terça-feira, 2 de outubro de 2012

Compartilhando coisas com o mundo

Eu sei que já questionei aqui a necessidade ou não que temos de nos socializarmos. Mas este é um assunto longo. Eu conclui o post sobre a socialização com a advertência de que o isolamento social é um canto de sereia o qual precisamos resistir, fazendo uma alusão ao mito de Ulisses, narrado na Odisseia de Homero.

Não, eu ainda não li a Odisseia.

Mas sei do mito. Sei que não resistir ao canto das sereias é rumar para o desastre.

Isolamento social é um desastre a se evitar. 

Mas não é fácil socializar-se no mundo moderno. Uma notícia de hoje relata que 25% dos brasileiros jogam videogames. Ora, quem joga videogames tem tempo para socializar-se? Claro que não.

Socializar-se na era da Internet é muito difícil. Há as famosas redes sociais, que todos participam, mas a socialização mediada pela rede não é a mesma coisa que a socialização direta entre as pessoas. 

Quase tudo que pode ser feito pessoalmente também pode ser feito virtualmente. Então, por quê correr os riscos da socialização direta se podemos nos socializar virtualmente?

Antes da Internet, aquela reunião familiar ou entre amigos e colegas existia, mas a propagação das informações gerada pelo grupo para fora do grupo era muito difícil. Havia grupos, mas os grupos eram relativamente isolados. Hoje, há basicamente um grande grupo global, com pequenos subgrupos que organizamos apenas por comodidade. Se você resolver contar uma piada que ouvia de seu avô quando era menino, agora pode contá-la ao mundo todo. Se a piada for boa, ela vira uma febre e em poucos dias ganha o mundo.

Então, isso é uma virtude da socialização mediada pela rede. As coisas, as informações, boas e ruins, circulam em escala global. Sua piada agora pode se tornar uma celebridade no mundo das piadas enviadas de e-mail em e-mail mundo afora.

Mas você será sempre um desconhecido. Terá fama, isolado dentro de seu quarto. Não terá um amigo rindo de sua piada, apesar dos milhões de kkkkk que serão digitados nas caixas de comentários do Facebook e páginas de e-mail mundo afora.

Esta é uma forma fria de socialização.

Mas, agora, vamos voltar a este blog.

Ele é uma ferramenta de socialização. Apesar de eu desejar muito o isolamento social real, ainda assim acho que socializar-se virtualmente tem sua atração.

Vamos diretamente a uma vantagem óbvia, clara, direta, embora subestimada: cada vez que eu publico um post, ele está disponível diretamente ao mundo. 

Vamos repetir este fato simples: eu escrevo como se fosse em um diário íntimo, mas é um diário íntimo que está disponível para o mundo todo.

Estar disponível ao mundo todo não significa que o mundo todo irá lê-lo. O simples fato de publicar uma postagem não faz desta postagem uma celebridade no mundo das postagens. Alguns lerão. A maioria não terá tempo para isso. A oferta de informação é maior que a capacidade de consumo. As pessoas com seus canudinhos não conseguirão sorver seu post no fluxo do hidrante que os sufoca com mais e mais e mais ofertas de informação apelativa e insistente. 

Seu post passará desapercebido.

Mas, ainda assim, o que for postado, será compartilhado com o resto da humanidade.

É verdade que às vezes os servidores são apagados da rede, como fez o UOL com nossos sites recentemente. Em certo sentido, deletar páginas pessoais como o UOL fez é como destruir uma Biblioteca de Alexandria virtual. Vá bem que muita coisa era bobagem, mas não deveriam ser os planos de negócios do UOL que poderiam ditar as regras de deletar informação sem antes dar o direito de seus usuários migrarem para um servidor pago. 

Quantas histórias belas foram deletadas! Quantas fotos familiares! Quanto tempo digitando aquela história ou aquele trabalho acadêmico redigido com tanto empenho! Com que prazer foram recebidos e-mails e comentários em caixinhas de texto de feedback!

Deletar sites deveria ser considerado um crime contra a ordem pública.

Este blog continuará sendo uma ferramenta de socialização. Tal como uma janela aberta em fronte a uma casa, estará aberto a comentários, e postarei as minhas coisinhas. Antes, em um tempo em que morávamos em casas simples em vilarejos tranquilos, saíamos à janela ao anoitecer, para bater um papo com a vizinhança que passava.

Agora, descontraidamente, blogamos!

2 comentários:

  1. Jogo e ja joguei muito video game tenho centenas de amigos, não generalise né....


    http://snestalgia.blogspot.com.br/

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