um renomado historiador britânico, Edward Hallet Carr. Mas não é fácil. Há muita dúvida sobre o que seja um fato histórico, e os questionamentos são múltiplos.
Busquei também um Atlas da História da Humanidade. Ele começa não com a História, mas com a Pré-História. A humanidade já existia muito antes dos registros escritos nos quais se baseia a História tradicional. Nosso passado está escrito nas pedras, nos fósseis, nas ossadas, no insondável.
Assim, os métodos da ciência da História não me estimularam a ir mais a fundo na questão, porque não sou um historiador, embora o assunto seja fascinante, e os fatos da pré-história (porque nós humanos somos moldados por acúmulos de fatos que remontam a milhares, milhões de anos) também não me permitiram ir além do que já tinha alguma noção, de que somos descendentes de uma série de ancestrais comuns, etc., porque não sou antropólogo.
Nosso passado não é uma mentira. Ele é uma verdade inacabada.
Edward Hallet Carr morreu sem concluir uma segunda edição de seu importante livro. Grande parte da introdução da edição que tenho em mãos se deve a um comentador que se encarrega de zelar do legado intelectual de Carr, que deixou somente para essa segunda edição um amontoado de caixas de recortes e anotações e rascunhos que nos leva a conclusão de que muito ainda poderia ser dito, melhorado e aprimorado sobre o tema da História como ciência, o que não é surpresa alguma, mas que a vida de uma pessoa, por mais que viva, ainda é pequena demais para tocar adiante mesmo projetos relativamente pequenos, como uma segunda edição de um livro.
E hoje, li uma notícia sobre Antropologia, na verdade mais uma das muitas que são anunciadas semanas após semanas, sobre uma nova descoberta, um novo fóssil, uma nova arcada dentária, uma nova subespécie, enfim, mais um elo na corrente de antepassados perdidos no tempo e nas rochas mundo afora. Nossa história como espécie ainda é uma verdade inacabada.
É também a minha vida uma verdade inacabada? Não sei, mas antes tenho que entender melhor esse negócio de "verdade inacabada".
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