domingo, 4 de novembro de 2012

Heróis, vilões e os anônimos

Eu disse aqui:

"Somos anônimos, eu e os muitos bilhões de outras pessoas que não foram e não são notáveis o suficiente para merecerem algum crédito nos registros dos historiadores.

Este fato não é motivo de demérito nem para mim nem para ninguém. No fundo, nós, os excluídos, e eles, os historiadores, todos sabemos que somos seres humanos muito dignos e vivemos vidas extraordinárias. Apenas os livros de história é que pecam por serem pequenos demais.

Por isso, nós, a despeito de não termos nossos nomes nos livros, ainda assim somos parte da história. Eu também estou nela."

Pois bem. Somos, em grande maioria, anônimos, e ainda por cima, eu sou um rapaz latino-americano.

A frase acima é um complemento deste texto.

Que mal há no anonimato? Que mal há em se viver e não ter o nome incluído no Panteão dos Imortais da Pátria?

O mundo só é feito pelos heróis?

Toda essa história contada por um idiota cheia de som e fúria só comporta heróis e vilões, e aos anônimos papel algum é reservado?

Claro, os livros de história não podem contar a vida de todo mundo. Mas os livros de história não deveriam somente contar as histórias dos heróis e vilões. E os bilhões de humildes viventes que, a despeito de não serem os poderosos, lutaram e deram o poder que fez dos poderosos os heróis?

Há um costume universal de se buscar sempre um endeusamento daquilo que não compreendemos.

Não há heróis.

Os heróis são frutos da ignorância. Só há heróis onde há ignorância.

Já citei Bertold Brecht aqui. Sou forçado a citá-lo novamente:

"Pobre do país que precisa de heróis"

A história não é feita de heróis.

Eu, você, todos, somos parte arquitetos, parte engenheiros da história humana. Tudo que é humano se não foi fruto de nossos planos, o foi de nosso trabalho. Não se faz nada sozinho.

Por isso toda história de vida humana é digna de ser contada, assim como de ser vivida.

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