Eu continuei questionando aqui sobre a possibilidade de nossas histórias perdurarem até um futuro longínquo, onde as pessoas poderão levar vidas muito diferentes das nossas:
"Faz alguma diferença saber que somos humanos e não gorilas? De certa forma, sim, porque se fôssemos gorilas não seríamos capazes de contar nossas histórias, mas de certa forma essa diferença não é importante particularmente para um ser humano específico, porque não há nenhuma novidade em se registrar que eu particularmente sou um humano e não um gorila. Escrevo para humanos, e entre humanos, há coisas que são óbvias demais para serem ditas. Logo, há fatos que são fatos, mas nada me diferenciam como indivíduo único que sou.
No entanto, escrevo para o presente, e quem sabe, talvez também para o futuro. A despeito de eu ser um entre tantos bilhões de seres humanos que já existiram, existem e provavelmente existirão ao longo do tempo passado, presente e futuro (assim espero!), eu não registro minha história para os que já se foram, para os bilhões de mortos que não mais podem ler. Esse fato, óbvio, guarda, no entanto, um fato relevante: necessariamente devemos registrar as coisas para o presente ou para o futuro.
Ora, o futuro ainda é incerto. A incerteza, no entanto, não implica em impossibilidade. Pelo contrário: nada indica que não haverá humanos nos próximos séculos, e espero mesmo que existam por muitos milhões de anos. E se meus registros perdurarem, espero que seja relevante dizer que eu fui um humano, e não um gorila ou um andróide."
A minha dúvida é se no futuro as pessoas terão interesse por histórias, e, se tiverem, que tipos de histórias lhes interessarão.
Que forma de vida inteligente registrará sua história no futuro?
Haverá um dia em que um animal ou uma forma artificial de inteligência poderá expressar-se como um humano?
As suas histórias terão algum interesse?
Escrever é escrever necessariamente para o futuro.
Nossos leitores ainda não nasceram.
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