Um nerd compulsivo

Curioso eu ter dito aqui que eu era um nerd compulsivo.

Eu nunca vi-me como um nerd. Nem como uma pessoa compulsiva.

O que me estranhou ter dito isto não foi o fato de ser compulsivo, o que admito ser em parte. Há diversos gaus de compulsividade, e admito ser compulsivo com um pouco de organização em grau brando. Bagunça não me agrada, sujeira não me agrada. Falta de ordem não me agrada.

Mas, nerd?

Nerd é coisa de americano.

Sou apenas um rapaz latino-americano, sem amigos importantes, e vindo do interior.

Nós, brasileiros, podemos ser tachados de nerds? Um caipira pode ser nerd?

O que é um nerd?

Eu posso ter até usado o termo, em um sentido pejorativo, como que dizendo a mim mesmo que eu sou um cara bitolado, viciado em arrumação, e que não consegue se desprender desta mania doentia, como uma espécie de menino bobo, autista, espinhento e com um óculos horrível, que parece mais como uma aberração que como uma promessa de realizações brilhantes e duradouras. Usei o termo, porque já o conhecia, vendo-me como um cara que parecia uma versão daqueles adolescentes estereotipados que vemos em filmes de adolescentes em todo lugar. 

Afinal, os nerds existem.

Mas eu nunca me vi como um. Nunca.

A comunidade nerd se vê hoje como um grupo de pessoas especiais, e muitos tentam ser, sem sê-lo de fato. Outros, são de fato, sem perceber que são, e sem serem reconhecidos como sendo, porque há um estereótipo baseado mais nas aparências que na realidade.

Talvez eu tenha sido um jovem nerd, e talvez eu o seja hoje. Não sei e nunca parei para pensar nisto antes.

Li alguma coisa brevemente, e identifiquei-me com este grupo, sem muito pensar.

Mas não gosto de rótulos. Não gosto de fazer parte de grupos. Não gosto de panelinhas e turmas.

Sou um cara solitário.

Se sou um nerd compulsivo, sou então, um solitário nerd compulsivo.

Se sou nerd, então os nerds deveriam entender que nerds são seres solitários. Não se pode ser nerd em grupo.

Sou um nerd, teclando teimosamente na solidão dos blogs?

Não sei, mas definitivamente não gosto de rótulos.