quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Precondições

Todas as vezes em que penso em fazer algo produtivo, surge uma precondição.

O que é uma precondição? 

É uma exigência prévia da qual não podemos abrir mão, e sem a qual não podemos prosseguir (e se escreve junto mesmo, e não assim, "pré-condição", conforme o Dicionário Aulete).

Então, eu saio em busca de suprir esta precondição. Em geral, leio algo, faço algo ou me preparo para algo, na suposição de que assim, depois de um certo esforço, eu poderia fazer aquilo que originalmente me propus.

Mas a precondição, ela também, exige uma ou mais precondições.

Eu, espertamente, tentei várias vezes seguir adiante mesmo não tendo dominado as precondições, mas então, de repente, vejo-me embrenhado em um ponto a partir do qual não consigo seguir em frente, porque não sei do que se trata. Surge um termo, uma fórmula, uma referência que é um obstáculo intransponível, e do qual não consigo me desvincilhar. É a barreira da precondição. Eles, os autores, não mentem quanto a isto, posso afirmar com toda segurança. Então, não insisto mais: se leio sobre uma precondição, paro e vou atrás dela, se não a domino. E assim, tenho um monte de coisas começadas, mas interrompidas. E isto me exaspera, me imobiliza e me desanima fortemente. E eu não sei como me livrar disto ainda.

Se eu decido aprimorar meu site, escolho antes estudar um pouco de web design, por exemplo, para não perder tempo fazendo algo que não terá valor ou qualidade alguma. 

Então, mal começo a ler sobre web design e alguém, seja o autor de algum site, ou de algum livro, logo dirá, depois de alguns parágrafos introdutórios: para se seguir adiante, supõe-se um conhecimento mínimo, médio ou avançado em alguma outra coisa, tal como html ou artes plásticas.

Pronto. Ponho o site ou o livro de web design de lado e vou atrás de sites ou livros sobre html.

Mas o livro de html impõe também suas precondições: saber alguma coisa ou muito sobre programação, ou coisa do tipo.

Então, vou aos livros de introdução à programação, que pede um conhecimento de lógica como precondição. 

Vou estudar lógica e o livro pede um conhecimento de filosofia ou matemática como precondição.

Vou estudar matemática, um mundo vasto e complexo, e qualquer livro pede algo como precondição para qualquer coisa. 

E de repente, eu me pego lendo livros didáticos do segundo grau, ou mesmo do primeiro grau, procurando as bases de um conhecimento que aprendi formalmente a muito, muito tempo atrás, e que até então parecia enterrado no passado, mas que agora é fundamental.

Coisas que aprendi nos primeiros anos de escola. Coisas do segundo grau, que deveriam ser ensinadas, mas não formam, porque o professor de química gostava mais de ficar fazendo piadinhas na sala de aula do que propriamente ensinando algo. E assim por diante.

Eu poderia tentar algo simples, que não exigisse precondições, mas não é nada fácil. Não quero fazer algo e imaginar que estou me enganando, fingindo que sei algo sem saber de fato. 

Na vida profissional, podemos até enganar um grande número de pessoas a respeito daquilo que sabemos, aparentando saber mais do que sabemos de fato. Mas não posso enganar a mim mesmo, e não consigo satisfazer minha própria curiosidade. 

Assim, ando enredado em livros de história antiga, história moderna, história da ciência e de suas diversas ramificações, livros de introdução disto e daquilo, e neste meio tempo, acabo dispersando esforços lendo ou fazendo coisas que não preciso fazer, porque nem tudo do que leio eu preciso necessariamente aprender. Muita coisa eu já sei, mas tenho de ler para chegar aonde não sei, e assim, vou repetindo meu primeiro grau, meu segundo grau, meus anos de faculdade e mais outros anos ainda de estudos fora das escolas.

Acho que nunca irei parar de estudar e fazer algo concreto no mundo real.

As precondições não permitem.

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