sexta-feira, 2 de novembro de 2012

O meu tempo

Para onde está indo o meu tempo, que não sou capaz de desfrutar do tédio de uma simples tarde domingo sem que o dever me chame para fazer algo que precisa ser feito, e não é feito, apesar de tudo, e que me faz desejar viver toda a eternidade para fazer tudo o que me proponho a fazer?

Meu tempo se esvai em milhares de coisinhas sem sentido.

Eu já estou vivo neste mundo de Deus a quarenta e dois anos, e trago comigo a forte sensação de que não fiz nada que mereça o nome de útil, sério, importante ou digno. Parece que tudo que fiz foi preencher um espaço e ganhar algum dinheiro para pagar as contas no fim do mês. Meu tempo livre foi usado dormindo, tentando compensar as oito horas do dia trabalhado.

Trabalhar cansa, e toma tempo.

Descansar é preciso, e toma tempo.

Sobra as migalhas que o relógio me joga, como um farelo que se dá aos miseráveis, uma esmola.

Não se pode fazer nada digno com esses retalhos, esses cinco minutos, esses dez minutos, quando mal conseguimos respirar.

O que foi feito? O que já fiz?

Nada.

Quase nada.

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